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Coleção Bíblia editada no Brasil pela Companhia das Letras no Brasil. - Fernando Castilho
Frederico Lourenço, o professor da Universidade de Coimbra que está entregando ao mundo a primeira edição da tradução da Bíblia do grego para o português, nos apresenta um trabalho ainda mais interessante: Os Quatro Evangelhos.
Uma edição bilíngue dos quatro livros do Novo Testamento onde o leitor pode comparar cada página do grego com o português o que para os alunos da área de Teologia, Filosofia e Letras de língua portuguesa será também uma nova ferramenta de pesquisas.
O livro lançado, em novembro, pela editora Quetzal, de Lisboa tem edição bem cuidada de capa dura, sobrecapa com uma imagem do quadro Batismo de Cristo do pintor Guido Reni (1575-1642) que está no Kunsthistorisches Museum de Viena, na Suíça, um total de 700 páginas que melhora ainda mais a experiência de ler os livros escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João.
Ele mostra isso de uma maneira bem diferente do que simplesmente os capítulos de cada um dos livros que formam o Novo Testamento da Bíblia, ainda hoje o livro mais consumido do mundo. Especialmente, pelo novo interesse dos livros que falam do contato dos apóstolos que conheceram a Jesus.
Para quem ainda não conhece o trabalho de Frederico Lourenço, ele é um respeitado autor em toda Europa conhecido pelas suas traduções da Ilíada e Odisseia de Homero e está (há sete anos) publicando uma tradução dos livros do Novo e do Antigo Testamento.
Seis volumes da edição produzida pela editora portuguesa Quetzal já estão disponíveis. Deles, três estão disponíveis na edição brasileira publicada pela Companhia das Letras revelando a construção da história de cada um dos 70 livros que formam a Bíblia Sagrada.
Os quatro evangélhos de Frederico Lourenço. - Divulgação
Pergaminhos de 2.000 anos
O diferencial de Lourenço é que, antes dos textos traduzidos dos pergaminhos escritos há mais de 2.000 anos, o autor nos entrega um conjunto extraordinário de notas que mostram como cada um desses escritos foram sendo incorporados ao texto que conhecemos e sua importância para o conjunto da Bíblia que herdamos traduzida do grego.
Isso se dá após resultado de uma profunda pesquisa sobre o que os arqueólogos e pesquisadores estão descobrindo sobre cada livro numa sequência de dados que levam o leitor a entender melhor o livro que doutrina religiões cristãs e judaicas sem tratá-las como um texto de doutrinação.
Lourenço incluiu o que existe hoje de mais moderno na pesquisa arqueológica dos textos bíblicos com as novas descobertas dos eventos relacionados nos Novo e Antigo Testamento tema de dezenas pesquisadores ao redor do mundo.
Os seis livros já publicados por Lourenço pela editora Quetzal de Lisboa embutem, portanto, o que mais novo se conhece de pesquisa científica sobre as pessoas e o ambiente em que os livros da Bíblia foram sendo escritos de uma forma atraente que nos últimos anos se transformaram em manual dos alunos de vários cursos de graduação e pós-graduação.
E, curiosamente, isso vem acontecendo não apenas nas duas maiores universidade portuguesas como Lisboa e Coimbra (onde Frederico leciona), mas em faculdades brasileiras que fizeram de o professor ter atualmente mais seguidores nas suas mídias sociais no Brasil que mesmo em Portugal onde leciona e dirige o Centro de Estudo Clássico e Humanísticos da Universidade de Coimbra.
No novo livro, o professor especializado em traduções de obras do grego para o português - ele é autor das traduções da Ilíada e Odisseia, de Homero, inclusive edições adaptadas para jovens - o objetivo é permitir comparações para pessoas iniciadas em grego.
Lourenço, que também escreveu uma antologia de Camões, nos entrega uma espécie “Novo Testamento 2.0” devido à combinação do que já está contido na edição do primeiro volume do projeto Bíblia, com a facilidade de o leitor poder ler na página anterior o mesmo texto em grego.
