CARRO POPULAR - Desconto vai acabar este mês, mas modelos mais baratos não estão entre os mais vendidos

Um levantamento da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a federação das concessionárias, com base nos primeiros 20 dias de validade da Medida Provisória 1.175 publicada revela que os carros como maior possibilidade de descontos como o Fiat Mobi e Renault Kwid, não aparecem na lista dos carros de passeio e comerciais leves líderes em vendas neste mês.

Isso não quer dizer que eles não estão tendo procura.Um estudo realizado pelo Instituto AAV, com base nas Notas Fiscais emitidas em transações de compra e venda de veículos realizadas entre os dias 5 e 13 de junho, por exemplo revela que a redução desejada nos preços dos veículos da indústria automotiva chega a ser até maior que o legalmente possível.

Aliás, as transações monitoradas na amostragem revelaram um desconto médio de R$ 2.316, 00 para o Peugeot 208, por exemplo, e R$ 8.350,00 para o Renault Kwid. A pesquisa apresenta os descontos médios praticados nas negociações ocorridas durante a primeira semana após a entrada em vigor das medidas anunciadas pelo governo. Mas isso não fez deles os campões de vendas.

Na verdade, o Fiat Strada 1.3 Freedom que tem desconto de apenas R$ 5 mil é o carro mais vendido durante o mês de junho com 5.335 unidades, parte das vendas já com o desconto. A seguir, vem o T-Cross/Sense da Volkswagen com 4.452 unidades e desconto de R$ 4 mil e em terceiro Volkswagen Polo TSI também com desconto de R$ 4 mil que vendeu 4.366 unidades em apenas 20 dias.

Desde 6 de junho, nove montadoras já solicitaram R$ 420 milhões de créditos tributários. Isso significa 84% dos R$ 500 milhões disponibilizados pelo governo por meio da Medida Provisória 1.175 publicada há duas semanas.

A procura de carros com maior valor de mercado e até fora da tabela de descontos como o caso do Honda HR-VE (3,252) Hyundaui Creta (3.216) Fiat Toro (2.882) e Toyota Hilux (2.015) surpreende porque esperava-se que os modelos Fiat Mobi 1.0 Like Flex E Kwid 1.0 Zen que podem sem comprados com descontos de ate R$ 8 mil estivessem entre os mais vendidos.

Mas isso não aconteceu o que mostra que a proposta do governo de estimular a venda de carros mais baratos não aconteceu e que dos 10 modelos mais vendidos apenas sete tem algum desconto que no máximo chegam a R$ 5 mil

Se as fabricantes seguirem pedindo créditos nesse ritmo, é provável que até o início da próxima semana os R$ 500 milhões se esgotem antes mesmo da abertura das vendas de automóveis e comerciais leves para locadoras, prorrogada em 15 dias.

E decisão de dar mais 15 dias provocou protestos da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA) que em nota diz que recebeu, com surpresa, a prorrogação do prazo da venda de automóveis exclusivamente para pessoas físicas, por meio da MP do Setor Automotivo, por mais 15 dias.

As empresas de aluguel de carros compraram, ao longo do ano passado, o total de 590.520 automóveis e veículos comerciais leves, que representaram um crescimento de 33,6% em relação às compras feitas pelo setor em 2021. O investimento em frota chegou a R$ 55,2 bilhões.

Segundo a ABLA, a prorrogação impede exatamente o principal cliente das montadoras, responsável pela compra de 30% dos automóveis e comerciais leves vendidos no País – e que assim contribui diretamente para a estabilidade da indústria automotiva, de participar do programa que também foi criado para que as montadoras pudessem vender estoques parados.

Caso a medida ainda venha a contemplar todos os compradores, PJ e PF, em um cenário em que o incentivo se torne isonômico e não discriminatório, aí sim a medida alcançará o objetivo de também ampliar a produção, o que é fundamental para a efetividade da MP e o fomento aos empregos na indústria automotiva.