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Palmirinha morreu: a "vovó da TV brasileira" foi inspiração para as milhões pessoas com sua percepção de como fazer negócios

Palmirinha é certamente o melhor exemplo de como fazer e obter sucesso não por ser empreendendor, mas por empreender a partir de um visão de como é possível aproveitar oportunidades que surgem na nossa frente.

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Fernando Castilho

Publicado em 07/05/2023 às 17:30 | Atualizado em 08/05/2023 às 8:26
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Palmira Nery da Silva Onofre, a Vovó Palmirinha, que morreu neste domingo (7), aos 91 anos é um desses casos em que a TV pode ser um veículo de inspiração para as milhões pessoas a partir de belos exemplos de vida e de percepção de como fazer negócios aproveitando oportunidades.

Palmirinha ao lado do Pequenas Empresas Grande Negócios PEGN, da TV Globo é certamente o melhor exemplo de como fazer e obter sucesso não por ser empreendendor, mas por empreender a partir de um visão de como é possível aproveitar oportunidades que surgem na nossa frente.

Palmira Onofre só entrou para a TV em 1994, aos 63 anos, como convidada do programa Sílvia Poppovic na TV Bandeirantes, cujo tema era "criei meus filhos sozinha" e depois de ter criado uma famílias a partir do que aprendeu a fazer na cozinha. Ela chegou, portanto, madura sobre o seu ofício. Embora tenha comandado programa solo, na TV Gazeta em 2010.

Mas ela não inovou, ou fez sucesso, porque como fazia questão de dizer era uma cozinheira e não uma chef de cozinha, mas porque ensinava as pessoas a fazer comida de qualidade para ganhar dinheiro. Fora dela, apenas o PEGN criado em 1988, patrocinado pelo Banco do Brasil e que fez de Esther Jablonski sua cara até 2015, tem esse foco. Ela foi importante porque foi pioneira em ensinar a empreender.

Hoje, a produção de comida se transformou num nicho de TV tão grande que todas as redes têm programas dedicados ao food. Mas é preciso voltar no tempo no Brasil para entender como isso virou uma febre que hoje nos levou além de Ana Maria Braga nomes como Rita Lobo, Bela Gil, Paola Carosella, Rodrigo Hilbert e Felipe Bronze para entender a importância da senhora Palmira Onofre.

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Pedro Bial conversa com Palmirinha e Bela Gil. - Divulgação

Quando ela chegou na TV demonstrando uma intimidade com a câmara como tinha com as suas panelas o foco de seu trabalho era mostrar como as telespectadoras poderiam ganhar dinheiro fazendo comida. Do ponto de vista econômico, ela é uma precursora naquilo que em qualquer empresa é fundamento no jogo: formação de preço.

Claro que a experiência de mais de 50 anos fazendo isso para criar sua família ajudou e se tornar um diferencial. Palmirinha podia mostrar que fazer um bolo poderia render um boa margem de lucro se a cozinheira fizesse contas bem simples. Até porque seu foco não era ter as mesmas margens de um pequeno restaurante.

Isso é que a torna importante como personagem social. Ela ensinava - com sua experiência - que uma pessoa poderia sustentar sua família e ter sucesso no negócio de fazer comida porque ela tinha conseguido isso.

Claro que o talento e a experiência com o forno e as suas panelas eram determinantes. Quem acompanhou sua produção nos programas desde que ela foi convidada por Silvia Popovic, na TV Bandeirantes, sabia que não tinha isso que fazer a receita e ver se ela dava certo para mostrar o resultado positivo com a edição. Palmirinha era conhecida por não errar num prato que seria mostrado. Ela talvez fosse uma das únicas que poderia se dar ao luxo de fazer ao vivo.

Mas assim, como o PRGN da TV Globo, que está no ar desde 1988 e é um clássico de como a capacidade do empreendedor ter sucesso se for capaz de identificar o nicho em que pretende atuar, Palmira Onofre é um exemplo que acabou sendo a inspiração para centenas ou milhares de jovens se atreverem a pilotar um fogão a partir de referências culinárias de suas famílias e seguir carreira depois de cursar uma faculdade e lavar milhões de pratos nas cozinhas de restaurantes de chefs famosos.

Por isso quando a gente olha a quantidade de programas de TV e de chefs que viraram estrelas porque viram na arte de cozinhar um negócio de sucesso, não pode esquecer as lições básicas de Palimirinha para suas carreiras. Até porque os que confundiram a beleza pictórica das receitas com a necessidade de definir um preço aceitável quebraram como empresários.

Reprodução/TV Globo
Palmirinha e Ana Maria Braga eram próximas - Reprodução/TV Globo

No fundo o que essas pessoas aprenderam com Palmirinha, mesmo estando na universidade e nas renomadas escolas de gastronomia é que o sucesso de um restaurante ou simples marmitaria está capacidade do empreendedor saber o quanto vai gastar para saber por quanto vai vender seu prato. E isso Palmirina ensinou desde o primeiro dia em que apresentou um programa na TV Bandeitantes.

Claro que o carisma daquela senhora cuja história de vida já seria suficiente para um importante capítulo de como a mulher brasileira, vítima do companheiro pode se empodeirar quando decide trabalhar, ajudou no encantamento de suas plateias. Mas é importante não esquecer que ela não foi pioneira na linha de programas food. Ela foi uma pioneira como um ator social no empreendedorismo feminino numa época em que palavras como empodeiramento seque existiam daí sua importância.

Não é exagero dizer que Palmira Nery da Silva Onofre está para o empreendedorismo feminino assim como o PEGN está para a formalização de pequenas empresas no Brasil. Certamente ela como seu jeito simples de fazer “comida boa” como insiste em ensinar o Erick Jacquin que a homenageou no MasterChef Brasil, em 2019, e o PEGN são os dois mais importantes marcos desse negócio de empreender, gerar emprego renda e histórias inspiradoras na televisão.

Por isso é que ela está sendo homenageado por 10 entre 10 chefs e apresnetadores de programas de TV sobre comida. Porque no fundo em cada um de nós e de nossas famílias existe uma Palmira Nery da Silva Onofre. Uma Vovó Palmirinha pura, tão pura, que quando a gente lembra dela sente aquela cheirinho de bolo quente saindo do forno.

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Palmira Nery da Silva Onofre, a Vovó Palmirinha com Erick Jacquin que a homenageou no MasterChef Brasil. - Divulgação

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