Frederico Lourenço está traduza Bíblia do Grego para o Português. - FERNANDO CASTILHO
Língua falada pelo povo judeu
O novo livro objetiva, entre outras coisas, ajudar os estudiosos do grego e alunos das universidades brasileiras que pesquisam a língua falada pelo povo judeu no período em que Jesus esteve entre eles e atende à demanda de um movimento acadêmico crescente que faz com que, ao menos sete faculdades brasileiras tenham cadeiras regulares do ensino grego nos seus currículos. Inclusive maior que em Portugal segundo revela Lourenço.
Claro que Os Quatro Evangelhos, não é um livro para que as pessoas aprendam grego. O objetivo de uma edição bilíngue é ampliar o conhecimento desses quatro textos que mudaram para sempre a História da Humanidade.
Pois, como ele diz na introdução do livro, nestes quatro textos não se falava das façanhas heroicas de reis e guerreiros nem se reportavam às conversas de aristocratas atenienses como lazer e o dinheiro contada por Homero, Sófocles ou Platão.
Aqui, destaca Frederico Lourenço, falava-se de pescadores e de leprosos; fala-se de pessoas desprezadas pela sua baixa condição na sociedade; fala-se de figuras femininas que não eram as rainhas e princesas da epopeia e das tragédias gregas, mas sim de mulheres normais da vida real.
Acima de tudo, escreve o autor, fala-se "de certo homem filho de um carpinteiro nazareno: um homem carismático, cheio de compreensão por todo tipo de sofrimento humano que acabou por morrer crucificado , como se fosse um criminoso, no meio de dois ladrões”.
Mas para quem mergulha no texto riquíssimo de informações além dos versículos através das notas, é uma experiência tão interessante como é conhecer o trabalho do pesquisador de Coimbra na tradução da Bíblia para um português. Curiosamente uma das seis línguas mais faladas no mundo que nunca teve uma tradução a partir do grego. Mesmo sendo Portugal um dos países cristãos mais antigos da Europa.
Coleção Bíblia editada em Portugal pela editoria Quetzal. - Fernando Castilho
Experiência dos primeiros cristãos
Os Quatro Evangelhos acaba sendo uma experiência de como ler os primeiros livros da bíblia na sua forma mais antiga permitindo uma viagem no tempo até o mundo dos primeiros cristãos.
Lourenço usou como base o Codex Vaticanus 1209 pertencente ao acervo da Biblioteca Apostólica Vaticana e digitalizado com uma atualização do pesquisador Benjamin Paul Kantor realizada, em 2020.
Como tem sido uma marca de seu trabalho no projeto Bíblia, ele acrescenta à tradução do grego para o português um bloco de notas que transforma essa experiência do leitor numa jornada de conhecimento.
Ali estão 190 páginas com centenas de explicações sobre as palavras e informações contextualizadas dos versículos, funcionando como um extraordinário manual para entender melhor o ambiente ao redor de cada versículo escrito.
Como é possível constatar, já no primeiro versículo de Marcos, quando explica que o nome Jesus é a forma grega de Josué, em hebraico Yesüa, cuja etimologia está semanticamente ligada à ideia de Salvação.
E que a palavra Cristo é um substantivo grego que deriva do verbo khríó que significa ungir. Cristo é, portanto, literalmente o Ungido que, por sua vez, é a helenização do termo Messias de origem hebraica.
Uma outra informação que Lourenço Gonzaga nos apresenta é sobre os magos descritos por Mateus (2.2).
Ele diz que uma das explicações mais sugestivas para o “astro” visto pelos magos no Evangelho de Mateus é que se tratou do cometa Halley que foi, efetivamente, avistado no ano 12 a.C na primeira metade de outubro.
E que se a “estrela de Belém” foi, na verdade, o cometa Halley podemos saborear a esotérica informação astrológica de que que Jesus era do signo de Balança.
