Luis Inácio Lula da Silva, arthur lira, Câmara Federal

Após cinco meses, "Ai meu Deus" vira slogan do novo governo Lula devido a desarticulação no Congresso

O presidente e seus lideres vem acumulando sucessivas derrotas no Congresso, A maior delas a da aprovação do Marco Temporal dos Povos Indigenas.

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JC

Publicado em 31/05/2023 às 7:10 | Atualizado em 31/05/2023 às 8:41
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Esqueça o “União e Reconstrução”. O verdadeiro slogan do terceiro governo Lula parece ser o “Ai meu Deus” devido às surpresas que o Executivo tem tido no Congresso fruto de uma espetacular desarticulação do governo especialmente na Câmara onde acumula sucessivas derrotas.

Em cinco meses (quatro do Congresso), o governo foi repetidamente surpreendido com votações contrárias aos seus interesses onde ficou claro que, enquanto o presidente Lula viaja pelo mundo numa tentativa de se afirmar como uma liderança regional, em Brasília o presidente da Câmara, Arthur Lira define a pauta de votações de Medidas Provisórias contrárias às propostas do Executivo impondo sucessivas derrotas ao governo.

É verdade que em janeiro, quando o novo Congresso ainda não tinha tomado posse, aq1áááaááá o governo precisou administrar uma tentativa de golpe uma semana após a posse do presidente Lula o que lhe permitiu contar com a solidariedade internacional o que lhe deu visibilidade planetária.

De Joe Biden, dos Estados Unidos à dezenas de líderes de todos os continentes, Lula recebeu apoio enquanto iniciou sua série de viagens com o discurso de quáááe o Brasil voltou.

Em janeiro, o Congresso eleito em 2018 aprovou a MP que lhe deu os recursos necessários para cumprir suas promessas de campanha na área social. Mas a partir de fevereiro Lula vem sendo surpreendido por derrotas na nova legislatura que demonstram claramente a desarticulação nas duas casas legislativas.

Enquanto Lula viaja, a Câmara Federal aprova leis contrárias aos desejos do novo governo como a rejeição dos decretos que mudavam a lei do Marco do Saneamento aprovada em 2020 por ampla margem de votos. Surpreendido o governo revelou o primeiro “Ai meu Deus” com a previsível derrota.

No Japão Lula foi informado pela imprensa que o Ibama vetara a exploração de um poço exploratório no Amapá pedido pela Petrobras iniciando um embate escondia uma ação mais grave presente na MP que trata da reorganização do Governo onde o ministério do Meio Ambiente ao qual o Ibama é subordinado simplesmente é esvaziado.

Na reunião do G7 (semanas depois o presidente reconhece as dificuldades de mudar a proposta da MP da reestruturaçãod do Gov erno) Lula contententou-se em salvar parte da sua proposta inicial por não ter votos para aprová-la na integra. Ficou claro outro “Ai meu Deus” com a impossibilidade de reverter o quadro.

O interesse de Lula por viagens internacionais passa a ser um problema no Congresso pois, em cinco meses,  o Governo não liberou as emendas que fizeram parte na negociação para aprovar a MP que deu os recursos para as promessa de campanha.

Nas últimas semanas ficou claro a surpresa dos líderes do Governo com a colocação na pauta das MPs do novo governo invariavelmente com redação contrarias aos interesse do novo Executivo. Onde ficou claro que mesmo sem ter votos necessários para aprovar uma lei que exige maioria simples, o governo não tem articulação.

Na noite dessa terça-feira o governo de Lula da Silva sofreu a nova derrota na Câmara, quando foi rejeitado o requerimento para retirada de pauta do projeto de lei 490/2007, o chamado PL do Marco Temporal. Por 257 votos a 123, o plenário negou o pedido de retirada e a seguir a aprovou texto base.

O PL do Marco Temporal é integralmente contrário a uma das ações mais emblemáticas de Lula quando criou ministério dos Povos Indígenas que perdeu uma de suas mais firmes atribuições.

 


Arthur Lira vota a Marco Temporal dos Povo Indígenas - Pablo Valadares

 

A derrota Marco do Saneamento foi por 295 votos a 136. Teve o apoio quase total de MDB, União Brasil e PSD, partidos que receberam juntos um total de nove ministérios de Lula mostrou que os líderes do Governo não tinham força para muita coisa que pudesse fazer.

Mas derrota no Marco Temporal depois de o governo ter orientado a base a votar a favor da retirada mostra as dificuldades de Lula no Congresso. Talvez como mais um recado de Arthur Lira a Lula. Afinal enquanto a votação acontecia o presidente estava recebendo os chefes de governo da América do Sul onde também sofreu uma derrota na proposta de recriar a Unasul que foi ignorada pelos seus colegas.

Lula ainda passou pelo constrangimento de ver presidentes de esquerda e de direita criticarem suas declarações de apoio efusivo ao presidente da Venezuela Nicolás Maduro negando a existência da ditadura liderada pelo dirigente venezuelano.

As derrotas do governo na Câmara dos Deputados, sempre tomado pela surpresa evidencia uma divisão no Palácio do Planalto entre os ministros da Casa Civil, Rui Costa (PT), e da SRI (Secretaria de Relações Institucionais), Alexandre Padilha (PT) que não conseguem cuidar dos interesses do governo e acabam desmoralizando os líderes na Câmara, no Senado e Congresso que cuidam agora de uma estratégia de redução de danos embora sem muito sucesso.

O problema é que não há sinais de tranquilidade. O próximo desafio motivo de mais um “Ai meu Deus” é a MP que recria o programa Minha Casa, Minha Vida cujo relator do projeto deputado Fernando José de Souza Marangoni (União-SP) simplesmente deseja retirar da Caixa Econômica Federal a gestão do programa criado por lula em 2009 e redenominhado agora por Lula com prometido na Campanha.

 

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