Em novo livro, Marcelo Silva fala da gestão, da cultura e da sucessão em empresas familiares brasileiras

Autor conta os casos de sucesso no Magazine Luiza, Pernambucanas e Bompreço entrando num segmento não explorado na literatura corporativa brasileira.

Publicado em 27/10/2024 às 0:10

Marcelo Silva, o executivo que virou conselheiro de várias empresas familiares brasileiras depois de uma das mais bem sucedidas carreiras no mercado corporativo está de volta com um novo livro (ele é autor do bestseller “Gente não é Salame” e “O que a vida me ensinou”) falando daquilo que mais gosta: a construção da perpetuidade - que ajudou a fazer - em várias empresas de famílias empresárias.

Em "Empresas Familiares" ele conta os casos de sucesso do Magazine Luiza, Pernambucanas e Bompreço, entre outras, entrando num segmento ainda pouco explorado na literatura corporativa brasileira.

O livro terá sessão de autógrafos  nesta segunda-feira (28) a partir das 18h, no JCPM Trade Center, Av. Engenheiro Antônio de Góes, 60, Térreo, em Recife.

Executivo de sucesso com excepcional trajetória profissional, ele esteve ao lado dos melhores cases de sucesso em empresas familiares no Brasil. Marcelo Silva fala sobre isso aos leitores passando o conhecimento adquirido em mais de cinquenta anos de experiência.

Contribuições ao varejo

E ele tem importantes contribuições ao varejo moderno brasileiro tendo ajudado a implantar no país programas de governança setorial e melhoria de rastreabilidade como o Código de Barras que ajudou a estruturar no Brasil.

Ele também vem dado uma importante contribuição na defesa dos interesses das empresas de comércio como a criação do Instituto do Desenvolvimento do Varejo que presidiu e tornou um canal de difusão dos interesses das empresas brasileiras junto ao Governo.

Companheiro de Marcelo Silva no IDV, o empresário Flávio Rocha, presidente do Conselho Administração do Grupo Guararapes diz que empresas familiares costumam ser alvo de um preconceito simplório até antagônicas às corporações profissionalizadas e, não raro, ignoradas por supostamente inibirem o estímulo à meritocracia.

Divulgação
Empresas Familiares - A construção da perpetuidade de Marcelo Silva - Divulgação

Pilar da economia

Flávio Rocha alerta que isso é um enorme equívoco que o trabalho de Marcelo Silva ajuda a desmistificar, recomendando-o a empresários, profissionais e estudantes de administração. “Até porque esse tema até hoje não tinha sido devidamente explorado na literatura corporativa brasileira”. Afinal, a empresa familiar é um importantíssimo pilar da economia, no Brasil e no mundo.

Para quem não conhece o executivo de sorriso largo e jeito amigável, daqueles que o interlocutor põe fé de ofício no primeiro contato é importante dizer que ele começou sua brilhante carreira na rede nordestina de supermercados Bompreço, em Pernambuco; passou pela Casas Pernambucanas, em São Paulo e virou CEO do Magazine Luiza, onde coordenou também o processo de sucessão de Luiza Trajano por seu filho, Frederico Trajano.

E em todos os lugares onde trabalhou, deixou sua marca pessoal: uma mescla entre o respeito à tradição e o entusiasmo pela inovação. É dessa forma que enfoca a questão sucessória, certamente a mais relevante para as empresas familiares, com autoridade de quem pode falar na primeira pessoa.

Contar história de gente

O que torna o trabalho de Marcelo Silva importante ao falar de empresas familiares é que ele pode contar a história de gente que é importante para o varejo.

Isso vai de João Carlos Paes Mendonça - com quem trabalhou na construção da rede de supermercado Bompreço e considerada até hoje uma das mais inovadoras do setor - à atuação junto a dona da Pernambucanas, Anita Harley, bisneta do fundador da empresa, Herman Lundgren

Ela lhe entregou o comando da rede de varejo Pernambucanas, onde esteve seis anos na presidência da empresa, reestruturando completamente o negócio até sair para juntar-se a Luiza Helena Trajano que o queria no Magazine Luiza.

Apenas nesses três casos a trajetória de Marcelo Silva se diferencia da maioria dos executivos de sucesso no Brasil pelo que agregou à cultura das empresas o valor do respeito às pessoas.

Ligue para mim

O caso de sua ida para o Magazine Luiza tem a ver com um convite de Luiza Helena Trajano nas reuniões sociais do setor quando lhe disse que “no dia que você decidir deixar a Anita, não ligue para nenhuma outra mulher antes de mim”

Ele ligou e entrou para a empresa tendo ajudado a empresária a completar a preparação de seu filho Frederico Trajano, considerado um dos mais revolucionários do varejo que introduziu na rede a parte da adoção do conceito de e-commerce como suporte às lojas físicas.

