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Por mais habitação popular, governo já estuda usar até verba da caderneta que banco não pode emprestar

Responsável por cerca de dois terços do financiamento imobiliário do país. No ano passado, o banco estatal concedeu R$185,4 bilhões para esse fim, um aumento de 13% sobre 2022.

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Fernando Castilho

Publicado em 12/04/2024 às 0:05
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No começo de março, ao apresentar o balanço da instituição, o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, advertiu sobre a necessidade de uma discussão sobre o financiamento imobiliário com recursos da poupança (SBPE): “Para 2024 o orçamento está resolvido, mas vamos ter problemas a partir de 2025. Vamos ter que abordar essa discussão”, comentou.

Não falava sozinho. Dias antes, a vice-presidente de Habitação da Caixa, Inês Magalhães, sugeriu a liberação de 5% dos recursos da poupança, atualmente retidos em depósitos compulsórios no Banco Central, que segundo ela poderiam impulsionar a capacidade da Caixa de financiar a compra de imóveis em mais de R$20 bilhões.

Menos compulsório

Entretanto, se existe uma coisa que Banco Central de quaisquer pais não aborda é liberação de compulsório porque sempre tem efeito de curto prazo na atividade econômica. Na pandemia, o BC fez liberação de compulsório, mas foi uma emergência para que eles carregassem a economia. Isso não aconteceu e reforçou a ideia de que não é uma boa ação.

Mas no caso do uso dos recursos da poupança dos quais 20% é compulsoriamente recolhidos pelos bancos a proposta é de reduzir essa alíquota para 15%. Em tese, isso pode ajudar a Caixa a ter mais dinheiro. E ainda estaria alinhada aos esforços do governo Lula para sustentar o crescimento econômico no curto prazo.

Caixa sem caixa

Como se sabe, a Caixa é responsável por cerca de dois terços do financiamento imobiliário do país. No ano passado, o banco estatal concedeu R$185,4 bilhões para esse fim, um aumento de 13% sobre 2022. Mas o problema é que desde de 2020, apenas como saque aniversário, cerca de 17 milhões de trabalhadores contrataram mais de R$112,3 bilhões em empréstimos para antecipação. Resultado: ano que vem não tem dinheiro para aguentar os pedidos de financiamento de todo mundo.

A proposta de Inês Magalhães em reduzir o compulsório de 20% para 15% foi aceita pelo governo que deseja direcionar essa folga para ampliar de 65% para 70% o dinheiro da caderneta de poupança para operações de financiamento imobiliário dentro do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).

Crédito habitacional

Mas a questão é que, tecnicamente, os bancos não são obrigados a aplicar todo o percentual de 65% em crédito habitacional, mas também não podem direcionar esses recursos para outras linhas. Assim, alguns preferem deixar parte do dinheiro retido no BC, sem remuneração. Especialmente temendo a inadimplência.

Assim, o problema continua. Enquanto o governo faz festa como fez nesta quarta-feira quando anunciou no âmbito do MCMV Entidades, 443 propostas de 206 Entidades Organizadoras ligadas aos movimentos de luta por moradia e outras 2.105 propostas de 1.137 Entidades Organizadoras no MCMV Rural o setor saber que vai faltar dinheiro se o governo não tomar uma providência.

Na verdade é que, sem dinheiro da União - como nos governos anteriores - e com menos recursos da Caderneta de Poupança que só no ano passado perdeu R$ 87 bilhões depois de perdas mais R$ 103 bilhões, em 2022, o presidente Lula terá que encontrar formas de ter mais dinheiro para habitação. Especialmente quando seu governo perde popularidade.

Perpart vende

A Perpart comprou placa de venda em sete imóveis de sua propriedade no valor de R$ R$2,82 milhões. Tem imóvel em Gravatá (dois) , Jaboatão dos Guararapes, Paulista, Limoeiro, São Bento do Una e Araripina. A venda será quinta- feira às 10h, na sede da Perpart no Cordeiro. O apurado vai para o Fundo Estadual de Habitação de Interesse Social (Fehis), uma das fontes do Programa Morar Bem. Se vender pelo preço anunciado vai dar para pagar a entrada (R$20 mil) de quase 150 casas, um prédio todo do Minha Casa Minha Vida.

Culpa de Silveira

O diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, disse que a MP 1.212 não é a solução para o setor e representa “uma agenda de curto prazo” para lidar com um problema de médio e longo prazo. Não está sozinho. Para o senador Fernando Dueire (MDB-PE) o presidente foi induzido ao erro com relação a essa MP. Ele lembrou que hoje, os consumidores pagam 10 bilhões por ano em razão de subsídios já concedidos no passado. “Imagine somar a isso os benefícios a projetos novos, recheando de penduricalhos a fatura da luz”, questionou o senador pernambucano.

Gas no no REC

A Copergás terá um novo cliente quando for aberto o Recife Expo Center, dentro do complexo que será inaugurado em junho. O Pavilhão de Feiras, além dos serviços de rede elétrica, água, internet de alta velocidade, terá oferta de gás natural encanado no piso do empreendimento que deve operar já em agosto próximo.

Novo Guararapes

O Shopping Guararapes contratou o escritório baiano AFA Arquitetos, liderado por André Sá e Francisco Mota, arquitetos renomados com vasta experiência em shopping centers para dar uma geral no empreendimento. Vai gastar R$24 milhões para trocar o piso, mudar a iluminação da fachada, renovar o paisagismo, além de ampliar suas calçadas e implantação de rampas de acesso nas portarias.

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