Coluna JC Negócios

Com R$ 600 milhões para investir, Copergás mira residencial e ampliação de oferta para cliente de pequeno porte

Felipe Valença reconhece o desconhecimento da oferta de serviços da empresa. Pelo consumidor residencial, pequeno comércio, pequena indústria e do setor de serviços.

Imagem do autor
Cadastrado por

Fernando Castilho

Publicado em 13/08/2023 às 7:00
Notícia
X

Numa conversa do presidente da Fiepe, Ricardo Essinger o presidente da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás) Felipe Valença recebeu um pedido surpreendente: um mapa georreferenciado da malha de gás natural disponível na Região Metropolitana do Recife e das 33 cidades onde o produto pode ser acessado. Valença aproveitou para propor uma troca: Que a Fiepe lhe entregasse o diagnóstico dos 16 segmentos industriais de Pernambuco de modo a sobrepô-lo à planta já implantada pela companhia no estado.

A situação inusitada mostra a dura realidade da falta de comunicação de uma companhia que cuida da infraestrura de um insumo estratégico para seus clientes pogtenciais, a despeito de já ter implantado uma malha de mais de 1 mil quilômetros de tubulações e programar levá-lo a mais 10 cidades pernambucanas.

Do ponto de vista econômico, a Copergás não tem problemas para alavancar investimentos necessários para seus projetos já que seus acionistas privados (Mitsui Gás e Energia do Brasil e Commit Gás) estão dispostos a aplicar o que a companhia propor. Mas nos últimos anos, a empresa vem entregando a eles 100% do lucro, numa rentabilidade que se tornou a menor do setor bem atrás de suas congêneres regionais. Numa linguagem simples, a Copergás virou um negócio medíocre. A despeito da sua saúde ser muito boa.

Investimento forte

Tiagi Levi
Felipe Vlença, presidmnete da Copergás na Radio Jornal - Tiagi Levi

Felipe Valença acha que seu desafio, à frente da Copergás é entregar ao acionista privado mais rentabilidade e ao sócio estatal (o governo de Pernambuco), a ampliação dos serviços focado no desenvolvimento econômico e social.

Na prática, isso quer dizer que sua tarefa é conectar o maior número possivel de clientes à malha já existente e ampliá-la aonde essa necessidade estiver presente. E turbinar o acesso à residências, ao transporte urbano (ônibus) e, especialmente, fazer com que cada vez mais micro pequenas e médias empresas passem a usar o gás natural.

A notícia boa para Felipe Valença é que os sócios estão dispostos a investir pesado. Eles aprovaram um plano de R$600 milhões que pode ser ampliado à medida em que o negócio exigir especialmente na área de ampliação das vendas a partir da rede já existente.

“Isso nos abre grandes possibilidades”, diz o executivo oriundo da área financeira e que chegou ao comando da empresa escolhido pela governadora Raquel Lyra que pediu acesso ao GNL especialmente no setor residencial de baixa renda proporcionando o acesso em substituição ao GLP de botijão que é o modo padrão.

O mercado residencial é 0,6% no faturamento da Copergás. E, segundo Felipe Valença, isso acontece por completo desconhecimento da oferta da empresa. Seja pelo consumidor residencial, seja pelo pequeno comércio, a pequena indústria e do setor de serviços que nos últimos anos viu as empreiteiras furarem o piso de suas ruas e avenidas colocarem placas indicativas sem que nenhum agente da Copergás propusesse a conexão.

Se para o segmento residencial pode ser muito interessante, já que na ponta o GNL custa 30% menos que o GLP, a oferta de GNL pode ser um instrumento de ação social ofertando o gás nos habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida dentro do programa de construção de 40 mil moradias do Governo do Estado.

Mais GNL residencial

Divulgação
Copergás ampliação d amalha de gás natural. - Divulgação

O que anima Valença e a equipe que ele está levando a companhia é que esse é apenas um segmento de alcance social, embora não seja do de maior peso no negócio. Mas isso ele quer conseguir ampliando a oferta do gás para veículos especialmente transporte urbano e caminhões.

A indústria de motorização já tem produtos para ônibus urbanos usados largamente em centenas de cidades. O que estamos fazendo é conectar esse setor com o governo e com o BNDES para que linhas de crédito já existentes possam ser acessadas pelos empresários pernambucanos. Assim como no automóvel o percentual de 15% mais caro do ônibus a GNL paga o financiamento com a economia do combustível, avalia o presidente da Copergás.

O desafio maior nesse segmento é convencer ao setor acostumado ao diesel e que vê no ônibus usado uma fonte de receita na hora do descarte. Embora, a partir de agora, com o programa do governo federal de descarbonização o destino de ônibus e caminhão velho seja o descarte.

Valença também vê possibilidades no setor de caminhões mesmo comparada a tendência de eletrificação de caminhões cujos preços são três vezes maiores que o de um caminhão a gás natural.

A empresa também mira uma oferta mais distribuída no setor industrial. Por sugestão da Fiepe a companhia mira no enorme potencial do gás na pequena e média indústria. “Vamos sobrepor os mapas da Fiepe com os de nossa malha atual e ver onde já podemos trabalhar. E implantar a infraestrutura onde isso for necessário ", diz.

Fornecimento à industria

No caso da pequena e média indústria que - em centenas de casos está às margens da malha já implantada – isso pode ser um negócio viabilizado rapidamente. Mas o presidente da Copergás acredita que até o custo da conexão pode ser financiado pelos bancos públicos e até privados, além da Agência de Empreendedorismo de Pernambuco (AGE) que trabalha com foco na microempresa.

Ele acredita que no estreitamento da empresa com instituições como a Fiepe o gás poderá chegar a milhares de novos clientes. E assegura que onde for detectada a possibilidade de substituição de caldeiras a diesel e óleo bruto por gás natural a companhia vai entregar a malha na porta da empresa.

DIVULGAÇÃO
Abastecimento de gás natural veicula na RMR. - DIVULGAÇÃO

Tags

Autor