Sem conseguir vacinar idoso, Ministério da Saúde libera uso geral para desencalhar 100 milhões de doses
Até esta segunda-feira, a oferta de vacina bivalente estava limitada aos idosos de 60 anos ou mais de idade. A partir de agora todas as pessoas com mais de 18 anos podem se vacinar.
A decisão de liberar a vacina para ao menos 97 milhões de pessoas com mais de 18 anos tem mais a ver com o problema do insucesso constatado até agora para a população acima de 60 anos do que por necessidade de atender imediatamente os demais públicos.
Na verdade, depois de quase dois meses, apenas 17,6% do público esperado, estimado em 55 milhões de pessoas foi aos postos se vacinar. Até a última quinta-feira (20) apenas 9,7 milhões de doses.
Segundo dados disponíveis na plataforma LocalizaSUS, o Brasil, mais de 10 milhões de pessoas já estão com a proteção reforçada contra a Covid-19, por meio da vacina bivalente. Até esta quinta (20), das doses aplicadas, 8,1 milhões foram destinadas a idosos com 60 anos ou mais. Apesar disso, este ano, ao menos 4,7 mil pessoas morreram de covid-19 no Brasil.
LEIA MAIS
VACINA GRIPE 2023: Pernambuco inicia campanha de vacinação
COVID-19: O que a OMS passou a RECOMENDAR sobre as VACINAS da COVID-19
A baixíssima presença dessa população idosa aos postos de vacinação tem várias explicações. Mas a mais importante está relacionada a informação equivocada de que a quinta dose faz mal à saúde podendo, inclusive, agravar a saúde geral dos idosos. Também influenciam a confiança excessiva de que, como os casos de covid 19 saíram do noticiário, a vacina se tornou desnecessária porque toda a população está protegida.
Isso não é verdade. Mas o fato é que a população, especialmente a mais vulnerável simplesmente perdeu o medo da covid-19 e milhões agora acha desnecessário comparecer a um posto de saúde para se vacinar. Especialmente com a vacina bivalente da Pfizer é uma nova geração de imunizantes que protege não só contra a cepa original, mas também contra as subvariantes da ômicron.
Entretanto, existe um complicado adicional e de grande perigo. A propagação de notícias falsas sobre os males da vacina bivalente. São notícias falsas que informam sobre efeitos colaterais graves da nova vacinam que podem deixar idosos por dias acamados, outra dando conta de ela não mais necessária porque a população não precisa de tantas doses e até que tudo isso faz parte de um grande esquema de corrupção do Governo Lula para ajudar as indústrias de vacinas que estariam encalhadas nos países desenvolvidos e que por isso estão sendo vendidas ao Brasil para não serem descartadas depois do prazo de validade.
Além dessas noticias equivocadas existe influência da campanha contra a vacina feita no Governo Bolsonaro e que na população formada por seus apoiadores ainda tem grande receptividade. Esse público, em especial, às vezes sequer ouve noticiário de radio e TV e passou a se informar apenas pelas redes sociais bolsonaristas.
Ate esta segunda-feira, a oferta de vacina bivalente estava limitada aos idosos de 60 anos ou mais de idade; Funcionários ou pessoas que vivem em instituições de longa permanência; Indígenas, ribeirinhos e quilombolas; Gestantes e puérperas; Trabalhadores da saúde; Pessoas com deficiência permanente; Presos, adolescentes em medidas socioeducativas e funcionários do sistema prisional não facilitavam a aplicação da bivalente nos demais públicos que não se sentiam encorajados a levar seus pais e avos aos postos de saúde.
Entretanto, desde o começo do governo Lula que o ministério da Saúde diz ver com preocupação o temor da população em tomar a dose do imunizante porque ate agora a imunização contra a covid-19 com vacina bivalente. E esse temor se constatou depois que a procura ficou bem abaixo da primeira fase da campanha de vacinação, iniciada em janeiro de 2021, quando se atingiu 90% do público-alvo em várias faixas etárias.
Atualmente, 19,1 milhões de brasileiros não completaram o esquema vacinal contra a Covid-19, tendo recebido apenas a primeira dose, e não estão completamente protegidos contra a infecção. Ainda que 68,4 milhões de pessoas deixaram de receber a primeira dose de reforço, enquanto 30,2 milhões aptos a receber a 2ª dose de reforço ainda não retornaram aos postos de saúde. A maior parte dos imunizantes contra a infecção pelo coronavírus, incluindo as vacinas da Pfizer, AstraZeneca e Coronavac, conta com esquema primário de duas doses
Segundo a Organização Mundial da Saúde, desde que a pandemia de covid-19 foi declarada, em 2020, 13 bilhões de doses de vacinas contra a doença foram aplicadas e mais de 60% da população mundial está imunizada com duas doses ou dose única, segundo a OMS.
Só em doses de reforço, o número passa de 2 bilhões de injeções, e países como o Brasil já administram a quinta dose em populações vulneráveis. Com diferentes realidades para seus 1,391 bilhão de habitantes em 55 nações e territórios, a África tem países como Marrocos, que vacinou 63% da população, e a Eritreia, que ainda não chegou a 1%.