Os números finais ainda não estão definidos, mas o anúncio da continuidade à implantação do Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima - RNEST, cujas obras foram interrompidas em 2015, de acordo com as premissas do Plano Estratégico 2023-2027, podem gerar investimentos de até R$ 10 bilhões em Suape.
Segundo o PE 23/27, a expansão e adequação do parque de refino, com produtos de alta qualidade e baixo carbono, está estimada em U$ 9,2 bilhões (aproximadamente R$ 45 bilhões ao cambio desta quinta-feira (29).
Pelo plano da Petrobras, a maior parte dos investimentos (47%) está destinada à construção de novas unidades na Refinaria de Paulínia (REPLAN) no Polo GasLub Itaboraí (GASLUB) e para a RENEST. Isso significa que a refinaria de Suape deve receber a maior parte dos investimentos desse bloco, estimados em R$ 21 bilhões.
Até porque, no caso da RNEST, se trata de além das adaptações no 1º Trem, da construção integral do 2º Trem e da unidade SNOX, além de adaptações na refinaria para a produção de Coque no primeiro trem.
De qualquer forma, no seu comunicado, a Petrobras informou apenas que as contratações associadas à continuidade das obras do Trem 2 da RNEST passarão por todas as análises necessárias, em observância às práticas de governança e os procedimentos internos aplicáveis, e serão divulgadas oportunamente ao mercado. E lembrou que o projeto já estava previsto no Plano Estratégico 2023-2027, dentro do CAPEX (U$ 9,2 bilhões) previsto.
No Plano Estratégico aprovado depois da posse da nova diretoria houve uma importante mudança na forma de apresentação dos investimentos em refino, que agora estão encaixados na proposta de transição da Petrobras.
No caso da expansão e adequação do parque de refino, o discurso de aumento de produção de diesel S-10 para +318 milhões de barris ao dia (mbpd) agora está junto ao aumento da produção de não carburantes e biodiesel renovável de mais 27 mbpd e do investimento de US$ 813 milhões em 148 projetos, 100 deles destinados a eficiência energética maior disponibilidade operacional, menor intensidade energética e menor emissão de carbono.
O início das operações do Trem 2 da RNEST é previsto para 2027, e com essa implantação, a Petrobras contribuirá para expandir a capacidade de refino nacional, viabilizando o aumento da produção de derivados, principalmente diesel S10, em atendimento às demandas do mercado.
Em abril, a RNEST assinou contrato para ampliação e modernização de unidades já em operação. Após a conclusão das obras, esperada para o quarto trimestre de 2024, a refinaria terá um aumento na capacidade total de processamento do Trem 1, dos atuais 115 mil barris de petróleo por dia (bpd) para 130 mil bpd. O incremento da oferta de diesel para o mercado brasileiro se dará a partir de 2025.
A Petrobras informou na nota que os direcionadores estratégicos que norteiam as decisões da companhia: atenção às pessoas, adequação e aprimoramento do parque atual de refino, foco em ativos rentáveis e descarbonização de E&P, desenvolvimento sustentável do país, transição energética justa e atuação internacional por meio de parcerias tecnológicas e operacionais. O Trem 2 da RNEST adicionará cerca de 13 milhões de litros de diesel S10 por dia à capacidade de produção nacional.
Para o diretor de Processos Industriais e Produtos da Petrobras, William França, “a expansão da capacidade da RNEST é fundamental para aumentar a produção e a disponibilidade de derivados, em especial, óleo diesel S10.
Por sua vez, o diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Carlos Travassos, diz que “a retomada das obras na RNEST revela o compromisso da companhia em modernizar suas operações, levando em consideração a viabilidade econômica e atendimento às necessidades do mercado e da sociedade”.
A decisão de investir mais de R$ 45 bilhões na área de refino se deu após a mudança da visão da empresa sobre essa área e do estresse que a produção de derivados se tornou. Para se ter uma ideia dessa pressão, basta dizer que as unidades de refino da Petrobras atingiram, em maio, a marca de 95% no percentual de processamento.
O desempenho de maio foi registrado mesmo com paradas programadas de manutenção na RPBC (Cubatão, SP), Refap (Canoas, RS), Reduc (Duque de Caxias, RJ) e Replan (Paulínia, SP). O fator de utilização total do refino considera o volume de carga de petróleo efetivamente processado, e o obtido em maio é o melhor resultado mensal desde julho de 2015. Em alguns dias, na segunda quinzena do mês, o nível chegou a superar os 99%.
A retomada das obras de conclusão do Trem 1 da RNEST significa uma grande mobilização de recursos e mais ainda com a conclusão do Trem 2, embora parte da infra-estrutura já tenha sido feita até a desmobilização das obras em 2014. Na prática, o Trem 2 vai significar a contratação de profissionais de nível técnico mais alto, embora seja necessários uma grande mobilização.
O Trem 1 foi feito por um consórcio de empresas (Conest-UHDT) formado pelas construtoras Odebrecht Plantas Industriais e Participações S.A. e Construtora OAS Ltda.
O custo do empreendimento foi, inicialmente, estimado de R$ 3,19 bilhões. Mas depois de uma série de aditivos, chegou a US$ 20 bilhões depois das investigações da Operação Lava-Jato.
Em agosto de 2021 a Petrobras tentou, mas meses depois encerrou o processo de venda da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), uma vez que os interessados declinaram formalmente de apresentar proposta vinculante para a compra da refinaria o que levou a Companhia encerrar o processo de venda.
Depois da posse da nova diretoria da Petrobras, no Governo Lula, a Petrobrás definiu o que chamou de Estratégia do segmento de Refino & Gás Natural, que prove agregar uma produção em cinco refinarias localizadas no eixo RJ–SP Capacidade, além das atuais 10 refinarias Capacidade com capacidade de processar até 1,9 milhões de barris de óleo equivalente por dia (MMboed) contra os atuais 1,2 MMbpd.
A empresa tomou como meta ter 100 de capacidade de processamento do petróleo do pré-sal. Nessa estratégia, a REPAR, que já produz diesel com 5% de conteúdo renovável por meio de coprocessamento, o chamado Diesel R, tem potencial para alcançar até 10% dobrando a capacidade atual de 32 Mbpd de Diesel Renovável R5
O Diesel R5 possui desempenho igual ao diesel fóssil, e demonstrou a confiabilidade do produto durante todo o período de teste A emissão da parcela renovável em relação ao diesel fóssil é até 60% menor.