Conheça a SIEG, a segunda maior empresa de TI para processamento de documentos contábeis do Brasil e que não nasceu no Porto Digital

Empresa programa faturar R$ 250 milhões este ano e já prepara suas equipes para as novas rotinas que virão com a Reforma Tributária.

Publicado em 29/09/2024 às 7:00

No hall do 16º andar da Torre Acácio Gil Borsoi, na Rua Padre Carapuceiro, 910, em Boa Viagem, uma recepcionista recebe gentilmente o visitante, tendo atrás de sua mesa uma parede de vidro com um conjunto de quatro letras grandes que formam a palavra SIEG.

O ambiente bem decorado indica que não apenas no 16º, mas no 15º funciona a segunda maior empresa em suporte de tecnologia da informação do mercado de contabilidade do Brasil, estimado em 100 mil empresas e profissionais que cuidam do serviço nas empresas de maior porte.

A SIEG atende, com suporte em tempo real, 20 mil deles que no conjunto processam 480 milhões de documentos/mês, e que são usuários dos seus sistemas de emissão de notas fiscais, imposto de renda, gestão de documentos fiscais e folha de pessoal. O carro-chefe da casa fica com a emissão fiscal.

Acima da SIEG está atrás apenas a multinacional Thomson Reuters, que atende outros 45 mil clientes. Mas que se tornou parceira da SIEG ao adotar seus sistemas para completar o seu pacote de serviços. Juntas, SIEG e Thomson atendem a duas de cada três empresas de contabilidade e profissionais residentes em grandes empresas.

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O escritório Recife da SIEG abriga o setor de Customer Service além de Desenvolvimento. - DIVULGAÇÃO

Não nativa do Porto Digital

A SIEG é uma empresa de TI que orgulha-se em ser genuinamente pernambucana. E, surpreendentemente, não é nativa do Porto Digital. Não foi uma startup que escalou e, muito menos, um unicórnio que atraiu interesse de um investidor anjo no passado, embora seus sócios agradeçam o gesto de alguns parceiros que lhes ajudaram no início.

Isso foi em 2012, quando três dos cinco sócios atuais iniciaram a atuação da empresa no mercado de comercialização de sistemas de processamento de notas fiscais - precursores do que viria a se tornar o e-fisco -, “com rigorosamente 33,33% das dívidas”, como hoje gostam de lembrar se divertindo.

O padrão de instalações da SIEG segue o dos modelos tradicionais de empresas altamente capitalizadas e geradoras de caixa: ambiente amigável, salas de reuniões confortáveis, emolduradas com símbolos do processamento de documentos contábeis. Além de um bom pacote de benefícios, e, claro, da remuneração mensal.

Os diretores estão sempre por perto, instalados no meio dos corredores operacionais, em salas envidraçadas que contam com um suporte de comunicação direta com as equipes. É neste mesmo ambiente que a empresa faz a gravação dos vídeos que ilustram seus manuais de instrução.

Nos dois andares da modena Torre Acácio Gil Borsoi estão instalados os sistemas de suporte técnico e um núcleo de desenvolvedores nerds, com idade média de apenas 25 anos, liderados por um dos sócios, cujo currículo traz escrito os sistemas originais da companhia, quando ela decidiu se apartar do fornecedor do primeiro sistema que rompeu a parceria.

Ela usa os serviço de nuvem da Amazon, a Amazon Web Services (AWS), uma plataforma de computação em nuvem que oferece soluções para, armazenamento, redes, computação, bancos de dados, análises e distribuição de conteúdo.

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Em 2012 Wellington Barbosa ao lado de Henrique Carmellino e Flávio Correia, fundaram a SIEG. - DIVUGAÇÃO

Nasce o projeto SIEG academy

Recentemente, a empresa entendeu de criar o que chamou de SIEG Academy, cujo projeto é iniciar uma maior aproximação com seus clientes que, a despeito de estarem em contato permanente com o serviço de atendimento em tempo real, no entendimento da empresa, ainda são apenas CNPJs.

“Estamos iniciando uma jornada de relacionamento com os CPFs de nossos clientes, querendo uma aproximação de pessoas com pessoas, e identificar suas demandas. Em breve, a SIEG Academy quer realizar eventos presenciais de modo que esses CPFs se conheçam e troquem experiências de vida”, diz o CEO da empresa, Henrique Carmellino Filho.

