Aposta do Nordeste como âncora de uma nova indústria, preço final hidrogênio verde segue alto no mundo
O H2V é uma molécula que escapa fácil. De cada 100 quilos resfriados, os estudos apontam perda de 40%. E hoje não existem navios para esse transporte.
Sonho dourado de 10 entre 10 governadores, especialmente do Nordeste, cujos estados trabalham intensamente na captura de grandes projetos de produção, a partir da oferta de fontes renováveis de energias como solar e eólica, a produção de hidrogênio virou um desafio global sobre a que preço será vendido para ser usado na mais diversas aplicações.
Na Europa, região que estabelece seu preço meta de dois euros, ele não chegou a esse valor mesmo a Espanha tendo se aproximado com três euros. Na verdade, o preço estimado na média é de 3,5 euros com poucos projetos em operação.
Energia renovável
Mas no Brasil, devido às condições de geração de energia renovável ele segue sem qualquer parâmetro a despeito de anúncio quase toda semana de mais um empreendimento com destaque para o Ceará, certamente o estado que mais aposta na molécula, com mais de 30 termos de compromisso.
Este ano, o Piauí também entrou na disputa com o anúncio do Governador Rafael Fontelles de localizar na ZPE do Parnaíba dois empreendimentos que visam usar H2V para a produção de amônia e exportar os excedentes.
Rota diferente
Pernambuco optou por uma rota diferente e, em parceira com a dinamarquesa European Energy, aposta da produção de e-metanol um dos produtos que o hidrogênio viabiliza ao lado do Combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla inglesa) que é o combustível verde do setor além da amônia cujo grande diferencial é ser base na produção de fertilizantes.
Mas uma questão básica continua em aberto: a que preço o Nordeste, ou o Brasil vai produzir H2V? Ganha uma passagem para o Santuário de Fátima pela Air Portugal quem souber.
Muitos desafios
Porque existem muitos desafios. O primeiro é que não é possível produzir H2V com preço competitivo numa planta cuja energia necessária precise vir de outro lugar. Em Portugal, onde uma planta está sendo feita junto do Porto de Cimbres, o custo de transmissão chegaria a 10% do preço final se fosse noutro local.
Isso quer dizer que o custo da transmissão da energia é um fator importante como agravante de hoje simplesmente não haver linha transmissão para os 50GW que serão necessários para serem usados apenas nos projetos já anunciados no Nordeste.
Energia solar
Aliás, uma marca dos projetos de geração no Nordeste é terem a participação de grandes empresas de produção de energia solar e eólica interessados em ser fornecedoras de plantas de H2V.
O assunto foi tema do painel Infraestrutura para Exportação de Hidrogênio e Derivados na Conferência Ibero-Brasileira de Energia – Coniben encerrada nesta sexta-feira em Lisboa.
Como exportar
Uma outra questão é o desafio de, uma vez produzido, o H2V ele estar em condições de ser exportado a um preço competitivo, especialmente para a Europa como sonham os empresários do Nordeste.
O H2V é uma molécula que escapa fácil, e de cada 100 quilos resfriados, os estudos apontam uma perda de 40%. Além disso, hoje não existem navios para esse transporte.
Novo combustível
Apesar desses desafios, o governo Lula aposta no novo combustível e criou após aprovação de um Marco Regulatório do Hidrogênio Verde um programa de R$18,5 bilhões para o setor de modo a tornar o preço final competitivo.
Mas Lula quer ver H2V usado mesmo é na produção de e-metanol onde ele faz parte da cadeia de produção e SAF. E-metanol é o combustível que os novos navios das grandes empresas de transporte estão usando, portanto um mercado real.
E-metanol e CO2.
O desafio é que além da energia, o e-metanol precisa de CO2. No caso da planta de European Energy, em Suape, 100 mil toneladas/ano, o que gerou um novo negócio para as usinas de açúcar e álcool do estado cuja produção CO2 está na cadeia de produção e hoje é jogado fora. O desafio é produzir tanto CO2.
O outro grande mercado é o de SAF que internacionalmente tem prazo para ser usado que começa com a obrigação de 1%, em 2027 e que deve chegar a 10%, em 2037. Mas hoje não tem e uma das dificuldades é o custo do hidrogênio verde.
Lógica da amônia
A produção de amônia no Brasil tem uma lógica diferente. Ser componente da produção de fertilizantes. Isso quer dizer que é possível combinar isso num estado como o Piauí, por exemplo, que faz parte do Matopiba (acrônimo formado pelas letras iniciais do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), cujo governador está procurando um investidor para uma planta na sua ZPE.
A questão do preço continua, mas o senador Fernando Dueire (MDB-PE) que acompanha o setor elétrico de perto é otimista. Ele acha que a tecnologia vai baixar radicalmente os preços dos componentes industriais para a produção de H2V. E cita o que aconteceu no passado com a energia eólica.
Desafio de custos
Dueire reconhece que hoje, o preço do hidrogênio verde é inviável. Mas insiste que quando os projetos estiverem sendo implantados isso mudará. Ele considera essencial que o governo ajude criando como já criou uma linha de incentivos fiscais.
Embora todos concordem com a tese de que o H2V colocará o Brasil numa situação privilegiada, todos também reconhecem (em privado) que a questão do preço da molécula é a maior complicação.
