Bancos e administradoras de cartão colocaram 22 milhões de pessoas no Serasa que devem R$ 107 bilhões
Bancos e administradoras de cartão também tentam receber de seus clientes dívidas com prazos entre 30 a 180 dias com um algum acordo.
Pouca gente sabe, mas o Brasil onde apenas seis bancos (Itaú, Bradesco, Santander, Safra e Banco do Brasil e Caixa Econômica) têm 85% dos ativos bancários do país e apenas 59 empresas autorizadas a usar a modalidade de cartão de crédito, entre elas os grandes bancos.
O problema dessa situação é que ela trava o varejo.
Como o Brasil tem hoje 72 milhões de pessoas com o CPF negativados e os bancos são donos de 31% dos débitos é fácil perceber que, ao menos, 22 milhões de pessoas estão no Serasa por conta do banco e administradoras de cartões. Na prática, isso quer dizer que qualquer operação de crédito fica mais difícil.
Mas esse é um negócio que só chegou a esse número porque nos últimos anos empresas de varejo também entenderam de criar suas próprias financeiras transformando o cartão de crédito da loja criado como instrumento de fidelidade numa ferramenta de crédito.
Então criou-se uma situação curiosa. O cliente entrava numa loja e quem lhe recebia era uma promotora do carão oferecendo dinheiro emprestado. Além delas as demais financeiras também tenderam de oferecer crédito a segurados do INSS e quem passasse na rua aprovando o cadastro em minutos.
A consequência disso foi um pendura de R$ 107 bilhões inscritos no Serasa apenas pelos bancos e administradoras de cartões que são dos donos de 31,94% dos R$ 347,5 bilhões inscritos como dívidas dadas como perdidas e que é o objeto das empresas e cobrança oferecendo descontos de até 90%.
Detalhe: Neste número não estão os débitos que ainda estão nos balanços dos bancos e administradoras de cartão com prazos que vão de 30 a 180 dias que elas tentam receber com um algum acordo.
Desta forma, o cartão de crédito virou uma espécie de vírus de contaminação do consumidor. E só agora o governo “acordou para Jesus” decidiu criar um programa de ações para ajudar o freguês estropiado pela administradora de cartão de crédito que com a desculpa de não ter garantias cobra taxas de juros que em abril chegaram 447,7% ao ano, na média.
A expressão “acordou para Jesus” cabe com ilustração porque a sensação que o consumidor tem hoje no Brasil é que a questão da concessão de crédito através de cartão foi percebida no mês passado quando a Serasa revelou o comportamento dos bancos e administradoras de cartão de crédito que são responsáveis por 31,61% da inclusão de nomes de devedores oferecem metade (15,19%) das oportunidades de o devedor fazer um acordo com desconto.
Como se sabe, o governo Lula anunciou, em janeiro, o Programa Nacional de Renegociação de Dívidas das Famílias com a marca de desenrola. Mas ele nunca foi lançado e na semana passada, o ministro Fernando Haddad fez um acordo com a Câmara Federal para mandar a MP como projeto de Lei.
Mas quem conhece o Congresso sabe que isso é uma forma educada de dizer esquece. Daí porque o próprio ministério da fazendo começar a falar num conjunto de ações possa ajudar o devedor a deixar de pagar até 450% de juros cobrados na fatura não quitada.
Despois de tanto tempo sem resolver a questão mais uma vez o governo dá a impressão de tratar de um assunto pratico por gente com grande conhecimento teórico e que nunca viveu a experiência de ter o nome no Serasa.
Parece claro que o governo Lula ainda não entendeu é que o problema do devedor do Serasa não é a taxa de juros ou o prazo, mas a falta de dinheiro para pagar a prestação.
Ou seja, o devedor não faz o acordo porque não deseje, mas porque não tem renda para pagar o parcelamento. E como não tem esse dinheiro, toda aquela conversa de desconto não faz sentido.
É verdade que os bancos já travaram a aprovação de mais crédito e até provisionam o prejuízo. Mas enquanto as financeiras continuam oferecendo crédito na porta das lojas, nas ruas ou aos aposentados do INSS pelo telefone o apelo de Lula e o Desenrola já eram.