No país que na primeira década do século XXI sonhou ser o quinto maior mercado de carros do mundo, a perda de capacidade do consumidor combinada com o embarque de tecnologia fez o freguês fugir das concessionárias, enxotados pela taxa de juros que puxou a prestação para um nível tão alto que matou o sonho do carro zero quilômetro.
Nesta terça-feira (11), a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) revelou que estavam nos pátios das fábricas e das concessionárias, em março, 204 mil veículos, o equivalente a um mês de produção. Em bom português, significa dizer que a indústria vai ter que parar de produzir em abril, porque parou de vender em março.
O fato é que o preço do carro novo no Brasil está tão descolado do cliente médio que o IPVA virou imposto de luxo, capaz (como é o caso de Pernambuco) de ser 10% do que o estado vai arrecadar com o ICMS no ano. O IPVA, como se sabe, é cobrado sobre o valor de mercado, o que no caso do carro novo, faz o freguês pagar o imposto pelo tamanho na Nota Fiscal Eletrônica.
O Brasil também entendeu de comprar carros de luxo que já representam 13,8% do mercado, especialmente SUV, que virou o modelo padrão da classe média.
A questão é que a indústria começou o ano apostando que o freguês iria voltar. Afundou o pé no acelerador, produzindo 536 mil veículos - entre janeiro e março. Como só conseguiu vender 472 mil, o estoque subiu, abrindo o aperreio geral no setor, que mais uma vez foi ao governo pedir água.
Detalhe: as vendas seriam piores se não fossem as vendas para locadoras que, em março, representaram 28% do total, já que elas têm uma demanda reprimida dos tempos da pandemia, combinado com a falta de veículos, devido à falta de chips em 2021. Mas locadora não sustenta montadora. E logo essas vendas vão voltar ao normal.
O problema é que o cliente está no limite. Ou já passou dele. E quando isso acontece, o consumidor vai realizar seu sonho com um usado caprichado. Segundo a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), no mesmo trimestre que as montadoras venderam apenas 472 mil veículos, as vendas de veículos usados no país somaram 3,3 milhões de unidades.
Isso é o maior exemplo de como a realidade financeira distanciou o cliente do produto. Tradicionalmente, o mercado de usados vende três carros para cada um novo. Se, em 2023, vendeu sete, é porque o negócio do novo está inviabilizado para o cliente brasileiro.
É um fato histórico. Todas as vezes que a indústria automobilística para de vender, o contribuinte é chamado a ajudar. Embora milhões deles sequer tenham entrado num carro novo. Isso já está acontecendo com a indústria “vazando” ideia de o Governo Lula pensar num “Meu Carro Minha Vida.”
A primeira ideia seria uma espécie de volta do carro popular "verde", com preço estimado entre R$ 45 mil e R$ 50 mil E acredite: com o consumidor usando de parte do seu Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para compra de carros novos.
O setor - que tem acesso direto ao Governo - acredita que, se houver acordo e o governo oferecer incentivos tributários, seria possível oferecer um veículo popular com valor pelo menos R$ 10 mil abaixo do praticado atualmente. Tanto que o tema já tem sido discutido entre fabricantes de veículos em Brasília.
O FGTS está se tornando uma espécie de pia de água benta, onde tudo que é setor em crise mete o dedo para se benzer. No governo Bolsonaro, o FGTS virou o único meio de subsídio à casa própria, já que a União saiu do setor. Não parece ser diferente no Governo Lula. No fundo, a indústria sempre dá um jeito de pagar menos impostos e chamar o contribuinte para apresentar a conta.
Debandada
Depois que as empresas de água e saneamento Copasa (PR), Sabesp (SP) e Corsan (MG) simplesmente pediram desfiliação da Aesbe, a Companhia de Saneamento de Alagoas também saiu da entidade que apoiou os decretos do presidente Lula mudando (para pior) o Marco do Saneamento. A Casal afirma, em nota, que precisa “trilhar rumos distintos” e reclamou especificamente de um dos pontos dos decretos que tratam das normas de regionalização. A Compesa até agora não se pronunciou se fica.
Cooperativistas
Nesta sexta-feira (14), tem o Seminário Cooperativista da Região do Sertão do São Francisco, evento promovido pelo Sescoop/PE em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina, na sede da Fundação Nilo Coelho, às 18h30.
Médicas
A partir do próximo ano, a maioria das especialidades médicas será de mulheres. Dados da Demografia Médica no Brasil 2023 revelam que hoje, 562.229 médicos estão inscritos nos 27 CRMs (Conselhos Regionais de Medicina). Até 2035, o País terá mais de um milhão de médicos em atividade. O estudo mostra que até 2035, 85% dos médicos e médicas do país terão entre 22 e 45 anos de idade. Desses, 70% das mulheres terão até 40 anos, enquanto 60% dos homens terão essa faixa de idade. A partir dos anos 1980, as mulheres ampliam sua participação e passam de 23,5% para 46,6%, em 2020.
Avibrás em crise
As centrais sindicais estão furiosas com as negociações da Avibras, indústria bélica brasileira mundialmente pelos produtos e sistemas que desenvolve nas áreas aeronáutica, espacial, eletrônica, veicular e de defesa com as empresas da Alemanha (Rheinmetall) e Emirados Árabes (Edge Group). Querem a intervenção do Governo Federal no sentido de proibir sua venda e proteção da tecnologia embarcada. Em crise, a Avibras tem 1.400 trabalhadores, com salários atrasados.
Cesar em Aveiro
O CESAR, Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife inaugurou sua unidade em Portugal nesta terça-feira na cidade de Aveiro, localizada entre as cidades de Lisboa e Porto. O CESAR está presente em diversas cidades do Brasil – além de sua matriz em Recife, está em Curitiba (PR), Manaus (AM), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) – e no exterior, na Flórida (EUA). Deric Guilhen será o representante do Centro em Portugal.
Mineração legal
Liderada pelo ex-ministro da Defesa, Raul Jugmann, o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) está propondo ao Governo Lula a criação de um Grupo de Trabalho para discutir mecanismos de financiamento para projetos em estágio inicial, especialmente minerais estratégicos pelo BNDES com apoio do IBRAM, realização de um seminário no BNDES sobre oportunidades na mineração legal no Brasil e a organização do seminário de minerais críticos e presença na Conferência da Amazônia.
Coca-cola e Fini
A The Fini Company (TFC), empresa global que reúne as marcas Dr. Good e Fini, líder nas categorias de balas de gelatina e regaliz no país, vai distribuir Coca-Cola. A partir de abril, as fabricantes da Coca-Cola entram para o time de distribuidores da Fini. O acordo, sem exclusividade e de âmbito nacional, estabelece que todas as empresas do sistema Coca-Cola FEMSA Brasil poderão usar a rede da TFC.
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