Adriano Pires, do CBIE, diz que o Brasil permanece na contramão do mundo ao não usar o gás natural como combustível para a transição energética

E lembrou que o Governo quando publicou conjunto de medidas para o mercado de gás durante reunião extraordinária que ajudou a destravar o setor.

Publicado em 08/11/2024 às 14:30 | Atualizado em 08/11/2024 às 18:11

O consultor e sócio fundador do Centro Brasileiros de Infraestrutura, Adriano Pires, disse nesta sexta-feira (8), por ocasião do seminário 'Gás Natural para uma Transição Energética Sustentável e Igualitária', promovido pela (Abegás) e a Companhia Pernambucana de Gás (Copergás) que, apesar de iniciativas e programas lançados pelo governo, o Brasil permanece na contramão do mundo ao não usar o gás natural como combustível de transição.

Ao relatar a experiência internacional do uso da molécula do gás, Pires disse que o gás natural foi a ação de descarbonização mais significativa, mitigando o equivalente a mais de 10% das emissões de gases de efeito estufa dos EUA em 2021 e que a mitigação alcançada pelo gás natural é mais do que o dobro da mitigação proporcionada pelo aumento da geração de energias renováveis, que evitou cerca de 248 milhões de tCO2e.

E disse não entender a construção da ideia de que o gás natural não ajuda na descarbonização da nossa matriz energética. Ele comemorou a decisão no final de agosto pelo Governo Federal, quando publicou um conjunto de medidas para o mercado de gás durante reunião extraordinária.

Entre as medidas está a permissão para que a PPSA faça leilões de gás natural com o propósito de aumentar a oferta interna, inclusão de um dispositivo no projeto PL nº 327/2021(em tramitação no Senado) que tira a condição de dominância da Petrobras no setor de gás natural, por meio da realização de leilões compulsórios do combustível.

MAIS OFERTA

Segundo ele, isso poderia permitir que as empresas que controlam mais de 50% do mercado nacional terão que participar desses leilões, ofertando parte do gás para outros players.

A PPSA é uma empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME) e que Gestão dos Contratos de Partilha de Produção e da comercialização de petróleo e gás natural.

E a publicação da Lei nº 14.134/2021 (A nova Lei do Gás) que dispõe sobre as atividades relativas ao transporte de gás natural, de que trata o art. 177 da Constituição organizando as atividades de escoamento, tratamento, processamento, estocagem subterrânea, acondicionamento, liquefação, regaseificação e comercialização de gás natural.

Mas ele insistiu que apesar desses avanços o quadro ainda está defasado em relação a União Europeia que define o gás natural e a energia nuclear como fontes renováveis e ao Reino Unido que aprovou a construção do maior campo de petróleo e gás no Mar do Norte e nos nos EUA cuja substituição do carvão pelo gás natural na produção de energia elétrica resultou em uma redução estimada de 532 milhões de toneladas métricas de CO2 equivalente (tCO2e).

E disse que na última década, países como Estados Unidos e Reino Unido intensificaram o processo de substituição de carvão por gás natural, utilizando o hidrocarboneto como uma alternativa segura e menos poluente para produção de energia elétrica.

ESTRATÉGIA NACIONAL PARA O GÁS NATURAL

Adriano Pires defendeu a incorporação do gás natural à estratégia nacional de transição energética e o aumento da oferta de gás natural da União ao mercado doméstico, priorizando a redução dos volumes de reinjeção.

Ele sugeriu uma maior disponibilidade do hidrocarboneto para a produção nacional de fertilizantes hidrogenados, produtos petroquímicos e outros setores produtivos. E disse que enquanto o consumo industrial se mantém sólido, demonstrando-se uma boa âncora para a oferta futura, o uso do gás natural para a geração elétrica flutuou significativamente por falta de uma posição mais ativa do governo.

E finalizou dizendo que a OPEP+ projeta que o gás natural deve ter o maior crescimento entre as fontes até 2050 dizendo que embora as renováveis estejam ganhando espaço, o petróleo e o gás continuarão desempenhando papel fundamental compondo, ainda, 50% da matriz energética global.

Ele foi o palestrante do painel “Gás Natural para uma Transição Energética Sustentável e igualitária – Desafios e Oportunidades para o Brasil” que contou as presenças de Marcelo Alfradique, Superintendente Adjunto de Petróleo e Gás da EPE; Armando Monteiro, Conselheiro da CNI; Luiz Gavazza, Presidente da Bahiagás e do Conselho de Administração da Abegás; e . Lucas Simone, Head Regulatório da Commit Gás aberto pela Governadora do Estado de Pernambuco, Raquel Lyra, no Recife Expo Center.

Tags

Autor