No dia 15 de outubro, a SIEG Academy estreia seu primeiro evento virtual, através do canal do YouTube. Trata-se de um movimento de educação nacional, que visa qualificar e capacitar de forma gratuita profissionais e estudantes das áreas que compreendem o negócio: contabilidade, administração, recursos humanos e marketing.

Mas nem sempre foi assim, relembra o CFO, Wellington Barbosa, que entrou na empresa em 2012 liderada por Henrique Carmellino, pai do atual CEO e Flávio Correia. A reorganização da empresa aconteceu apenas três meses depois de Ton tomar conhecimento do cronograma de implantação do Sistema Eletrônico de Emissão de Notas Fiscais, em um evento da Secretaria da Fazenda. Ele teve acesso à lista de empresas que já tinham inscritos os primeiros sistemas para, futuramente, serem implantados nas empresas.

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Carmelino Filho Sócio da SIEG foi eleito CEO da companhia que é vice-líder do mercado de processamento de documentos contábeis. - DIVULGAÇÃO

Começo em meio a uma crise

“Eu trabalhava como gerente de TI da empresa de produtos de limpeza Igual, e cheguei entusiasmado numa reunião de gerentes, falando das vantagens de poder ter um sistema de emissão de e-NF que estaria diretamente ligado à Secretaria da Fazenda, reduzindo o processamento manual e aumentando a segurança”, relembra Wellington, que na empresa e no mercado é conhecido por Ton.

O que ele não contava era, depois da reunião, ser chamado por uma gestora que, no canto da sala, disse: “não faça isso, vocês vão demitir várias pessoas que cuidam disso na empresa”, rememora.

“Foi uma das maiores frustrações da minha vida", desabafa. “Mas foi aquela tristeza que me levou a uma reflexão bem lógica. Se aquilo fosse o futuro no mercado, eu poderia ocupar um lugar no qual poderia passar a vender o sistema, e gerar outras dezenas de oportunidades nas empresas de contabilidade, que seriam clientes desse novo mercado”.

Ele, então, decidiu sair da empresa e, ao pedir demissão, recebeu um conselho do seu então chefe, o empresário, João Gonçalves: “vá em busca de seu sonho. Em 1968, eu fiz isso e criei a Igual. Eu vou lhe pagar a demissão, vai ajudar no capital da empresa”. E ele foi, mas não tinha um CNPJ e capital para abrir uma representação de venda do sistema para vender as licenças.

Wellington decidiu procurar Carmellino que, naquele ano, era dono da SIEG, à época uma empresa focada em vender pequenos sistemas para instalação de lojas virtuais e que estava em sérias dificuldades. O objeto do contrato era que Carmellino, especializado em vendas, venderia os contratos e Ton daria o suporte técnico implantando e cuidando do pós-venda.

Até hoje ele conta a seus funcionários como formatou o core business da empresa. “Foi uma coisa bem cientifica: abri um exemplar das antigas listas telefônicas e, na sessão de empresas de contabilidade, escolhi a que tinha um anúncio”, relembra. “Naquele dia, disse a Carmellino, esse vai ser nosso primeiro cliente”, conta Ton, sabendo que vai provocar gargalhadas na plateia.

Foi assim mesmo, lembra seu sócio. “Mas, naquele momento, ninguém sabia que a SIEG tinha um CNPJ, porém estava indo para o buraco”. Naquele ano, a SIEG devia o aluguel da sala de 12 metros quadrados e até o carro usado para visitar clientes e vender os sistemas estava em lista de penhora, devido ao atraso das prestações. Mas o que eles queriam era ir atrás do cliente, e foram.

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Flávio Correia, fundador da SIEG lidera o departamento de vendas em São Paulo, ao lado de Henrique Carmelino. - DIVULGAÇÃO

Definindo o core business

“Hoje, eu conto isso e ‘tiro onda’ dizendo que, uma vez decidido o core business da futura representação, partimos para identificar o mercado a ser atendido. Mas aquela lista de páginas amarelas foi quem nos ajudou a identificar a Ascon, uma empresa de contabilidade no Recife que viria a ser o nosso primeiro cliente”.

A SIEG, portanto, não foi uma startup que nasceu de uma mente brilhante que escreveu um software inédito, fruto da imaginação de um cientista-chefe visionário que pensou numa solução de mercado, que o cliente sequer imaginava precisar.

No fundo, embora hoje se orgulhe de seus produtos, de seus nerds que estão aperfeiçoando e desenvolvendo novos sistemas e da estratégia de marketing e, especialmente, dos pós-venda, o chamado customer service, a SIEG é uma empresa focada em entregar soluções para problemas reais.

