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Presidente da FPF nega violência nos estádios e diz que combate às brigas na vizinhança são responsabilidade de PMPE

Evandro Carvalho afirma que não existe violência dentro dos estádios e que não se pode considerar violência se meia dúzia de torcedores tentam invadir o gramado

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Fernando Castilho

Publicado em 19/07/2023 às 12:50 | Atualizado em 19/07/2023 às 13:28
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O presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho, isentou a entidade de qualquer responsabilidade sobre a violência provocada por torcedores dentro e fora do estádio, afirmando quem em 11 anos de sua gestão à frente da entidade, “apenas dois casos graves aconteceram dentro dos estádios”, e que as brigas que acontecem nas proximidades não podem ser atribuídas à falta de ação da entidade. Ele falou no programa Passando a Limpo da Radio Jornal, nesta quarta-feira (19).

Os dois casos que o presidente considera os únicos ocorridos dentro do estádio são a morte do torcedor Paulo Ricardo Gomes da Silva, de 26 anos, que foi atingido no dia 3 de maio de 2014 por um vaso sanitário atirado do estádio do Arruda, logo após a partida entre Santa Cruz e Paraná. Quatro pessoas foram condenadas.

O outro caso é o do torcedor do Náutico Lucas de Freitas Lyra, que em 16 de fevereiro de 2013 levou um tiro durante um tumulto na frente de um estádio e ficou com graves sequelas, e está perto do desfecho na Justiça de Pernambuco. José Carlos Feitosa Barreto foi acusado de tentativa de homicídio contra Lucas, que na época tinha 19 anos. Ele tem sequelas graves.

LEO MOTTA/ACERVO JC IMAGEM

Evandro Carvalho, presidente da FPF, concedeu entrevista à Rádio Jornal. - LEO MOTTA/ACERVO JC IMAGEM

“Não vejo nexo causal entre o jogo e essas ocorrências, e no fato de que aquelas pessoas se vistam de torcedores quando na verdade são bandidos. O problema é que a nossa legislação civil penal é frouxa e não permite penas maiores para punir essas agressões", disse o dirigente.

Ele citou a Colômbia como país que enquadrou os crimes em segurança nacional, com pena de reclusão de oito anos. Segundo ele, “enquanto nós não tivermos visualização como Inglaterra, os Estados Unidos e o Canadá, que determina prisão e reclusão, esses bancos vão continuar com os bandidos na rua”.

Para Evandro Carvalho, a origem da violência fora dos estádios está relacionada ao fato de Pernambuco permitir a presença das duas torcidas nos jogos de futebol do estado. Ele defende a solução adotada por São Paulo, onde os jogos são apenas com torcida única, que segundo ele reduziram as ocorrências em 73% de casos fora dos estádios.

Apesar da comemoração do governo do estado de São Paulo, na semana passada, uma torcedora do Palmeiras foi assassinada por integrantes da torcida organizada do Flamengo, sendo vítima de um gargalo de garrafa. A polícia de São Paulo investiga o caso.

Gabriela Anelli, de 23 anos, foi ferida durante uma confusão entre torcedores do Palmeiras e Flamengo antes do jogo entre as duas equipes pelo Campeonato Brasileiro, no domingo (9), em São Paulo. 

Para o presidente da FPF, a adoção de torcida única seria a solução para a diminuição dos casos de agressão fora dos estados. Entretanto, ele reconheceu que não conseguiu a aprovação dos dirigentes dos clubes pernambucanos.

Evandro Carvalho garantiu que atualmente nenhum dirigente dos clubes de futebol filiados à FPF tem relação de patrocínio com as torcidas organizadas. Ele disse que pode assegurar que isso não acontece em Pernambuco, lembrando que já existe uma lei aprovada pela Assembleia Legislativa e uma decisão da Justiça extinguindo as torcidas. Graças a isso, segundo o presidente da FPF, não há mais nenhum tipo de apoio estrutural ou financeiro as torcidas.

A decisão de extinção das organizadas aconteceu em 2020, mas mesmo sem se fardar com suas camisas, com as antigas denominações, as torcidas adotaram a prática da Camisa da Proibição. São camisas vendidas pelas entidades sem o nome das torcidas, mas que são facilmente reconhecidas pelo modelo e pela quantidade de torcedores que se apresentam com elas nas arquibancadas dos estádios. Esse grupo chega a ter proteção da Polícia Militar, que os reúne e os conduz escoltados até a entrada dos estádios nos jogos de maior público.

A proibição das torcidas foi uma decisão da 5ª Vara da Fazenda Pública do Recife, anunciada em 2 de fevereiro de 2020, quando houve a suspensão do CNPJ da Jovem, Inferno Coral e Fanáutico.

Evandro Carvalho considera equivocado o entendimento de que a FPF deve ser mais firme na atuação das torcidas fora dos estádios, afirmando que essa é uma responsabilidade da PMPE, que precisa proteger a população dos marginais que se trajam de torcedores.

Ele disse que a título de colaboração, a FPF chega a pagar até R$ 40 mil por jogo para segurança privada dentro dos estádios, ajudando para proteção que, segundo ele, é responsabilidade do poder Público. Ainda que um jogo de futebol seja um evento pago privado. “A Lei determina que a segurança é do poder público. Da Polícia. E cada jogo de futebol dos clubes a FPF gasta, em média de R$ 40 mil para ajudar na segurança interna", disse Evandro Carvalho.

Evandro Carvalho insistiu que não é responsabilidade da FPF a segurança contra violência no futebol. E disse que investiu mais de R$ 300 mil num sistema de tagueamento de rede social e entregou ao SDS como colaboração para monitorar todas as redes sociais e prender os bandidos antes dele converter em crime em Pernambuco, e mais R$ 150 mil no programa Torcedor Alerta.


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