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Diretor do Sindicatos dos Bancários de São Paulo vai presidir a Previ, o maior fundo de pensão do Brasil

Previ é uma espécie de mãe de todos os fundos de previdência de servidores públicos e gerencia um patrimônio R$ 237, 58 bilhões equivalente ao PIB do Paraná, 5º maior estado brasileiro

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Fernando Castilho

Publicado em 01/03/2023 às 13:00 | Atualizado em 01/03/2023 às 14:02
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O Banco do Brasil indicou e já foi aprovado pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) o nome do sindicalista João Luiz Fukunaga para a presidência do Previ, o primeiro e maior fundo de pensão de servidores públicos do Brasil, cuja origem vem da em abril de 1904, ou seja, há quase 120 anos.

O Previ é uma espécie de mãe de todos os fundos de previdência de servidores públicos e gerencia um patrimônio R$ 237,58 bilhões equivalente ao PIB do Paraná, 5º maior estado brasileiro, ou três vezes ao do Ceará.

Daí porque a surpresa do mercado financeiro e, segundo informações iniciais, do próprio Banco do Brasil e da Previ, pela decisão do Governo Lula em entregar a um dirigente do Sindicado dos Bancários de São Paulo, desde 2012, e que nunca teve qualquer experiência em gestão de patrimônio. Ainda mais de um gigante como a Previ.

Claro que pela própria estrutura de governança e pela própria definição de sua política de investimentos, o presidente do fundo não pode chegar chegando e mudando muita coisa. Mas é fato que no currículo do novo presidente da Previ não consta nenhuma experiência com o universo das finanças.

Outra coisa. A Previ é extremamente conservadora e em 2021 aplicou 58% de seu dinheiro em títulos de renda fixa (R$ 137,8 bilhões) o que a faz ser cortejada por todos os gestores de fundos brasileiros, inclusive, do próprio Banco do Brasil. Apenas 31,88% dos recursos da instituição estavam aplicados em títulos de Renda Variável (RS 75.736) o que significa que a margem de atuação de um dirigente dentro do colegiado é muito pequena.

O problema é que mesmo quando aplica no mercado imobiliário (5,28%) a Previ é muito grande. Em 2021, eles chegaram a R$ 12, bilhões ou metade de todo o PIB do Piaui, por exemplo. É muito dinheiro.

As críticas à chegada de Fukunaga ao comando da Previ é pelo seu ativismo político junto a ala mais radical do PT, especialmente seu apoio à presidente do PT, Gleisi Hoffmann que apoiou sua indicação dentro do Governo. Como dirigente da Sindicato dos Bancários ele por varias vezes criticou a atuação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Mas ainda há a questão de sua pouca experiência em gestão de instituições. Na verdade, Fukunaga sempre foi um dirigente sindical que foi se acomodando nas sucessivas diretorias da entidade.

Na pratica, se ele voltasse a instituição de origem teria enorme dificuldade em se adaptar aos processos hoje usados no BB. Um fenômeno que atinge a todos os dirigentes sindicais brasileiros que saíram da rotina de suas empresas ha décadas e hoje não têm mais lugar para trabalhar pela radical mudança de processos.

Fukunaga, cujo mandato vai até maio de 2026, é formado em História onde emendou com um mestrado em história social pela PUC de São Paulo onde se graduou. Foi quando passou no concurso de escriturário do BB e a seguir se vinculou ao sindicato da categoria.

Seu currículo está a quilômetros do atual presidente da Previ Daniel Stieler, também é funcionário do BB e formado em contabilidade e que passou por cargos na administração financeira e auditoria, gerência interna e diretoria a ainda foi diretor-presidente do fundo de pensão da Nossa Caixa.

Claro que há um enorme preconceito  do mercado financeiro com a capacidade dele na gestão especialmente pela pressão que os diretores da Previ recebem do marcado exatamente por que tem o mando de investimentos de cifras próximas de R$ 200 bilhões.

Isso não quer dizer que sobre ele não estejam os holofotes das instituições de controle a começar pela própria diretoria da Previ assim como da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).

Mas e sempre bom ter presente que, apenas em Investimentos Estruturados, a Previ tem R$ 1 bilhão assim como aplicou mais de R$ 2 bilhões investimento no exterior. Então, os seus colegas de banco vão ficar de olho quando a Previ definir aplicar seu rico dinheirinho em fundos de investimentos. Ou se for chamada para participar de empreendimentos listados como importantes.

De qualquer forma ele recebeu apoio do seu sindicato. O Sindicato dos Bancários de São Paulo classificou Fukunaga disse que tem uma “extensa trajetória de luta em defesa dos funcionários do Banco do Brasil, dos associados da Previ e dos trabalhadores” e que “a defesa dos direitos dos bancários e seus fundos de pensão são prioritários e a luta tem sido constante nos últimos anos”.

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