Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Coluna JC Negócios

Discurso de energia verde de solar e eólica esquece necessidade e geração firme na hora de maior consumo

Entre 2018 e 2013 o Brasil recebeu R$ 363,2 bilhões em investimentos destinados a projetos de geração de energia solar e eólica.

Fernando Castilho
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Publicado em 25/06/2023 às 0:05 | Atualizado em 25/06/2023 às 9:01
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Energia solar é uma das grandes força do setor hoje no País - FOTO: Divulgação

Nos últimos anos, o Brasil vem experimentando um colossal volume de investimento de projetos de energia eólica e a seguir energia solar que agora combinam as duas novas modalidades de energia renovável.

Os números de junho apontam que, apenas em geração eólica, o Brasil já investiu R$ 211,5 bilhões desde 2010, para a implantação de 869 parques de produção de 24 milhões de GW responsáveis por 12,5% da matriz energética brasileira.

No caso das fotovoltaicas, os números são ainda mais expressivos. Ela tem 30,6 GW instalados dos quais 7,4 GW são de parques centralizados e outros 21,1 GW de geração distribuída em 1,95 milhão de sistemas conectados à rede distribuidoras das concessionárias. Entre 2017 e 2023, a matriz teve R$ investimentos de R$ 151,7 bilhões.

No Nordeste a Sudene, através do FDNE, financiou R$ 8,65 bilhões entre 2019 e 2023 dos quais R$ 2,95 bilhões em projetos de energia apresentados a partir de 2021. O Banco do Nordeste financiou outros R$ 19,89 bilhões (entre 2018 e 2013) apenas para eólicas e mais R$ 12,33 bilhões para parques solares num total de R$ 32,22 bilhões para o setor no período. É uma performance extraordinária. Mas, por terem a característica de intermitentes, elas precisam que existam sistemas de energia firme que vêm de hidráulica, térmica e nuclear.

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Usina Termelétrica a gás natural em Sergipe - DIVULGAÇÃO

ENERGIA FIRME

Eles são responsáveis por “segurar” a carga que começa às 17h e vai até as 22h, no chamado horário de pico. Isso quer dizer que à medida que o sistema passa a contar com maior geração de térmica e solar é necessário ter maior capacidade instalada para aguentar essa demanda que acontece quando elas deixam de gerar.

Dito de outra forma: para a cada três gigawatts de solar e eólica em condições de serem despachados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é necessário ter um gigawatt de energia firme pronto para ser usado automaticamente.

Faz parte do jogo. Energia fotovoltaica só pode ser gerada enquanto existe Sol. Energia eólica só pode ser gerada com ventos e eles tem períodos que cessam. Pouca gente entusiasta com o discurso verde sabe que em vários períodos do ano as usinas param, mesmo estando instaladas nas melhores jazidas de vento do Nordeste , a maior região produtora do Brasil.

No vocabulário do setor existem duas expressões que são fundamentos no fornecimento de energia. Um grupo produz energia. O outro assegura potência. As eólicas e solares produzem energia. Hidroelétrica, térmicas nucleares, potência. Ou seja: elas entregam o suprimento necessário a qualquer hora. Especialmente, entre as 17 e 22 horas quando todo mundo liga seus aparelhos.

Felizmente no setor elétrico nada acontece antes de ser planejado por 10 anos. E no plano decenal escrito pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a necessidade de investimentos em novas térmicas está previsto até 2030, inclusive. Inclusive a realização dos chamados "Leilões de Capacidade" onde se pretende contratar 25 GW que para “segurar a barra” quando as eólica e fotovoltaicas não estiverem disponíveis.

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Grupo inglês investiu R$ 2,5 milhões na usina de 15 mil m2 localizada no sertão pernambucano - Foto: divulgação

FONTE COMPLEMENTAR

Para o ex-presidente da EPE e ex-Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério das Minas e Energia, Reive Barros é importante ter presente que o Brasil tem o diferencial de todas as suas fontes de geração de energia elétrica complementares. O que significa dizer que nenhuma delas deve ser demonizada em nome de um discurso ambiental.

A advertência de Barros serve para que muita gente não acredite que o fato de ter colocado um conjunto de placas solares no teto, ou estar comprando energia gerada por usinas eólicas, zerou sua pegada de carbono (Co²). E isso está no discurso equivocado de muitas diretorias de marketing de grandes corporações esquecendo que, em várias horas do dia, o funcionamento da companhia vira de usinas térmica, por exemplo.

