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Brasil cancela leilão de importação de arroz. Sem oferta da América do Sul, compra na Tailândia só chegaria em agosto

Importadores do arroz do Brasil Bolívia só produz por ano 600 mil toneladas e a Argentina 1,5 1,5 milhão de toneladas ano.

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Fernando Castilho

Publicado em 21/05/2024 às 16:00 | Atualizado em 21/05/2024 às 16:00
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A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) suspendeu o leilão para a compra de até 104,034 mil toneladas de arroz importado beneficiado e polido agendado para esta terça-feira (21). A empresa disse numa nota que a data de realização será publicada oportunamente.

Pode ser, mas pelo comportamento do mercado nas últimas semanas vai levar um tempo para que o governo cumpra, ao menos, uma parte da promessa de adquirir 1 milhão de toneladas de arroz no mercado externo, como prometeu o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

E a primeira explicação é bem simples. Os países do Mercosul relacionados pelo presidente Lula numa viagem na semana passada ao Nordeste (Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina para baixar o preço do produto no Brasil.) não tem produção para exportar uma vez que juntos todos os países da América do Sul produzem menos que o Brasil sozinho.

A Bolívia, por exemplo, só produz por ano 600 mil toneladas e importa regularmente do próprio Brasil. A Argentina produz 1,5 milhão de toneladas ano.

Assim, a ideia de comprar o produto que seria distribuído a pequenos varejos das regiões metropolitanas e chegaria ao máximo a R$4,00 o quilo ao consumidor final ficou inviável. A primeira remessa seria destinada para São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Pará e Bahia. O produto deveria ser empacotado em embalagem de 2 kg padronizada, com a logomarca do governo federal.

Na verdade, não há grandes possibilidades de faltar arroz no mercado interno. A safra de 2024 já foi colhida e a região onde aconteceram as cheias é responsável por menos de 10% da produção do Rio Grande do Sul que responde por 75% de toda produção nacional.

Entretanto, o anúncio do governo acabou provocando efeito contrário e os produtores começaram a subir os preços porque sabem que sem poder importar do Mercosul o governo teria que comprar arroz dos produtores do Brasil ou importar da Tailândia cujo preço internacional é bom, mas que para chegar ao Brasil levaria dois meses. Ou seja, o arroz importado só estaria disponível em agosto próximo.

Para fazer a importação, o governo decidiu zerar a Tarifa Externa Comum até o fim do ano de modo a que o preço do arroz importado se tornasse competitivo.

Essa tarifa é de 10,5% de modo a que importadores brasileiros possam comprar o produto e oferecer ao governo. Mas parece claro que os preços que o governo apostava não serão obtidos e por isso o leilão da Conab foi adiado.

Mas mesmo que venha a ser feito, dificilmente a importação se houver chegaria a 1 milhão anunciado por Carlos Favaro. E o governo corre o risco de comprar um arroz tão caro que para vendê-lo a R$4,15 teria de pagar um subsídio igual a esse valor com os custos da importação.

Por outro lado, os produtores brasileiros afirmam que não há risco de falta do produto e que não deve haver importação. O que pode ter levado ao governo aceitar o fato de que a proposta de comprar arroz barato ou por um preço mais competitivo para tentar formar um estoque regulador não deu certo, pois no final o próprio governo acabou provocando especulação e aumento de preços.

O cenário é que nas próximas semanas, o governo até possa fazer um leilão de comprar arroz da Tailândia. Mas apenas para marcar uma posição, já que a ideia de 1 milhão de toneladas se tornou inviável e desnecessária. Embora as redes de supermercados devam continuar limitando as compras a seis quilos.

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