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Crise faz indústria de cimento voltar a consumo durante a pandemia. Mercado de reformas para com endividamento

Em março, houve uma redução de 2,1% comparado com o mesmo mês do ano passado

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Fernando Castilho

Publicado em 11/04/2023 às 12:00 | Atualizado em 11/04/2023 às 12:30
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Com vendas de 5,4 milhões de toneladas no mês de março, uma redução de 2,1% comparado com o mesmo mês do ano passado, o Brasil atingiu uma média em 12 meses de 62.515 toneladas, que é a menor expectativa desde a pandemia da Covid-19, em 2020, bem abaixo do teto de vendas em 64.78 milhões de toneladas no período junho 2020 / junho 2021.

Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC), o período prolongado de chuvas intensas em diversas regiões do país e a manutenção das altas taxas de juros, da inflação e do endividamento das famílias, agravados pela desaceleração do mercado de trabalho, continua refletindo no setor brasileiro do cimento.

Em termos nominais, foram vendidas 14,7 milhões de toneladas de cimento no trimestre, sendo que 5,4 milhões ocorreram somente em março, uma redução de 2,1% comparado com o mesmo mês do ano passado.

Na comparação por dia útil (melhor indicador que considera o número de dias trabalhados e que tem forte influência no consumo de cimento), as vendas do produto registraram em março 215,9 mil toneladas, uma queda de 2,3% em comparação a fevereiro, e de -5,9% em relação a igual período de 2022. Assim, o resultado trimestral apresentou uma redução de 2,3% ante os três primeiros meses de 2022.

Segundo o SNIC, diante desse cenário, as vendas do produto registraram queda de 1,2% nos primeiros três meses do ano, em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC).

Para a entidade, os principais indutores do consumo de cimento continuam desacelerando em virtude do aperto monetário, incerteza fiscal e política, da menor renda da população e endividamento das famílias, que ainda segue próximo a 50% no limite da série histórica.

O fenômeno não é só com cimento. As vendas de materiais de construção seguem em queda, assim como o número de lançamentos de unidades residenciais. O nível da Selic estimula a demanda por produtos financeiros. Além disso, a menor demanda de imóveis fizeram com que as incorporadoras reduzissem os lançamentos para o segmento de médio e alto padrão.

A expectativa do mercado está na reformulação dos programas habitacionais, como o Minha Casa, Minha Vida, que pode impulsionar os empreendimentos de baixa renda para os próximos anos e abre novas oportunidades para a retomada dos investimentos habitacionais e de infra-estrutura, beneficiando assim, toda cadeia produtiva da construção civil.

O Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC) estima que uma unidade de 45 m², por exemplo, no programa, utiliza aproximadamente quatro toneladas de cimento. Se utilizar blocos de concreto, o consumo é de seis toneladas.

APOSTA NO MCMV

Arquivo/Tânia Rêgo/Agência Brasil
Rio de Janeiro - O prefeito Eduardo Paes inaugura sala de visitação do Museu do Amanhã, em construção no Pier Mauá, na zona portuária do Rio. Na foto o canteiro de obras do Museu do Amanhã. - Arquivo/Tânia Rêgo/Agência Brasil

Projetando a expectativa do governo até 2026, a indústria cimenteira no Brasil projeta um aumento de 8 milhões de toneladas de cimento - se todas as construções forem de blocos de alvenaria - e de 12 milhões de toneladas, no caso da utilização de paredes de concreto.

A visão sobre o setor da construção se manteve em patamar de moderado pessimismo, com uma tendência de desaceleração nos próximos meses devido à percepção negativa no ambiente de negócios e uma menor intenção de contratação de mão de obra.

Contudo, os empresários ainda percebem dificuldades, enfrentando os problemas no escoamento dos estoques, fruto do nível baixo de atividade no momento. Apesar da sinalização positiva, é necessária cautela considerando o cenário ainda de alta incerteza econômica.

Os sistemas construtivos que utilizam blocos de concreto, produzidos em fábricas e com selo de qualidade, ou paredes de concreto moldadas no local da obra, têm ganhado destaque devido a melhor qualidade, eficiência e competitividade. Em função da padronização e velocidade da construção utilizando essas tecnologias, as construtoras podem abraçar projetos com prazos mais apertados.

Há ainda uma efetiva apreensão do mercado com as recentes alterações dos decretos ligados à Lei Geral do Saneamento Básico. Ademais, o setor segue otimista ainda com a possibilidade de contribuir para a universalização das metas de atendimento de 99% da população com água potável e 90% com coleta e tratamento de esgotos até 2033.

Estima-se que a indústria forneça cerca de 5 milhões de toneladas de cimento, demanda essa que vem se acelerando mais recentemente com o início das obras após o período de projetos.

Foto: Prefeitura do Rio
Segundo os dados, os custos administrativos e com mão de obra ficaram estáveis em março ante o mês anterior - Foto: Prefeitura do Rio

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