Cimbres Portugal
O consultor pernambucano Luiz Piauhylino Filho, Diretor da H2 Verde, está participando do primeiro grande projeto de H2V, em Cimbres Portugal, desenvolveu uma calculadora para estimar os custos de um quilo de hidrogênio verde é um dos poucos a dizer que não é bem assim.
Ele afirma que o desafio do Brasil é chegar a um custo competitivo para fazer e-metanol, SAF e amônia focados em fertilizantes.
Desafio mundial
Segundo ele, isso não é um problema do Brasil apenas. O mundo todo aposta no hidrogênio verde, mas a questão do custo depende da energia e do que os governos estão dispostos a oferecer, explica.
Ele adverte para a questão da energia. “Mesmo o Nordeste tendo um preço que inveja os europeus é fundamental que a planta esteja junto da geração de energia. Fora do sítio, tem a transmissão e hoje as linhas não suportam a demanda prevista nos projetos anunciados. Então se for para esses projetos de H2V, quem vai pagar pelas linhas?
Crença franciscana
Ele é um dos poucos que faz essa advertência mostrando contas. No geral, e em público, todas as vozes são de otimismo e uma crença franciscana de que o H2V salvará a nova economia de regiões como o Nordeste.
Então, como aposta Fernando Dueire, vamos esperar que a tecnologia faça cair os preços dos insumos e equipamentos e nosso H2V seja diferencial. Até porque o brasileiro é conhecido por sua fé.
Continua
Saque aniversário
A CBIC, em conjunto com a Associação de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e o Secovi-SP, divulgou manifesto expressando preocupação com a utilização dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para estimular o consumo.
As entidades alertam que a modalidade de saque-aniversário compromete a sustentabilidade do fundo, que deveria ser direcionado prioritariamente para habitação popular, infraestrutura e saneamento. Desde a implementação do saque-aniversário em 2019, mais de R$121 bilhões foram retirados do fundo, impactando o setor. Segundo dados da CBIC esses recursos inviabilizaram.
Fertilizantes
De janeiro a agosto o Brasil importou 28,03 milhões de toneladas de fertilizantes. O Estado de Mato Grosso é líder nas entregas ao mercado, com 21,2% , seguido de Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás, Minas Gerais e Bahia.
Energia no Vale
A Associação Pernambucana de Energias Renováveis vai reunir investidores, instituições financeiras, empresários e estudantes em Petrolina, nesta quinta-feira(21) no Hotel Nobile Suites Del Rio. Vai divulgar novas práticas e tecnologias, discutir tendências do mercado, além de gerar negócios em energias renováveis para as empresas do Vale.
Interiorização
Na 51ª edição da ABAV Expo o crescimento na busca de destinos nacionais com foco na valorização da interiorização do turismo virou um tema a ser analisado. O turismo doméstico teve um aumento de 40% no número de viagens domésticas em 2023 em comparação com o período pré-pandêmico.
Segundo a presidente do conselho da ABAV Nacional, Ana Carolina Medeiros, as projeções para o turismo doméstico e a interiorização apontam para um crescimento contínuo, com expectativa de aumento de 25% no fluxo de turistas em destinos menos conhecidos até 2025.
Tenório Simões
O presidente da Construtora Tenório Simões presidente Rafael Tenório recebe os principais nomes do mercado imobiliário pernambucano para um café da manhã exclusivo no Coco Bambu Boa Viagem por ocasião dos 15 anos da empresa. A partir de 2025 a empresa inicia a construção do primeiro de uma série de empreendimentos na capital pernambucana.
Lançamento CME
A construtora CME, liderada por Adriana e Caio Muniz, reúnem corretores e investidores nesta quinta-feira (21) para apresentar o Marcos Freire Residence. O evento será no cinema do Shopping Patteo, remetendo à história do Grupo e à cidade que é um dos focos da CME. O empreendimento terá três quartos com vista para o mar, rooftop, espaço gourmet e área de lazer completa.
Delino da Iquine
O fundador e presidente Honorário do Conselho da empresa, Delino Souza da Iquine, marca que está comemorando 50 anos, recebeu homenagens das entidades do setor da Construção na 27ª edição do Programa Empreendedor do Ano Brasil. O Grupo Iquine detém a maior indústria de tintas do Brasil com capital 100% nacional e a terceira do país em volume de produção, envolvendo 700 colaboradores diretos.
Desnecessário
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) entende ser desnecessária qualquer proposta de emenda constitucional voltada à redução da jornada de trabalho. Por entender que é matéria redundante, pois a minirreforma trabalhista de 2017 já estabelece prerrogativas plenas aos trabalhadores e empregadores. E porque hoje há numerosos setores e empresas no País nos quais a jornada já é menor e de apenas cinco dias semanais.
Bate chapa
O prefeito de Paudalho e atual presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) Marcelo Gouveia avisou que será candidato à eleição da entidade, marcada para acontecer no final do mês de fevereiro. A decisão veio após o Seminário de Novos Gestores. Durante o evento, a gestão de Marcelo Gouveia foi lembrada por avanços significativos. Deve bater chapa com o recém eleito prefeito de Aliança, Antonio Ermirio que já se lançou candidato.