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Pressão das montadoras do Sul e Sudeste revela defasagem em relação às fábricas instaladas no NE e Centro Oeste

O mercado Brasil se encaminha para preferir o carro híbrido, ao menos até que o país tenha uma rede de abastecimento rápido.

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Fernando Castilho

Publicado em 18/12/2023 às 15:29
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A aprovação da Reforma Tributária mostrou mais uma vez que na hora do “vamos ver” os interesses econômicos e concorrenciais passam a quilômetros do discurso de estímulo aos desenvolvimento inter-regional equilibrado com instrumentos que permitam às regiões menos desenvolvidas se tornarem competitivas.

Embora isso tenha sido observado na manutenção de todos os benefícios fiscais à Zona Franca de Manaus o discurso de apoio ao Norte e ao Nordeste foi para o espaço com o Sul e Sudeste abrindo uma guerra com as duas regiões usando desde o argumento de que nelas também existem pessoas que dependem do Programa Bolsa Família ao de que a extensão dos incentivos à Stellantis até 2032 seriam um impeditivo ao cumprimentos das metas do Brasil no Acordo de Paris.

Como se a produção de carros com motores a combustão deixassem de ser produzidos a partir de 1º de Janeiro de 2024. E como se os veículos produzidos em Goiana fossem responsáveis pelo aumento de um grau na temperatura global.

O fato de os governadores do Sul e Sudeste (com exceção do Espírito Santo) assinarem uma carta aberta suprimindo do texto a suspensão do benefício mostra que esse é um comportamento coletivo e a partir de agora sistemático na construção das leis complementares. Às favas o chamado espírito federativo e que a ponderação de que não há nada contra os irmãos do Norte e Nordeste é só discurso.

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Chineses da BYD chegam à Bahia certos de que terão incentivos fiscais - Divulgação

Mas existe um fato que desmonta todo esse falso discurso de que os incentivos à Stellantis gera assimetria concorrencial. Primeiro a fábrica já existe. Está funcionando e sendo competitiva de modo que esse é um fato real. Não estamos falando de uma fábrica nova.

Depois existe um fato sobre a questão da motorização que as empresas do Sul e Sudeste simplesmente não tem veículos elétricos na prateleira de modo que se existe ameaça ao mercado não são os carros da Jeep e da Fiat, mas os da chinesa BYD que está se instalando na Bahia.

Além disso existe uma constatação no mercado Brasil que claramente se encaminha para preferir o carro híbrido, ao menos até que o país tenha uma rede de abastecimento rápido.

No fundo o consumidor quer ter uma opção de abastecimento com etanol quando a bateria elétrica acabar. Esse é um fato que faz com que até novembro, segundo dados da Anfavea, tenham sido vendidos no Brasil 118 mil veículos híbridos contra 24 mil eletrificados. Em 2022, foram 73 mil híbridos e 15 mil elétricos.

Quando as três das maiores concorrentes dos veículos produzidos em Pernambuco – General Motors, Toyota e Volkswagen, que concentram a produção no Sul e Sudeste partiram para o confronto, o objetivo é tentar deixar de perder mercado sem prestar a atenção que os híbridos são quem vão crescer.

Prova disso é que a Baterias Moura foi escolhida pela Toyota para ser a fornecedora exclusiva do novo compacto com motor híbrido-flex, que será produzido no Brasil. A Moura é a primeira empresa de baterias brasileira a equipar um automóvel da Toyota. Os carros que vão sair da fábrica, localizada na cidade de Sorocaba (SP), já estarão com os produtos da Moura.

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A gigante chinesa Great Wall chegou ao Brasil com ao menos 10 modelos de carros eletrificados. - DIVULGAÇÃO

Da mesma forma que quando Stellantis CAOA e HPE (produtora dos veículos Mitsubishi) revidaram com outra carta que enaltecia o desenvolvimento regional estão brigando por sua fatia de mercado agora.

Assim como a chegada de mais uma montadora chinesa, a Great Wall, que comprou uma fábrica em Iracemápolis (SP) para produzir carros híbridos a partir do próximo ano, e elétricos, futuramente só faz essa capacidade de competição das empresas já instaladas no Sul e Sudeste percam competitividade.

Mesmo com o fim da isenção de imposto de importação para carros elétricos e híbridos, em vigor desde 2016, com o argumento de conter a "invasão chinesa" que tem afetado o mercado e as vendas de fabricantes locais. O fato é que os chineses chegaram e vão ocupar espaço.

No fundo a questão não é pagar menos ICMS. O que define a compra é a qualidade do produto. Os três modelos da Jeep são mais competitivos que os das concorrentes e não é o preço que define a compra.

Da mesma forma que quando um consumidor opta por um carro híbrido é porque não se sente seguro com um elétrico se precisa fazer pequenas viagens.

E talvez isso explique por que não só a Great Wall tenha se proposto a fabricar híbrido assim como a BYD que anunciou que também vai produzir modelos híbridos no Brasil. Os chineses são pragmáticos. Eles viram que antes de vender seus elétricos precisam vender o híbrido e vão brigar para fazer duas vendas.

No fundo, o Brasil ainda não conseguiu resolver a questão dos seus programas de incentivos fiscais às montadoras. O programa foi criado em 1997 (portanto a 26 anos) e ainda hoje pratica uma renúncia fiscal de R$5 bilhões por ano. Mas quem mais se beneficia ainda é o Sul e Sudeste.

O que parece que parte da indústria automotiva no Brasil não percebeu é que o concorrente não é a Stellantis. A verdadeira ameaça é a Great Wall e, especialmente, BYD que para quem sabe é uma empresa de baterias não de automóveis.

No fundo, o que eles fizeram foi colocar quatro rodas numa plataforma de automóvel depois de uma carroceria. Não tem a cultura de motor a combustão das gigantes internacionais. E isso faz toda diferença no novo mercado.

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Parte da bancada de deputados federais por Pernambuco - DIVULGAÇÃO

 

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