Voltando à primeira venda

A apresentação na Ascon ia bem para os gerentes da assessoria contábil, quando o dono da empresa entrou na sala e parou a conversa dando, literalmente, “uma geral” na equipe, que a essa altura estava entusiasmada com as novas possibilidades de melhoria da estressante rotina de catalogar, uma por uma, as milhares de notas fiscais dos clientes. “Então vocês fazem uma reunião para comprar ‘sistemas eletrônicos de emissão fiscal’ e não avisam ao sujeito que vai pagar por ele?”, reproduz, Ton, a fala do futuro cliente.

“Foi aí que eu pedi a palavra”, diz Henrique Carmellino, para sair daquele climão. “O senhor tem razão. Mas o que nós da SIEG decidimos foi primeiro demonstrar o nosso produto para que sua equipe o conheça e o apresente ao senhor. Até porque se eles não gostarem o senhor nem vai perder seu tempo”, relembra o “mestre na arte de vender” como o tratam seus colaboradores.

E funcionou. Carmellino convenceu o experiente contador, que resumiu seu sentimento numa abordagem final: “se vocês me entregarem metade do que me prometem, eu compro a licença”.

Foi nossa primeira venda”, lembra Ton. A partir de então, veio uma nova problemática: ele se deu conta de que simplesmente não tinham formatado um preço final, até que Carmellino decidiu que seria 1 salário mínimo mais um bônus pela volumetria. “A SIEG tinha um novo negócio e nós tínhamos o desafio de provar sua promessa”, justifica Ton.

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Empresa de 250 funcionário tem selo do GPTW como melhor lugar para trabalhar, - DIVULGAÇÃO

O cliente mais avançado do setor

O que eles não sabiam é que o sucesso do uso do SIEG Emissor, na Ascon, tinha transformado o escritório no mais eficiente prestador de serviços da praça, a ponto de, em pouco tempo, o dono da Ascon decidir apresentar o sistema aos associados do Sindicato dos Contabilistas no Estado de Pernambuco, atestando que sua empresa fora pioneira na automação de serviços de processamento de notas fiscais do Nordeste.

A apresentação virou um cartão de visitas e, depois dela, a SIEG nunca mais deixou de fazer novas vendas, expandindo sua presença no Nordeste e, a seguir, em São Paulo. Até mesmo junto à Secretaria da Fazenda ela se tornou conhecida pela oportunidade de mostrar o potencial do processamento distribuído, em tempo real, das notas fiscais.

Na verdade, foi a partir de experiências bem sucedidas das empresas clientes da SIEG que todos o pacote de captura de dados das empresas, através do que viria ser o e-Fisco, se tornou real e ajudou na divulgação entre as empresas dos beneficios da modernização dos processos de contabilidade, pela segurança que ele deu da sua conexão com o cliente e do Fisco com outras instâncias de arrecadação federal. O que, de certa forma, explica o seu uso pelas empresas de processamento contábil do mercado no Brasil.

Convidada pela Thomson Reuters

O tempo passou, a SIEG cresceu e, em 2019, se mudou para sua atual sede e foi convidada pela Thomson Reuters, líder mundial de soluções para empresas, para ser parceira. Hoje, as duas empresas mantêm uma parceria na qual três dos cinco sistemas da SIEG se integram ao sistema Domínio, da Thomson Reuters, que, além disso, tem um pacote de soluções para grandes clientes nacionais e internacionais que operam no Brasil.

Mas segundo o CEO da SIEG, Henrique Carmellino Filho, nessa jornada, ela precisou não só modernizar e manter suas soluções competitivas, mas vencer desafios, como o enfrentado em 2017 quando o proprietário do sistema que ancorava as vendas da empresa decidiu suspender a representação.

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Gistavo Carmelino é CTO e sócio da SIEG liderando uma equipe de 20 desemvolvedores no Recife. - DIVULGAÇÃO

Novos sócios da companhia

“Na verdade, eu havia entrado na empresa para ajudar nas vendas e, mais tarde, meu irmão Gustavo, que fazia curso de TI em Alagoas, passou a nos ajudar no suporte técnico e atendimento ao cliente. E sabíamos que, em algum momento, isso aconteceria, de modo que, nos primeiros movimentos do fornecedor do sistema emissor, aceleramos o desenvolvimento de uma solução nossa, agregando todo o conhecimento adquirido com os clientes e entendemos suas necessidades. Isso nos salvou porque, quando veio o rompimento, nós tínhamos uma solução melhor”, conta o CEO da SIEG.

