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Grandes bancos reduzem inadimplência na pessoa física, mas teto do rotativo restringirá crédito ao consumidor

O Desenrola Brasil teve a participação de 11,2 milhões de pessoas, que renegociaram R$32,89 bilhões em dívidas, a maior parte feitas junto aos bancos.

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Fernando Castilho

Publicado em 03/01/2024 às 12:30 | Atualizado em 03/01/2024 às 13:15
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Uma pesquisa simples nos balanços dos cinco maiores bancos que operam no Brasil (Bradesco, Itaú, Santander, BB e Safra) permite observar que no terceiro trimestre de 2023 (último disponível) que todos conseguiram reduzir ou ao menos manter os percentuais de inadimplência de seus clientes pessoa física. Portanto, ainda sem capturar todos os efeitos do Desenrola Brasil que começou em setembro para os programas de renegociação com as instituições financeiras.

No trimestre julho-setembro os índices ficaram entre 1,3% no BB e 5,12% no Bradesco para atrasos entre 15 e 90 dias e entre 2,2% (Safra) e 6,6% no Bradesco todos com redução em relação aos trimestres anteriores indicando que os bancos estavam conseguindo recuperar os créditos com algum risco antes mesmo do programa de renegociação de crédito do governo ser aplicado em sua força total.

O Desenrola Brasil (que vai até o dia 31 de março deste ano) segundo os números do Ministério da Fazenda encerrou 2023 com a participação de 11,2 milhões de pessoas, que renegociaram R$32,89 bilhões em dívidas, a maior parte feitas junto aos bancos.

Certamente, o impacto do programa de teto para a taxa de juro no rotativo do cartão de crédito começa a valer a partir desta quarta-feira (3) deve ter impacto muito pequenos para quem tem conta e cartão de crédito vinculado a um desses bancos.

Primeiro, porque eles já ofereceram e fizeram negociação com seus correntistas. Ou, no caso das negociações com clientes de menor renda, fecharam mesmo o crédito no cartão. Na prática, desde o começo de 2023, que os grandes bancos não aumentaram os limites do cartão de crédito de seus correntistas exatamente para não aumentar o risco de inadimplência.

Tanto que em todos eles, os índices de NPL (Non-Performing Loan), uma maneira técnica de expressar um calote e mensurar a qualidade do empréstimo realizado para os clientes nas grandes instituições ficou entre 1,0% (Santander) e 1,7% no Itaú e muito distante das instituições de médio porte ligada redes de varejo, por exemplo, onde esse o indicador passa dos 6%.

Isso quer dizer que no mega bancos a aplicação das novas normas do Banco Central que prevêem que uma dívida for de R$1.000, por exemplo, a dívida total, com a cobrança de juros, não poderá exceder R$2.000.

E também vale somente para débitos contraídos a partir da vigência desta regra que praticamente não vai ser usada, embora deva ter um impacto muito forte nas instituições cuja característica é a de oferecer cartão de crédito a qualquer pessoa.

Esses cartões substituíram os chamados cartões private label, chamado também de cartão de loja própria, que podiam ser usados apenas no estabelecimento que disponibilizou o serviço sem vínculo com bandeiras tradicionais de crédito.

Num primeiro momento eles substituíram esse serviço, mas nos últimos anos elas também passaram a vinculá-los às bandeiras de crédito como MasterCard e Visa de modo a ampliar as vendas não só nas lojas mas noutras redes.

Esse movimento acabou levando a que as próprias redes também passassem a operar suas financeiras explodindo a oferta de crédito via cartão.

Deu errado para o consumidor. O crescimento exponencial da oferta de cartões é hoje o maior desafio para redução do número de negativados no Serasa, que terminou dezembro com mais de 77 milhões de CPFs incluídos como inadimplentes e de certa forma impedindo números melhores no Desenrola Brasil.

O programa que limita em 100% do valor total da dívida os juros e encargos das duas modalidades do cartão talvez reduzam esse número já que na prática as empresas não vinculadas a banco não poderão cobrar taxas de 400% dos seus clientes inadimplentes.

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