Bicicletas ecológicas movidas a hidrogênio verde em testes no Brasil

No Brasil, pesquisadores estão desenvolvendo bicicletas inovadoras que prometem ser mais eficientes e ecológicas que as tradicionais

Publicado em 10/09/2024 às 11:43 | Atualizado em 10/09/2024 às 11:45

O hidrogênio verde, visto como um dos principais atores entre os combustíveis do futuro, em breve poderá impulsionar bicicletas por todo o Brasil.

Atualmente, quatro modelos de bicicletas abastecidas com cilindros cheios desse gás estão em fase de teste na Coppe/UFRJ, sendo o combustível produzido no próprio laboratório.

Os pesquisadores buscam soluções sustentáveis para a mobilidade urbana e micromobilidade, e o desempenho dessas bicicletas até o momento é impressionante: além de não emitirem poluentes, elas possuem uma autonomia de 120 km. Em comparação, as bicicletas elétricas convencionais costumam ter uma autonomia de cerca de 20 km.

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"Em vez de se alimentarem na eletricidade, estas bicicletas carregam um cilindro de 2 litros, do tamanho de uma garrafinha de água, abastecido com gás. Com uma recarga de 2 minutos é possível usar a bicicleta por 4 ou 5 dias", explica Andrea Santos - coordenadora do Laboratório de Transporte Sustentável (LabTS) da Coppe/UFRJ, e da planta de fabricação de Hidrogênio Verde da instituição", explica Andrea Santos, coordenadora do Laboratório de Transporte Sustentável (LabTS) da Coppe/UFRJ e da planta de produção de Hidrogênio Verde da instituição, em entrevista ao UOL.

Bicicletas ecológicas: o potencial do hidrogênio verde

Além de terem maior autonomia, essas bicicletas utilizam um cilindro ecologicamente correto, diferentemente das baterias das elétricas, que geralmente contêm lítio ou outros metais prejudiciais ao meio ambiente no momento de seu descarte.

No entanto, Andrea destaca que as bicicletas elétricas continuarão a ser usadas. "Precisamos promover a descarbonização da frota. Não existe uma solução única e simples. São várias ao mesmo tempo. A eletrificação é positiva também, mas precisamos resolver de onde virá essa energia e o impacto no setor elétrico. Nenhuma solução aparece sem trazer consigo um problema associado".

Atualmente, segundo Andrea, os obstáculos estão na disponibilidade do gás para abastecimento — que ainda não está presente nos postos — e na segurança.

O hidrogênio verde, ou H2V, é um gás leve, produzido por meio da eletrólise, um processo que utiliza eletricidade de fontes renováveis para separar a água em hidrogênio e oxigênio. Sua grande vantagem é ser gerado com baixíssimas emissões de gases de efeito estufa.

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O problema, porém, é que, assim como o GNV (Gás Natural Veicular), ele é altamente inflamável e pode explodir ao entrar em contato com uma fonte de ignição, como uma chama ou faísca.

Outro desafio mencionado por Andrea é tornar a bicicleta mais acessível. Atualmente, os modelos custam em torno de R$ 30 mil. "Queremos uma bicicleta simples, limpa, barata e segura", afirma.

A expectativa da Coppe é que os primeiros modelos estejam circulando em aproximadamente cinco anos. Outras pesquisas em andamento no laboratório incluem o uso do gás para geração de eletricidade, desenvolvimento de catalisadores para combustíveis sintéticos, como o SAF (Combustível Sustentável de Aviação), e aplicações em drones.

Conferência Ibero-Brasileira de Energia 2024

Divulgação/Coniben
Coniben 2024 vai contar com 10 painéis com questões técnicas, regulatórias, ambientais, políticas e econômicas sobre energia - Divulgação/Coniben

Diante da urgência de debater o futuro da energia, a Conferência Ibero-Brasileira de Energia (CONIBEN) chega à sua terceira edição, consolidando o propósito de congregar as principais lideranças do setor energético ibero-brasileiro.

O evento, que visa compartilhar conhecimento técnico e estratégico, tem como objetivo impulsionar as inovações e transformações indispensáveis para um futuro mais sustentável. Acontece em Lisboa, Portugal, nos dias 14 e 15 de novembro.

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