Após o Desenrola, Brasil segue com mais de 70 milhões de negativados
Uma consulta ao banco de dados do Serasa revela que no mês de novembro o número de devedores listados continuava nos mesmos 71,81 milhões de pessoas negativadas.
Lançado pela Governo Federal no mês de julho, a Plataforma do Programa Desenrola Brasil para renegociação de dívidas negativadas bancárias e não bancárias — como conta de luz, água, varejo, educação tinha como meta negociar até RS 25 bilhões, (R$ 13 bilhões de dívidas até RS 5 mil e R$ 12 bilhões para dívidas com valor entre R$ 5 mil e R$ 20 mil reais) e chegar a 60 milhões de pessoas onde 51 milhões deviam até R$ 5 mil.
Naquele mês, o Serasa registrava segundo seu relatório mensal de dívidas até o mês de setembro 71,41 milhões de pessoas que deviam R$270 bilhões.
O programa foi encerrado em 31 de dezembro com 10,7 milhões de brasileiros atendidos e um valor de R$ 29 bilhões em dívidas renegociadas e prorrogado até o dia 31 de março com a expectativa que melhorar os números embora o Ministério da Fazenda considere um sucesso uma vez que o Censo do Desenrola feito em dezembro mostra que o ticket médio da renegociação foi de R$ 248 nos pagamentos à vista e de R$ 791, quando a opção foi por pagamento parcelado. E que a média dos descontos foi de 90% para os pagamentos à vista e de 85% para as quitações parceladas.
Entretanto, uma consulta ao banco de dados do Serasa revela que no mês de novembro o número de devedores listados continuava nos mesmos 71,81 milhões de pessoas negativadas o que significa dizer que o Desenrola Brasil não conseguiu reduzir o número de devedores o que significa dizer que se um número grande de pessoas conseguiram limpar o seu nome, um outro contingente entrou na Lista Negra.
O resultado para os bancos com clientes de renda mensal até R$20 mil é muito bom porque em dez semanas do Desenrola Brasil, foram registrados?R$15,8 bilhões negociados diretamente com a instituição financeira, em condições especiais. Entre 17 de julho e 29 de setembro, o número de?contratos de dívidas negociadas chegou a 2,22 milhões, beneficiando cerca de?1,73 milhão de clientes bancários.
Prova disse é que os “Serviços Financeiros" (R$ 3,3 bilhões)lideraram as negociações segundo do setor de “Securitizadoras” (R$ 513 milhões) e distribuidoras de energia que renegociaram débitos de conta de luz (R$ 143 milhões). Securitizadoras são a empresas que compram dívidas de terceiros para tentar recebê las
No caso das contas de energia elétrica, pouco mais de 82 mil pessoas foram beneficiadas e o valor original da dívida desses consumidores caiu de R$143 milhões para R$52 milhões. Do total de 5.571 municípios com público elegível ao Programa (Fase 2), foram realizadas negociações em 5.491 localidades (98,6%).
FOI MAIS OU MENOS
Isso não quer dizer que o Desenrola Brasil não tenha sido importante. Mas os números do Serasa mostram que ele não tem instrumentos para resolver a questão do endividamento do brasileiro e que serão necessários mais instrumentos.
Um dos problemas mais sérios é a questão de se manter no Serasa (e nos registros bancários) os nomes de seis milhões de pessoas com dívidas de até R$100.00. O devedor não tem restrições para comprar a crédito, mas seu nome continuará listado.
Outra coisa que os números do Serasa mostram é que os números de devedores no cartão de crédito em novembro 28,97% é muito próximo dos 29,54% de julho. Assim como é bem próximo o número de devedores de financeiras que chegou a 15,29% em julho e subiram para 165,29% em julho e subiram para 16,46% em novembro.
O governo agora quer facilitar mais na sua tentativa de reduzir o número de devedores, o site do Desenrola exigia que as pessoas tivessem certificado prata ou ouro na conta do GOV.BR para que pudessem acessar as vantagens do programa.
Agora, o certificado mais básico, nível bronze, passa a ser suficiente para visualizar as ofertas e realizar negociações com pagamento à vista. A medida beneficia 12,7 milhões de pessoas que se encaixam no perfil do programa e têm conta bronze.
Uma outra coisa que ficou muito claro é que o perfil dos devedores continua sendo de pessoas com renda até três salários-mínimos mensais ficou em 77,5% em novembro, abaixo de outubro (78,7%) e de novembro de 2022 (80,2%).
No caso de três a cinco salários-mínimos de renda mensal, a fatia ficou em 76,9% em novembro. Essa proporção também foi inferior à de outubro (77,2%) e de novembro do calendário anterior (80,3%).