Luis Inácio Lula da Silva, Joe Biden, roberto campos neto

Sem perspectiva de ser tocador de obras, Lula vai levar governo falando da paz mundial

Essa é a realidade do Brasil atual que se movimenta pelo Instagram, TikTok e agora pelo Koo. E que chama o Facebook e Twitter de coisa de velho, só se comunica pelo WhatsApp, ver filmes no YouTuber e procura emprego no LinkedIn.

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JC

Publicado em 13/02/2023 às 7:00 | Atualizado em 13/02/2023 às 7:31
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O presidente Lula decidiu propor a paz mundial. Tipo aquela resposta clássica de miss antes do concurso sobre o que espera para o futuro do mundo. Lula chegou a propor a criação de um grupo para discutir os grandes conflitos belicos, o que já existe desde 24 de outubro de 1945, na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos e atende pela sigla de ONU.

Não é coisa de Pollyana Moça, a personagem central do livro lançado pela norte-americana Eleanor H. Porter, em 1915. Lula se move por interesses imediatos e calculados embora possa parecer que está tentado se colocar como um líder mundial, o que realmente é, embora não com importância que avalia sua autoestima.

E Lula, efetivamente gosta de se colocar como um figura global, cuja primeira eleição, em 2003, lhe abriu as portas despertado pelo fato de ser o primeiro presidente do Brasil de origem operária. A diferença é que a admiração do mundo “o cara”, como a ele se referiu Brack Obama, já não é a mesma e sua biografia internacional que ganhou o porém da Lava Jato.

Se ele pudesse passava uma semana nos Estados Unidos dando entrevistas a quem lhe pedisse sempre naquele formato de uma lareira ao fundo, sentado e com os entrevistadores fazendo perguntas previsíveis. E mais ainda em organismos multilaterais.

Mas o mundo mudou, o Brasil mudou e sua tentativa de reinserção na lista de líderes mais importantes só está sendo facilitada pelo desastre produzido por Jair Bolsonaro que ele utiliza para se apresentar mundialmente especialmente depois do 8 de janeiro.

Isso é importante. Mas a dificuldade de Lula é quando volta para casa sabendo que que, até junho, poderá apenas conversar, conversar e conversar. Prometer estudar o caso, criar grupos de trabalho, instalar conselhos fóruns e arranjar confusão com o mercado financeiro, o presidente do Banco Central e propor mudanças (sem qualquer fundamento teórico), das regras internacionais que regem o mundo do dinheiro.

Infelizmente Lula foi longe demais nas promessas feitas no tom afirmativo o que dá seus eleitores a condição de cobrar. Passou a ideia que em janeiro resolveria tudo. Temas como atualização da tabela do imposte de renda, pagamento de R$ 150, por filho de seis anos, das famílias inscritas no Auxilio Brasil, construção de habitações populares, retomada das obras paradas e ampliação dos investimentos sociais não podem ser retomados, pelo menos, até junho.

Isso se deve ao desastre da administração Bolsonaro que hoje desperta uma enorme curiosidade de estudiosos e futuristas sobre como seria a administração de um segundo governo liderado por ele?

Mas Bolsonaro perdeu e Lula ganhou o direito de corrigir os seus equívocos, inclusive, na agenda global como a ambiental, o pagamento das contribuições nas mensalidades dos órgão multilaterais e agora, na questão dos ianomanis que, de tão assustadora e cruel, travou as ações que a bancada conservadora planejava iniciar no Congresso.

Para completar, o 8 de janeiro carimbou na lapela de todos eles a mancha de golpista embora não tenham estado no meio daquela aventura, ao menos até agora.

O ataque de 8 de janeiro deu a Lula um prestígio global que ele sequer imaginava, o recolocou como voz da Democracia na América, mas o dia-a-dia o condena a usar sua capacidade de conversar e ir levando uma vidinha mais ou menos.

O presidente escolheu Bolsonaro, Roberto Campos Neto, o mercado financeiro e os ricos para atacar. Isso o coloca na berlinda, mas o problema é que a realidade se impõe e, a cada dia, ele precisa de encontrar mais inimigos.

O Brasil que tem responsabilidade social torce para que o Governo Lula dê certo. E o Congresso já avisou que não vai entrar da dele. Arthur Lira e Rodrigo Pacheco também saber política. Mas ele sabe que o desejo de fazer entregas - com muita sorte ficará -, no mínimo, ficará para 2024. Se a equipe for competente e conseguir desarmar as bombas que o governo anterior deixou.

Lula já sabe que mudança da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física custa abrir mão de, aproximadamente, R$ 10 bilhões de arrecadação na fonte. Foi informado que o desastre no CadÚnico é tão grande que o ajuste vai provocar desgaste junto aos 2 milhões de pessoas que precisarão se excluídas e que para voltar a fazer contrato na área de habitação social vai precisar de um reestruturação do Minha Casa Minha Vida que exige até um rubrica no Orçamento Geral da União uma vez que Paulo Guedes zerou o repasse de dinheiro para o programa.

Sobrou o salário mínimo com uma correção para R$ 1.320,00, no 1º de maio. Mais como um gesto simbólico uma vez que ele já está em R$ 1.302,00, portanto, R$ 18 a menos que do o valor que Lula vai usar para fazer uma festa.

O fato novo no terceiro governo Lula é que, se ele trabalha certo mirando os seus interesses protelatórios, não entendeu a dimensão das mudanças na economia que o Brasil teve depois de 2010. E isso é o que vai lhe cobrar o maior custo político.

A própria mudança para uma economia digital apressada pela pandemia, a melhoria da governança (inclusive do governo como agente estatal), a relação dos empresários com o Estado e até o efeito dos atos do governo nas redes sociais são um desafio para um presidente que acredita que na política resolve todos os problemas na economia.

Poderia ser assim entre 2003 e 2010 onde ele conhecia todos os empresários que dominavam a economia. Quando mo que descesse na Fiesp seria absorvido pelo setor industrial e pelos bancos cuja sedes era na mesma Avenida Paulista.

Só que hoje o endereço do poder econômico mudou para a Faria Lima, os empresários que ele conheceu ou já estão nos Conselhos de Administração ou não mais entre nós. E as empresas com as quais ele tomava o pulso da economia ou mudaram de dono, de nome ou encolheram.

Isso explica por que, aos olhos dos jovens CEOs do mercado, Lula parece um senhor analógico que precisa de ajuda para receber sua aposentadoria num caixa eletrônico da mesma agência onde começou a receber o benefício.

Claro que é um enorme preconceito geracional. Mas essa é a realidade do Brasil atual que se movimenta pelo Instagram, TikTok e agora pelo Koo. E que chama o Facebook e Twitter de coisa de velho, só se comunica pelo WhatsApp (até para falar com os pais dentro de casa) e ancora suas carreiras digitais no LinkedIn.

Mas em quantas dessas plataformas o governo Lula tem uma estratégia de presença e atuação?

O presidente sequer percebe isso. Mas ele já sabe que vai ter que ir levando seu governo na conversa, pelo menos até depois do São João, porque a partir de hoje tudo é Carnaval e as coisas só começam a funcionar em março.

E aí uma nova viagem internacional, talvez à França ao lado de Emmanuel Macron e China, ao lado de Xi Jinping seria ideal para ele falar da paz mundial.

 



 

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