Carmellino hoje lidera, ao lado do também sócio Flávio Correia, o escritório de vendas em São Paulo, onde a SIEG também tem uma base operacional. Devido à sua estrutura de vendas, ele se orgulha de não ter perdido um só cliente, quando anunciou o sistema emissor fiscal de sua propriedade que, a seguir, lançou os sistemas de Imposto de Renda, o de captura de notas de forma automática e a emissão de Danfe que chamou a atenção da Thomson Reuters.

Carmellino Filho e Gustavo Correia entraram para a sociedade em 2017 e, em 2019, os outros três sócios decidiram doar parte de suas ações transformando a companhia numa sociedade de cinco acionistas, cada um com 20% do capital da empresa, que neste ano deve faturar R$ 250 milhões. O novo desafio será o de ajudar as empresas a se prepararem para as novas rotinas que virão com a Reforma Tributária, o que deve gerar mais negócios.

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A SIEG faz o atendimento de seus 20 mil clientes na base do Recife. - DIVULGAÇÃO

Defesa da cultura da empresa

“Eu me tornei CEO e meu irmão Gustavo CTO por necessidade e pelo respeito que os fundadores tiveram pelo nosso trabalho. Mas a SIEG é uma empresa familiar de cinco sócios, muito além dos três que são parentes. E isso nos tornou uma empresa diferenciada, pois a gente sempre está buscando atender o cliente melhor, e isso qualquer empresa só faz com motivação e uma saúde mental corporativa” diz o CEO da SIEG, Henrique Carmellino Filho.

Para ele, chegou o momento de a SIEG pôr em prática uma série de abordagens que seus colaboradores já identificaram, seus líderes vêm analisando, e que serviu para formatar a proposta da SIEG Academy.

“Infelizmente, nós percebemos que o contador, que é o profissional que cuida da proteção da empresa junto ao cliente e ao Fisco, não se vê na sala de reunião do acionista. Ele se sente como um prestador de serviços, e nem sempre têm consciência de sua importância estratégica na companhia ou para seus clientes”, diz Carmellino Filho.

Sentimento de pertencimento

O que o empresário está verbalizando é o mesmo sentimento que o Conselho Federal de Contabilidade vem defendendo, e que é motivo de ações da entidade. Na verdade, quanto mais sofisticada se torna a legislação e o controle do governo sobre as operações das empresas, mais se torna importante a figura do contador. “Tanto que é ele quem assina o balanço da empresa ao lado do diretor financeiro”, diz o CEO da SIEG.

A proposta da SIEG Academy ajuda nessa abordagem, além de mostrar seus sistemas e suas soluções para profissionais, iniciantes na carreira e alunos de cursos de Ciências Contábeis, um mercado que, segundo segundo estimativas, tem um déficit de 20 mil vagas no país e não está entre as profissões condenadas a desaparecer. Hoje, o Brasil tem mais de 500 mil profissionais registrados.

Na verdade, diz Ton, “percebemos que, quanto mais os órgãos de controle interligam seus sistemas e aperfeiçoam os processos de cobranças, crescem as necessidade de suporte para atender essa demanda em tempo real”.

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Empresa fez uma aposta no ambiente colaborativo para suas equipes. - DIVULGÇÃO

Nova jornada do contador

Faz sentido. A jornada começa quando um cliente compra e a empresa emite um cupom fiscal, e só vai terminar depois de uma longa lista de atos, até que se transforme num arquivo digital que o Fisco poderá requisitá-lo a qualquer momento. “E quem vai cuidar disso é o contador, que a cada dia precisa estar mais habilitado em TI para responder ", diz o empresário.

Para Carmellino Filho, o desafio é fazer com que milhares de profissionais tenham essa consciência. No fundo, a proposta da SIEG Academy é desagregar o CPF dos profissionais com quem a gente fala todo dia embaixo de um CNPJ.

“No fundo, a gente está querendo ver o rosto dessas pessoas, emoções, sonhos e planos como todo profissional no mercado. E, muito em breve, conhecê-los presencialmente nos nossos futuros encontros”, conclui o CEO da SIEG.

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A SEIG tem escritório no Recife e em São Paulo com 250 colaboradores nas duas capitais. - DIVULGAÇÃO

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