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NOVA TENDÊNCIA? Governador de São Paulo quer sede, de novo, no centro antigo como forma de reocupar região

São Paulo tem dezenas de prédios com grande espaços e que podem se objeto de contratos de locação por grandes prazos. Se isso começa a acontecer vira um movimento natural.

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Fernando Castilho

Publicado em 09/04/2023 às 20:00 | Atualizado em 09/04/2023 às 20:39
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Enquanto urbanistas e arquitetos discutem (em boa parte sem muita conexão com a realidade do mercado imobiliário), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se dispõe a uma proposta radical: Transferir a sede do governo paulista do Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, para a região central da capital.

A palavra é esse mesmo: Radical. Porque ele quer ocupar - no centro antigo - não só a sede do governo, mas as diversas secretarias que além do Palácio ocupam 56 prédios. Por baixo, seriam 18 mil servidores (re)ocupando as ruas do centro onde a Prefeitura luta desesperadamente para levar moradores e,a partir daí, o comercio no térreos dos quase 1 mil prédios que estão desocupados.

Talvez no Brasil apenas São Paulo tenha dinheiro no caixa para inverter a ideia de concentração de sede do governo que já fez estados como Minas Gerais e Rio Grande do Norte criarem centros administrativos mudando uma centralidade que nunca se realizou por completo.

Não aconteceu muita coisa em termos de agregação de outras estruturas de governo. Ou mesmo imobiliária na região do Morumbí, embora não se possa dizer que não atraiu nada, porque em São Paulo tudo é grande e um deslocamento como o do Palácio dos Campos Elíseos para o Palácio dos Bandeirantes impactou sim.

Para quem não lembra, o Palácio dos Bandeirantes foi inaugurado em 1965. Num ato de intervenção do então governador Ademar de Barros que "ocupou" a o peedio que começou a ser construída em 1955 para abrigar a Universidade "Fundação Conde Francisco Matarazzo". No dia Em 19 de abril de 1964, ele instalou a sede do governo passou de Campos Elíseos para o Morumbi.

Mas já faz tempo que muita gente defende a volta da sede do Governo para o antigo endereço. Guilherme Afif Domingues, que hoje é secretario de especial de Projetos Estratégicos, passou anos defendendo isso quando foi vice-governador na gestão Geraldo Alckmin, entre 2011 e 2015.

Agora Tarcísio de Freitas topou.

Se isso acontecer é possível que muitos outros governadores comecem a pensar na ideia porque ela, é de fato, uma forma de ocupar o centro das capitais. Os órgãos do governo ocupam prédio locados e não raro são objetos de contratos absurdos quando secretários e deixa levar pela oferta de prédio feitos sob condição de aluguel por longos anos.

Se a sede do Governo de São Paulo vai para o centro, de início, a vida volta para o espaço inicialmente de dia e depois a noite porque milhares de servidores passam a querer morara no centro também. Até porque o centro tem infraestrutura e transporte.

São Paulo tem dezenas de prédios com grandes espaços e que podem se objeto de contratos de locação por grandes prazos. Se isso começa a acontecer vira um movimento natural. Afinal, a sede dos governos das cidades mais turísticas do mundo são no centro antigo.

Segundo Afif Domingues, o estudo que qualificará a viabilidade econômica e financeira da Parceria Público-Privada (PPP) para isso na capital paulista ficará pronto em seis meses. A Fipe vai avaliar a transferência não apenas do Palácio dos Bandeirantes, mas de toda a estrutura da administração paulista, que hoje engloba, na capital, 56 prédios e 18 mil servidores. Em São Paulo, a transferência da sede do governo estadual entrou em um pacote de projetos de desestatização.

Mas lá existe uma questão importante. Porque a antiga sede do Governo, o Palácio dos Campos Elíseos, na Avenida Rio Branco que já foi sede do governo do Estado entre as décadas de 1910 e 1965, quando a administração foi transferida para o Morumbi hoje abriga o Museu das Favelas

Assim, o governo também estuda construir um prédio anexo, ao fundo, para receber a estrutura da administração paulista. Para isso, seria necessário destombar (anular o tombamento) e desapropriar imóveis na região.

Quem está feliz da vida é o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) que tratou disso governador, já no ano passado embora siba que a iniciativa esbarra na resistência de urbanistas e em desafios fiscais que ela disse estar disposto a resolver.

Para Nunes que no começo deste ano, a Praça Princesa Isabel cupada pelo fluxo de usuários de drogas da Cracolândia. Assustando pala proximidade do Hospital Pérola Byington, nas redondezas.

Para Tarcísio Freitas, o projeto ajudaria a revitalizar a região. O problema é que o Plano Diretor estimula o uso residencial do centro e a criação de empregos na periferia.

Foto: JC Imagem
Foto: JC Imagem - Foto: JC Imagem

PERNAMBUCO TAMBÉM?

A proposta de reocupar o centro do moradias populares condena a região a não ter melhoria imobiliária. Se o governo vai para essa região até esses programas podem ganhar mais força.

A ideia de reocupar o centro com a volta dos órgãos do Governo do Estado, no Recife seria uma solução para ajudar o prefeito João Campos. Até porque o Palácio do Campo das Princesas está no centro.

Hoje, por exemplo, o governo de Pernambuco paga um pacote de aluguéis para ocupar várias secretarias que poderiam voltar para o centro.

Sim existe a questão do estacionamento do servidores. Mas se o governo ocupa o centro o mercado oferece estacionamento. Para quem não lembra quando a secretaria da Fazenda foi para a Dantas Barreto um investidor construiu um prédio mirando os carros dos auditores. Deu tão certo que a própria Sefaz comprou o estacionamento.

Se tiver demanda por estacionamento o mercado de ajusta.

Ruim é não ter nada no centro como tem hoje.

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