Ex-diretor da Chesf e atualmente consultor de planejamento estratégico de energia, Reive Barros tem apresentado uma tese que chama “Convergência Energética” que avança no conceito de transição energética que propaga a redução das emissões de carbono tão cara aos ambientalistas.

Para ele, a “Convergência Energética” permite que projetos de solar e eólica que necessitam de energia gerada, inclusive por térmica possam usar créditos de carbono para, efetivamente, zerar suas emissões de CO². O consultor acredita num mercado forte de créditos de carbono que possa ser usado para compensar as usinas que emitem CO² até porque elas terão quer acionadas como produtoras de energia de potência regularmente. E lembra que a geração de Créditos de Carbono podem vir de florestas plantadas e aterros sanitários que são elementos de mitigação das emissões.

Esse é um debate que está só começando. Mas de qualquer modo vai chegar na questão do despacho das energias renováveis. A boa notícia é que, nos próximos Leilões de Capacidade, virão clausulas prevendo que tanto no chamado Mercado Regulado de energia como o Mercado Livre de comercialização ambos vão pagar para ter a proteção da energia firme atualmente cobrados das distribuidoras de energia que repassam o custo para os consumidores que não podem comprar energia no mercado livre. O mesmo que cada vez mais compram energia solar e térmica como parte do discurso verde.

Foto: Divulgação/ SDEC

No Recife, Reive Barros falou sobre situação política e instalação de térmicas no Nordeste - Foto: Divulgação/ SDEC
 

Malha aérea

A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que reúne as aéreas Abaete, GOL, Latam, Rima e Voepass estima que malha aérea do terceiro trimestre de 2023 (meses de julho, agosto e setembro) com ofertas 124,8 mil decolagens em todos os estados brasileiros. O Nordeste na alta temporada terá mais de 20,6 mil vôos. A Bahia 7.813 partidas, Ceará (3.628), Pernambuco (3.290), Rio Grande do Norte (1.200), Alagoas (1.263), Maranhão (1.078), Paraíba (935), Sergipe (746) e Piauí (691).

Brasil China

A Fundação Dom Cabral (FDC) está se juntando com a Universidade chinesa Zhejiang International Business School visando promover a cooperação de alunos e corpo docente na área de pesquisa, geração de conhecimento e outras áreas de interesse das instituições. A FDC que tem sede em Nova Lima (MG) e deseja trazer estudantes chineses ao Brasil e levar brasileiro a Zhejiang que é a provincia de origem da maioria da comunidade chinesa residente em Portugal, depois dos brasileiros.

Fast food

Um estudo da Consumer Insights 2023 produzido pela Kantar e analisando o canal de fast food revela que as vendas do primeiro trimestre de 2021 feitas por 9,9 milhões de pessoas subiram este ano para 13,7 milhões. Desse total, 54% das aquisições foram realizadas no balcão, 28% via delivery e 11% em retiradas drive-thru. O perfil dos por consumidores jovens na faixa etária até 29 anos de idade pedindo hambúrguer e pizza.

Celular da empresa

Um relatório (“Infodemia e os impactos na vida digital”) da Kaspersky, em parceria com a Corpa revela que 40% dos funcionários brasileiros estão usando o celular pessoal como um um dispositivo corporativo. ou seja, a maioria usa o celular pessoal para tarefas laborais. O Chile lidera com 53%, seguido de Peru (52%), Argentina (49%), México (48%), Colômbia (48%) e finalmente o Brasil cuja legislação trabalhista é mais rigorosa. As ações mais simples são de uso de uma solução VPN (Virtual Private Network) corporativa para ter uma segunda autenticação nos acessos remotos durante o home office para evitar a exploração de vulnerabilidades.

Despoluição

No próximo dia 30, o Lab Noronha pelo Planeta, sediado no Arquipelago de Fernando de Noronha realiza o 1º Encontro Internacional de Movimentos de Proteção e Despoluição dos Oceanos; Será no Forte Nossa Senhora dos Remédios (Forte Noronha) com a participação de lideranças nacionais e internacionais do Meio Ambientes, ativistas, especialistas e empreendedores com a diretora de Oceanos do Ministério do Meio Ambiente, Ana Prates secretária estadual de Meio Ambiente, Ana Luiza Ferreira, e representantes do Ministério do Meio Ambiente e ICMBio.

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