Investidor brasileiro já ganha 15%, ao ano, para emprestar ao governo que precisa rolar R$ 1,2 trilhão da dívida em menos de 12 meses
Em março, a taxa Selic chegará a 14,25%, igual a que teve em 2015 no meio da crise que levou ao Impeachment da então presidente Dilma Rousseff.
Um investidor que tenha adquirido, na manhã de ontem, um título do Tesouro Direto Prefixado 2027 terá obtido uma remuneração do seu capital de 15,57%, ao ano de retorno. Se tiver comprado o mesmo título com vencimento em 2031 terá remuneração anual de 15,14% beneficiando-se dos maiores níveis de rentabilidade da série histórica de ambos os títulos lançados pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) como forma de democratizar a compra de títulos públicos.
O Tesouro Direto é um sucesso, ele tem ativos de quase R$150 bilhões (R$147.03 bilhões em Outubro) onde o Tesouro Selic tem a maior procura com 37,59% do total e ao menos 2,7 milhões de pessoas já compraram ao menos um título uma vez.
Tesouro Direto
O sucesso do Tesouro Direto (55,02% dos investidores tem menos de 35 anos) mostra que o brasileiro está muito interessado em se aproveitar das altas taxas de juros que o governo paga, através da STN que emite os títulos de nossa Dívida Pública que vem subindo há 16 meses consecutivos no governo Lula abrindo uma perspectiva de chegar ao 80% assustando cada vez mais os analistas do mercado.
Nesta terça-feira, quando o dólar chegou a R$6,20, mesmo com o Banco Central tendo (sem sucesso) investido pesado para baixar as cotações, a procura pelos títulos do Tesouro Direto disparou. Mas a maior preocupação do governo foi com outra cotação: a dos juros futuros que passaram de 15%, ao ano depois da divulgação da ata do Copom.
E ela não deixou dúvidas quanto à postura ultraconservadora do colegiado na reunião da semana passada que elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual (chegando a 12,25%) e indicou mais duas elevações de igual magnitude.
Ata do Copom
A Ata do Copom diz que diante de “um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”.
Em bom português: a partir do dia 19 de março (a primeira reunião será 29 de janeiro), o Brasil voltará a ter uma Taxa Selic de 14,25%, ao ano igual a que teve entre 30 de julho e 2 de setembro de 2015 no meio da crise que levou ao Impeachment da então presidente Dilma Rousseff.
Impeachment
O presidente Lula não corre riscos de enfrentar nenhum processo de Impeachment. Mas o que assusta os gestores da Dívida Pública do Brasil é que quando o governo oferecer seus títulos ao mercado, eles terão que oferecer taxas pelo menos iguais aos dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI).
E foram essas aplicações que estiveram contadas a 15,07%, ao ano para janeiro de 2026; 15,41%, para janeiro de 2027, em 15,265% para janeiro de 2029 e o DI de janeiro de 2031, em 14,95% ao ano. Ou seja: todos os papeis operaram acima do patamar de 15%.
Cotação do dólar
Essas cotações decorrem de vários fatores, inclusive, das cotações do dólar para o mercado do dia. Mas sinalizam uma enorme desconfiança do mercado no governo Lula. E isso tem a ver com o tamanho da dívida brasileira, que é uma dívida do governo com os investidores brasileiros.
Pouca gente sabe que os pagamentos dos fluxos de amortização e de juros da DPFe em outubro, por exemplo, não chegaram a R$1 bilhão (982,72 milhões). Instituições Financeiras e Fundos de Investimentos guardam 53,2% de tudo aquilo que os brasileiros têm de poupança. Os investidores não residentes no Brasil somam 9,48% das aplicações.
Juros futuros
O desafio do governo ao enfrentar taxas de juros futuros que passam da expectativa de inflação - mesmo que ela esteja em alta - é que a cada movimento no sentido de rolar a dívida pública ela vai ficando maior e lastreada em títulos de prazos mais curtos.
Países como os Estados Unidos mesmo com volume muito alto de sua dívida pública tem credibilidade suficiente para emitir títulos de 10, 20, 30 e até 50 anos o que alonga o perfil de sua dívida. O Brasil tem uma situação completamente diferente.
Sete trilhões
Dos R$7,07 trilhões que o Tesouro Nacional deve ao mercado (dados de outubro de 2024) 45,33% vencem entre um e quatro anos. E 18,11% em até 12 meses. Por isso, quando 36,56% de nossa dívida começa a pagar juros acima de 15% num papel com prazo a partir de quatro anos, todo mundo se assusta porque é uma taxa absurdamente alta que o país está contratando.
Para um país com uma economia como a que tem o Brasil dever R$7, 07 trilhões, como devia em outubro não é um problema grave. O que preocupa os analistas é que essa dívida a cada ano vem tendo prazo menor para a sua rolagem. Poucos países do mundo precisam rodar um título emitido em menos de um ano.
Cheque especial
Mas o Brasil precisa fazer isso com 18,11%. Ou seja, o governo precisa rolar R$1,23 trilhão no prazo de um ano. O que significa ter que separar mais dinheiro do orçamento apenas para pagar o que deve e refazer o empréstimo.
E aí quando o Governo, há 16 meses vem pedindo mais dinheiro emprestado aos bancos além do que precisa apenas para pagar os títulos vencidos, qualquer movimento aponte para aumentar o gasto preocupa.
Por isso o movimento do dólar acaba se somando à perspectiva da inflação e ao próprio comportamento do governo. A começar pelo próprio presidente Lula.