Aliás, a empresária afirma que a nova obra de Marcelo Silva tem histórias, números, conceitos e, sobretudo, aquele tempero literário todo especial de suas narrativas. "Mas vem da visão de um pernambucano de engenho, olhos vivos, que nos traduz os segredos do mundo. E nesta escrita o que é mais complexo acaba explicado na mais espantosa simplicidade” diz a controladora do hoje Magalu.

Gratidão pela lições

Frederico Trajano, hoje CEO do Magazine Luiza faz questão de agradecer a Marcelo pelos ensinamentos que marcaram todos estes anos de sinergia em benefício do Magazine Luiza. Ele avisa que depois de percorrer as páginas o leitor, certamente o agradecerá pela magnífica aula sobre a magia da gestão em empresas familiares.

Ele é justo com Marcelo que percebeu características diferenciais “no garoto” quando começou a trabalhar junto com ele ao lado da mãe o encorajando na jornada de trabalho até o dia em que disse a Luiza Helena que não tinha mais nada o que fazer no Magalu porque Frederico estava pronto.

Amizade com JCPM

A saída do Magalu marca o início de uma bem sucedida carreira de integrante de vários Conselhos de Administração de empresas famílias entre elas o Grupo JCPM que o trouxe de volta aos empreendimentos do empresário João Carlos Paes Mendonça cuja amizade se firmou desde quando foi contratado para atuar na controladoria da empresa e só a deixou quando a rede foi vendida ao Grupo Royal Around.

O empresário João Carlos Paes Mendonça, fundador do Bompreço e presidente do Grupo JCPM avalia o livro como um texto fundamental para mostrar como é importante o esforço de educação empreendedora dentro das famílias empresárias.

Divulgação
Marcelo Silva, o executivo que vakudou a criar o Código de Barras e fundou o IDV, - Divulgação

Quem é Marcelo Silva

Marcelo Silva costuma se auto descrever assim: Eu nasci num engenho de cana, no interior de Pernambuco, comecei minha vida de trabalho bem cedinho, aos 15 anos, como escriturário de um banco. Aos 20 anos, ingressei em uma conceituada empresa internacional de auditoria, na qual atuei durante sete anos. Em 1978, tornei-me diretor do Bompreço, a maior companhia de varejo do Nordeste, na qual permaneci por 24 anos.

Em 2002, me transferi para a Pernambucanas, em São Paulo, depois assumi o cargo de CEO no Magazine Luiza, deixei a companhia e hoje continuo trabalhando, servindo aos conselhos de grandes empresas brasileiras, com o próprio Magazine Luiza, Movida e Grupo Moura.

Gente não é Salame

Em 2009, lancei meu primeiro título, Gente não é Salame e em 2013, foi a vez de O que a Vida me Ensinou. Agora, trato com carinho do fascinante universo das empresas familiares, tema que até hoje não tinha sido devidamente explorado na literatura corporativa brasileira. Penso que meus conhecimentos foram adquiridos na convivência com as pessoas, sobretudo no ambiente das companhias concedidas e mantidas pelo esforço familiar, diz o autor.

Ele explica por que decidiu abordar em um texto mais elaborado a questão sobre a história das empresas familiares: “A gênese da empresa moderna ocorreu no ambiente das famílias. A civilização humana tem origem justamente nas primeiras aventuras de produção familiar, que foram testadas há cerca de 10 mil anos, por meio da agricultura e da criação de animais em confinamento.

Caminho para frente

E continua: a História caminhou para frente e as empresas se organizaram, mas muitas das maiores corporações ainda hoje estabelecidas surgiram de experiências familiares iniciadas na Segunda Revolução Industrial, entre o período do boom tecnológico do século XIX e o fim da Segunda Guerra Mundial.

E hoje, do que necessitam as empresas familiares que aspiram à perpetuidade? “Basicamente, precisam aliar seus valores à estratégia de inovação permanente, geralmente a cargo dos herdeiros”, adverte Marcelo Silva.

Ele adverte sobre a importância da gestão profissional nas empresas familiares. É fundamental que as empresas familiares incluam o saudável olhar da diversidade em seus quadros de gestão profissional externa, oxigenando o ambiente corporativo, contribuindo com sua expertise técnica e contribuindo para estabelecer uma abordagem plural do papel da companhia na sociedade” conclui o autor.

Tags

Autor