Fora do Simples Nacional, empresas se tornam inadimplentes e sem crédito
O aumento na concessão de crédito foi acompanhado de um significativo aumento de pequenos negócios tomadores de crédito no sistema financeiro nacional

A última pesquisa da Serasa Experian revelou um número surpreendente. O Brasil chegou a 6,4 milhões de empresas inadimplentes em novembro. O número de 31% das 20,2 milhões de empresas ativas no País é o maior desde o início do levantamento em 2016.
Nesse quadro difícil, o setor de serviços lidera o ranking, com 53,4% dos negócios endividados, seguido pelo comércio (37,5%) e indústria (7,7%). A maioria é micro ou pequena empresa: são 5,7 milhões de negócios que estão com pelo menos uma dívida atrasada.
O principal problema enfrentado pelas empresas brasileiras são as altas taxas de juros, que acabam levando a maioria delas ao superendividamento bancário, que se transformou na causa de aproximadamente 80% dos encerramentos de negócios nos primeiros cinco anos.
Na tentativa de sobreviver, as empresas acabam pegando empréstimos e entrando em uma bola de neve na qual a dívida só aumenta, com juros sobre juros. E muitas delas acabam usando as chamadas linhas pré-aprovadas, cujas taxas de juros são as mais altas.
Parte desse problema se deve também à maior facilidade de obtenção de crédito pelas empresas sem uma orientação adequada, o que acaba levando a inadimplência.
O aumento na concessão de crédito foi acompanhado de um significativo aumento de pequenos negócios tomadores de crédito no sistema financeiro nacional.
RISCOS DO AUMENTO DO CRÉDITO
No trimestre encerrado em setembro de 2022, cerca de 7,3 milhões de pequenos negócios tomadores de crédito no sistema financeiro nacional, aproximadamente 1,5 milhão a mais em comparação com a quantidade observada no início da pandemia.

Somente no âmbito do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) foram concedidos cerca de R$ 37 bilhões em empréstimos no ano passado, em quase 461 mil operações.
Esse resultado é superior aos quase R$ 25 bilhões que foram emprestados em 2021 em 333 mil operações de crédito. Já o Programa Emergencial de Acesso a Crédito (FGI PEAC), em 2022 emprestou R$ 13,18 bilhões em 16,5 mil operações.
O levantamento do Sebrae identificou também um crescimento nas operações das Empresas Simples de Crédito (ESC), que concederam R$ 582 milhões por intermédio de 902 empresas, somente até setembro passado. O número de ESC em atuação representa um crescimento de 276 % em comparação com o número de empresas em atividade em 2019.
O Sebrae estima para 2023, somente no âmbito do Fampe e das parcerias da instituição com Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), Banco do Brasil e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), um aumento potencial de R$ 55 bilhões de crédito, o que irá representar cerca de 15,7% do total do crédito concedido para os pequenos negócios no país.