Embora o mais provável é que o “astro” visto pelos magos tenha sido apenas realidade bíblico profética e não uma realidade astronômica.
Momento de contextualização
Assim como, no primeiro volume da coleção Bíblia, o grande bloco de notas de Os Quatro Evangelhos nos proporciona bons momentos de contextualização histórica que faz mais agradável a leitura. Lourenço nos reproduz uma pergunta clássica: Quando teria sido escrito o evangelho de Mateus?
Acreditar no relato tradicional de que Marcos escreveu sob influência de Pedro implica, para alguns, aceitar que o texto foi escrito antes da destruição de Jerusalém, que ocorreu no ano 70 de nossa era.
O problema dessa informação é que Pedro teria sido martirizado no reinado de Nero, imperador que morreu em 68. O que revela o problema de que quem escreveu o Capítulo 13 do Evangelho de Marcos o fez sem conhecimento da destruição de Jerusalém ordenada pelo imperador Tiro no ano 70 d.C.
Uma outra questão importante relacionada a idade de Jesus Cristo quando de sua crucificação. Ou com quaj idade tinha quando morreu?
Segundo Lucas, Jesus tinha aproximadamente trinta anos quando começou seu ministério; o mesmo Lucas nos diz que isso aconteceu no 15º ano do reinado de Tibério. Entretanto, segundo os Evangelhos Sinópticos, o ministério de Jesus Cristo começou no ano em que João Batista foi preso.
Como se sabe, por documentação confirmada, João Batista foi sem dúvida uma figura real, tanto que foi mencionado por Flávio Josefo que nos aponta para o ano 34. Ora, se se compatibiliza a vida real de Jesus com dados históricos reais implica aceitarmos que o ministério de Jesus começou aos 34 anos.
Novas traduções de Frederico Lourenço do grego para o português editdas em Portugal. - Fernando Castilho
Sobre o ministério de Jesus
Tem mais: O evangelho de João informa que se celebraram três Páscoas. Mas outra passagem do mesmo apóstolo permite estimar que ele teria sido crucificado com 40 anos, como alguns historiadores atuais estimam que isso teria sido na sexta-feira 30 de março do ano 36.
O que nos remete a uma outra dúvida sobre o ano em que ele nasceu? No ano 12 a. C que é a data que o cometa Halley teria sido avistado.
Essas informações comparadas e contextualizadas são o eixo da grandiosidade do trabalho de Frederico Lourenço que está presente nos seis livros da coleção Bíblia e que será completada como o segundo tomo do Volume V e o livro de encerramento dedicado a Pentecostes no qual o ele trabalha ainda sem previsão de lançamento em Portugal.
O Tomo 2, do Volume IV, aliás, é um dos volumes mais importantes da tradução de Frederico Lourenço quando se propôs fazer dos textos gregos da Bíblia (os Septuaginta), por ser aquele que mais aproxima textos poéticos e sapienciais, poesia e teologia, fé e paixão.
Por enquanto, os leitores brasileiros podem se contentar com os três já disponíveis do Brasil. Embora possam adquirir os outros três da edição portuguesa pela internet disponiveis no (https://www.quetzaleditores.pt/livros);
Ou pedir aos amigos que visitam Portugal trazê-los na bagagem.
E se o amigo for, de fato, colaborativo, é bom incluir não apenas o novíssimo Os Quatro Evangelhos da edição bilíngue como também Os Evangelhos Apócrifos (igualmente bilíngue) e com o pacote de notas de contexto.
O que faz dessa forma sofisticada de ler a Bíblia uma grande jornada.
É jornalista desde 1977 e formado pela Unicap. É Mestre em Ciências da Linguagem desde 2018. Já atuou no Jornal do Brasil, O Globo e Diário de Pernambuco. Assina a Coluna JC Negócios desde 1998, tendo apresentado programas de Economia nas TVs Tribuna e Jornal. Escreve sobre mídia digital e apresenta o programa Momento Econômico na Rádio Jornal de segunda a sexta, às 17h30