Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Na briga de torcidas organizadas, quem paga a conta da violência é o contribuinte que já não vai mais a jogos

Nesta domingo, o narrador Alexandre Costa, da Radio Jornal, relatou uma tentativa de invasão na cabine de imprensa

Fernando Castilho
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Publicado em 17/07/2023 às 11:46 | Atualizado em 17/07/2023 às 20:11
Reprodução TV Jornal
Torcida invade o Arruda, ontem, no jogo contra o Potiguar e Polícia tenta conter - FOTO: Reprodução TV Jornal

Aconteceu de novo. Ao fim do jogo deste domingo, um portão da arquibancada foi arrombado, mas a torcida não conseguiu invadir o estádio, após ação da Polícia Militar. Objetos foram jogados no gramado. Em campo, os atletas do Santa Cruz e do Potiguar correram para os vestiários. Muita correria foi registrada nas ruas do entorno do Arruda, principalmente na Avenida Beberibe, onde foi formado um cordão humano pelos policiais.

Após o jogo, o narrador Alexandre Costa, da Rádio Jornal, relatou uma tentativa de invasão na cabine de imprensa da emissora quando  fazia a transmissão da partida. Pouca gente percebe, mas todas as vezes que um clube de futebol de Pernambuco entra em campo, o cidadão eleitor contribuinte está pagando pelos serviços de “proteção” da Polícia Militar que é obrigada a deslocar efetivo para garantir a segurança dentro e fora dos estádios.

Mesmo sendo um espetáculo privado, o Governo do Estado se compromete com a Federação Pernambucana de Futebol em pagar os custos de segurança.

A Polícia Militar tem até um protocolo de pessoal que dependendo da importância dos jogos pode descolar ate 1.600 policiais como foi o caso de uma final em 2011, o que representa 10% de toda a força disponível para a Região Metropolitana.

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Policia Militar junto a torcidas organziadas. - DIVULGAÇÃO

Para garantir a tranquilidade dos torcedores, foram lançados 1.855 profissionais de segurança pública dentre bombeiros, policiais militares, científicos e civis. Num clássico entre Santa Cruz e Sport, a Polícia Militar de Pernambuco já chegou a lançar o total de 1.608 policiais militares.

Num jogo comum, segundo a Diretriz da Operação Jogo Limpo, um jogo na Ilha, Estádio Adelmar da Costa Carvalho (Sport), exige, pelo menos, 120 policiais com o lançamento sendo feito 3 horas antes do início e até 01 hora após o término da realização do jogo.

Nos Aflitos, no Estádio Eládio de Barros Carvalho (Náutico), ao menos 85 mais 20 motorizados. Já nas proximidades do Arruda, no Estádio José do Rego Maciel (Santa Cruz), são necessários 125 sendo que 25 motorizados. O numero pode ser menor dependendo da importância do jogo e de qual estádio.

O policiamento lançado dá atenção especial às paradas de ônibus e às áreas de estacionamento, devendo todo o POG a pé lançado, usar colete refletivo. Nas ocorrências que tenham como motivação os jogos de futebol e que aconteçam num raio de até cinco Km do local de sua realização (Estádios do Arruda, Ilha do Retido e Aflitos) deverão ser encaminhadas à delegacia do respectivo estádio, devidamente registradas em relatório, para posterior encaminhamento ao Juizado do Torcedor. Esse efetivo, normalmente é recrutado no 11º BPM, 12º BPM, 13º BPM, 17º BPM e 18º BPM.

Quando a PMPE faz a convocação dessa tropa esse mesmo efetivo ao cumprir 12 horas tem uma folga de 36 horas. Ou seja, existe a possibilidade de que em havendo jogos sexta-feira, sábado e domingo perto de aproximadamente 500 policiais serem descolados e, conseqüentemente, terem direito a folga dos dias seguintes. Dito de outra forma: a cidade perde a força de 500 policias porque eles forma deslocados para jogos.

A Polícia Militar nunca divulgou o custo disso em termos pessoal. E também não se sabe o impacto dessa ausência no policiamento da Região Metropolitana já que eles fazem parte do contingente desses batalhões.

A segurança interna do estádio é feita por PMs do BPChoque e da CIP Cães. Na área externa e nas principais vias de acesso ao local do jogo, a segurança do torcedor contará com a presença de ao menos 70 policiais.

O problema desse comportamento da PMPE é que na pratica ela acaba prestando serviço à Federação Pernambucana de Futebol que não paga nada para à Policia Militar. No final, a conta acaba sendo paga pelos contribuintes.

Alem disso, a Polícia Militar ainda tem que cuidar de ações contra as torcidas organizadas. No mês de abril passado policiais militares 1º BIEsp que faziam a segurança do jogo Central x Sport, sábado(01), em Caruaru, prenderam cinco adultos e apreenderam dois adolescentes que estavam de posse de quatro bombas caseiras e nove foguetes de artifício. O efetivo solicitou apoio e encaminhou todos os envolvidos e o material explosivo para o Juizado Especial do Torcedor.

O caso do Juizado do Torcedor também não tem se revelado suficiente. Este ano o TJPE fez um mutirão de Transações Penais do Juizado Especial do Torcedor da Capital (Jetep), órgão do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), obteve um índice de sucesso de aproximadamente 99%.

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Torcidas Organizdas contam com proteção das Policia Militar na saida e nas entradas does estádios. - Divulgação

Ao todo foram realizadas 65 audiências, e apenas um dos processos não resultou em acordo. A equipe da unidade havia incluído 150 processos para a iniciativa. Detalhe: as partes de 85 deles não se apresentaram por diversos fatores: ausência do autor do fato e/ou sem vacinação; mandados cumpridos negativamente, ou ainda aguardando cumprimento.

Entre os acordos celebrados no mutirão entre as partes e o Ministério Público estão incluídos o pagamento de prestação pecuniária à Justiça; a prestação de serviço convertida em participação em palestra, e a advertência. A medida do primeiro tipo pode ser paga em duas parcelas mensais. Com o cumprimento do acordo, o processo é arquivado. Em caso negativo, o processo volta a tramitar, podendo ser apresentada denúncia e iniciada a instrução processual.

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