Fechamento da antiga Coberbo (Arlanxeo) é aviso da dificuldade do NE manter indústria após Reforma Tributária
Empresa optou por investimentos recentes em uma nova linha de produção de borracha nitrílica em Duque de Caxias, Rio de Janeiro e em TRiunfo no RS
Quando em julho de 2018 a Arlanxeo, joint venture entre a alemã Lanxess e a saudita Saudi Aramco anunciou em Haia, Holanda, que faria investimentos na modernização de suas plantas no Brasil, ficou claro que a unidade no Cabo de Santo Agostinho seria fechada já que os aportes seriam nas unidades de Duque de Caxias (RS) e Triunfo (RS).
Isso se materializou em fevereiro do ano passado, quando a empresa inaugurou em 8 de fevereiro de 2023, em Triunfo, no Rio Grande do Sul, uma nova unidade de produção da borracha sintética Polibutadieno com capacidade de 65.000 toneladas anuais de produção. O Polibutadieno é utilizado nas indústrias pneumáticas, de calçados, artefatos automobilísticos e modificação de plásticos.
Nesta terça-feira, o diretor-Presidente da Arlanxeo Brasil, Angelo Brazil, anunciou que a empresa está fechado, permanentemente, de sua unidade, reconhecendo o impacto que a decisão pode ter sobre os colaboradores, a comunidade local e nossos parceiros de negócios. E prometendo oferecer aos colaboradores um plano social que reflita sua valiosa contribuição para a empresa.
Embora somente agora tenha sido revelada e tornada pública, a decisão estava consolidada depois que globalmente a Arlanxeo revelou que a linha de produção de BR (como é chamado produto) de última geração no Brasil é uma resposta direta à crescente demanda por BR na América Latina.
Novos produtos
E quando no Brasil inclui investimentos recentes em uma nova linha de produção de borracha nitrílica em Duque de Caxias, Rio de Janeiro, e uma nova operação de armazenagem de policloropreno em São Paulo.
Então, a questão dos incentivos fiscais deixou de ser atrativa porque a empresa tinha outros planos, mesmo que no RS não goze dos benefícios que o estado através do Prodepe e a Sudene especialmente no benefício de 75% do imposto de renda que ela deixa de pagar pelo recorrente por décadas na sua planta de Pernambuco.
E embora esteja mais ligado no público externo como matéria prima de pneus, o polímero é reconhecido por sua alta resistência à abrasão, baixo acúmulo de calor e resistência à rachadura, e é amplamente utilizado para produzir artigos de alta performance como pneus, correias, mangueiras, vedações entre outros para a indústria automobilística e segmentos relevantes como de calçados e modificação de plásticos e em aplicações para produtos como geladeiras e eletrodomésticos, por exemplo.
A ARLANXEO desenvolve, produz e comercializa borrachas de alto desempenho com vendas de cerca de 3,5 bilhões de euros, com presença em mais de 12 locais de produção em 9 países e 7 centros de inovação em todo o mundo.
Alerta ao governo
Mas o fechamento da antiga Coperbo é um alerta da dificuldade que os governos do Nordeste vão ter que enfrentar com o advento da reforma tributária. O comportamento da Arlanxeo será o padrão quando fizer contas sobre onde vai produzir no Brasil.
Assim como escolheu o pólo de Duque de Caxias (RJ) e Triunfo (RS) a Arlanxeo olhou o mercado. Nos dois estados estão pólos que completam a sua cadeia de fornecedores e clientes. Tanto que a nova fábrica foi construída pela Montcalm, uma companhia que atua na área de engenharia de montagem do país em grandes projetos no mesmo terreno em que a a Arlanxeo operou uma planta desativa no complexo petroquímico do RS.
Isso é um sinal de alerta do que vem por aí porque embora ainda esteja sendo analisada no Congresso a Reforma Tributária já é uma realidade para as empresas desde que o projeto estava no Congresso.
A Arlanxeo Cabo poderia ser igualmente modernizada como foi a de Triunfo sem qualquer dificuldade. Mas a perspectiva de futuro no Brasil sem incentivos fiscais inviabilizou. Como vai inviabilizar dezenas de plantas antigas em funcionamento na Região.
Em Triunfo, as indústrias são responsáveis por dois dos três elos da cadeia petroquímica. No elo inicial, a central de matérias-primas, administrada pela Braskem, é responsável pela produção de insumos básicos de 1ª geração. É nesta etapa em que a nafta (principal matéria-prima), condensado, gás e etanol são transformados em eteno, propeno, butadieno, MTBE e solventes. Arlanxeo, Oxiteno e Innova são outras plantas de 2ª geração do complexo. Nessa cadeia a unidade do Cabo estava isolada.