H2V adiado
A empresa australiana Fortescue pediu à Aneel adiamento da assinatura do contrato e pagamento das garantias ao Sistema Integrado Nacional (SIN) do seu projeto de geração de hidrogênio verde no Ceará. A Fortescue foi uma das empresas que apresentou um projeto pronto para iniciar as obras de construção de unidades industriais de produção de Hidrogênio Verde no Hub do Complexo Industrial e Portuário do Pecém.
A empresa informou que o board na Austrália ainda não emitiu o Financial Investment Decison (FID) prometendo uma decisão de investimento no segundo semestre de 2025.
A Fortescue está desenvolvendo uma instalação integrada de hidrogênio verde e amônia no Porto de Pecém (CE), capaz de produzir 168.000 toneladas de hidrogênio por ano (equivalente a 0,9 milhão de toneladas de amônia), com investimento total de cerca de R$20 bilhões.
Com a aprovação, ela está autorizada a construir sua planta para a produção e distribuição de H2V na ZPE Ceará. Criada em 2003 na Austrália, a Fortescue é uma das principais empresas globais do setor de desenvolvimento tecnológico, mineração e energia verde.
Super Secretária
Não se sabe se o prefeito João Campos vai reconduzir a secretária Ana Paula Vilaça ao comando do Recentro cuja atuação abrange as Zonas Especiais de Patrimônio Histórico nos Bairros do Recife, Santo Antônio e São José, e a área de Preservação Rigorosa situado no Bairro da Boa Vista.
Mas, nesta terça-feira (17) ela distribuiu um relatório de 30 páginas onde afirma que o escritório articulou a atração de empreendimentos privados, como o restaurante Moendo na Laje, Moinho Business e Life, Novotel Marina, Recife Expo Center e o Motto by Hilton. Além disso, articulou a mudança do Restaurante Bargaço, o Liquida Recife e o Rec ‘n´Play. Ou seja, tudo o que a Prefeitura do Recife viu naquela região passou pelo Recentro. Não sobrou nada fora do alcance do escritório. Impressionante.
Selfit no NE
A rede Selfit Academias encerra 2024 com 34 novas unidades inauguradas, totalizando R$120 milhões em investimentos no setor fitness. Chegou a 151 unidades em implantação, sendo 119 próprias e 32 franquias. As 34 novas unidades, a maioria está localizada no Nordeste, reforçam a atuação da rede na região. Para 2025, o plano nacional prevê 19 inaugurações no primeiro trimestre, 15 no Nordeste
Certificação
A Atiaia Renováveis – empresa de geração e comercialização de energia do Grupo Cornélio Brennand – ampliou sua certificação internacional de energia renovável I-REC, combinada com o selo REC Brazil, para sete usinas em operação nos estados de Pernambuco, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Com o acréscimo dos três projetos, a empresa estendeu o I-REC para 54% de seu parque em operação nos estados de PE, MT e MS, totalizando 187,33 MW de potência instalada e 899.000 MWh/ano de geração anual.
Super Tucano
O Ministério da Defesa de Portugal assinou um contrato com a Embraer para aquisição de 12 aeronaves A-29N Super Tucano que equiparão a Força Aérea Portuguesa, tornando Portugal o cliente de lançamento da nova variante desta aeronave de treinamento avançado e ataque leve.
Com esta compra, Portugal se torna a primeira nação a operar o A-29N, tomando a dianteira na adoção de uma plataforma extremamente capaz, projetada para apoiar uma ampla gama de modernas missões de defesa.
Cachaça temática
A cachaça Pitú está colocando no mercado três milhões de unidades da cachaça silver de 350 ml, a famosa "branquinha" envasada em mais uma de suas tradicionais latas temáticas de final de ano. A inspiração deste ano é o “calendário da resenha”, e mostra que 2025 é um ano que promete. Serão 52 sextas-feiras, 09 feriados em dias úteis e 5 feriadões. A criação da campanha e das artes é da agência Ampla Comunicação.
Controle das Bets
A AGU está informando ao TCU que não tem como vetar a aplicação do uso do dinheiro do Bolsa Família em jogos na Bets. Mas o Governo Federal está avançando nas discussões sobre novas regras para o mercado de apostas online.
O Secretário de Prêmios e Apostas, Régis Dudena, revelou em entrevista à TV Brasil que as novas regulamentações exigirão o registro do CPF dos apostadores nas plataformas de bets. Isso permitiria o monitoramento do histórico de apostas com o argumento de uma maior combate às fraudes e aos beneficiários do Bolsa Família que têm utilizado do valor do benefício para apostar em jogos online.
O que preocupa o governo é que dos 20,89 milhões de famílias beneficiadas, 17,4 milhões (83,4%) são chefiadas por mulheres para quem o dinheiro é transferido.
Sucuri-verde
A Reforma Tributária tem gerado situações inusitadas. O senador aprovou uma emenda ao projeto de regulamentação da Reforma Tributária que pode fazer com que o Grupo Atem, dono da Refinaria da Amazônia (Ream), tenha benefícios fiscais da ordem de R$3,5 bilhões anuais. Para quem não lembra, a Ream era da Petrobras foi vendida e está parada. Mas continua vendendo combustível de terceiros num esquema de benefícios fiscais.
Como na Amazônia não tem Jabuti, a emeda está sendo chamada de sucuri-verde pelo tamanho do impacto. A oposição apresentou uma proposta para derrubar, na Câmara dos Deputados, mas está difícil.