Fusão da Gol com Azul tende a que Nordeste tenha menos voos para seus destinos e preços maiores

Num comunicado no final da noite desta quarta-feira, o Chief Financial Officer (CFO) da Abra. Grupo Abra (investidor majoritário da Gol Linhas Aéreas e da Avianca), Manuel Irarrázaval, anunciou que a empresa e a Azul Linhas Aéreas assinaram Memorando de Entendimento (MoU) não vinculante com a intenção de explorar uma combinação de seus negócios no Brasil.

No mercado financeiro MoU é uma forma educada que uma empresa comunica que está comprando outra. Para quem não sabe, a Abra é uma empresa sediada no Reino Unido e um dos grupos de transporte aéreo mais competitivo da América Latina e que controla as marcas Gol e Avianca sob uma única liderança.

Dona de avião

E controla também a Wamos Air, empresa que é líder na Europa em operações de gestão e aeronaves de fuselagem larga como os gigantes A330 dos quais tem 13 unidades. Na verdade, a Abra está dizendo que quer comprar a Azul. Mas se a fusão for aprovada, o CEO da Azul, John Rodgerson, presidirá o novo grupo.

Não é uma boa notícia para o passageiro. E pior ainda para o passageiro do Nordeste que ano após ano vem perdendo opções de voar dentro da Região. Inclusive, pela Azul e pela GOL. O Brasil é um país continental com alta concentração de mercado com apenas 10 empresas operando onde a TAM tem 39,1%, a Gol 30,7%, a Azul 29,7% e o que sobra com mais sete micro empresas.

Marca importante

E mesmo que, no ano passado tenhamos atingido a marca de 118 milhões de passageiros voados, o número é muito baixo se comparado per capita à sua população de mais de 200 milhões de habitantes. No ano passado ao menos 25 (24,9) milhões de viagens foram para destinos internacionais, entre eles 6,6 milhões de estrangeiros.

O número é pífio. Em 2024 a Espanha recebeu 94 milhões de turistas estrangeiros e Portugal 31,2 milhões de visitantes, onde apenas a TAP transportou dois milhões de passageiros do Brasil com 91 voos por semana ou uma média de 13 por dia.

Sem regionais

Então, o anúncio de que a GOL pode se fundir com a Azul é muito ruim. Pouca gente sabe, mas onze municípios do Nordeste serão afetados a partir de fevereiro com a suspensão de voos da Azul e da Latam.

Os novos cancelamentos foram nas cidades de Barreirinhas, no Maranhão, e Teresina, a capital piauiense, Jericoacoara, no litoral do Ceará, e Natal, no Rio Grande do Norte. A Latam vai cancelar a partir de 22 de fevereiro os voos diretos entre Teresina e São Luís. A partir de 30 de março serão encerrados os voos diretos da Latam entre o Rio de Janeiro (Aeroporto do Galeão) e Natal. Latam e Gol não voam do Recife para João Pessoa e Natal.

Complementares

O comunicado afirma que as redes e a frota da Gol e da Azul são complementares em quase 90% das rotas, sendo que cada empresa voa com aeronaves de diferentes tamanhos e atende a diferentes destinos.

E que a combinação dos negócios da Gol e Azul visa criar um player de aviação global competitivo e resiliente aumentando a democratização do setor. E que as empresas Gol e Azul manterão suas marcas independentes e certificados operacionais, atendendo a mais de 200 destinos no Brasil e internacionalmente.

Fragilidade do negócio

O problema dessa concentração é que ela expõe a fragilidade do negócio no Brasil, um país com dimensões gigantescas que não consegue ampliar sua oferta de voos internos pelo altíssimo custo das passagens. E isso acaba travando a economia regional porque o Governo acaba cedendo às pressões para manter ou instalar aeroportos regionais que não tem rotas regulares.

Também revela que, apesar do otimismo dos ministros do Turismo e dos Portos e Aeroportos, o quadro é difícil porque as perspectivas de crescimento e de atendimento regional são praticamente nulas.

Ministro otimista

Otimista, Silvio Costa Filho encara essa possível fusão, se o CADE avaliar, como uma federação partidária. “Eles vão se fortalecer, pensando no fortalecimento da aviação brasileira. Mas, pelo que entendi, eles vão querer preservar as suas autonomias financeiras e de governança.”

O problema é exatamente esse. Hoje, o passageiro pode escolher entre três empresas. Em breve, vai ter duas e dezenas de rotas, apenas uma. Isso já acontece no Nordeste e no Norte onde os preços de voos intra-regionais são iguais aos de uma viagem internacional.

Risco de quebra

O ministro acha que o pior cenário para o Brasil seria que essas empresas quebrassem. “Acho que o pior cenário para o país é esse” afirmando que o governo precisa oferecer uma "mão amiga" para fortalecer o setor e preservar empregos.

É difícil saber o que o governo pode oferecer às empresas além do que já oferece. A maioria dos estados do Nordeste dá isenção de impostos (ICMS sobre o querosene) com a expectativa de que as empresas ampliem suas rotas, o que nem sempre se materializa.

Passagem cara

E mesmo que publicamente o governo afirme que não vai permitir o incremento no preço das passagens aéreas, seja através da Anac ou do ministério dos Portos e Aeroportos, a verdade é que em relação ao preço da passagem aérea eles podem fazer pouco.

Em 2022, o índice de aumento foi de 24,02%. Em 2023, os preços das passagens aéreas subiram 47,24% nos 12 meses do ano. No acumulado daquele ano, a inflação ficou em 4,62%. Em 2024, a expectativa é que a tarifa média das passagens aéreas caia 5,1% em 2024.

Grandes destinos

Os preços das passagens sofrem o efeito dessa concentração no setor. Isso acaba fazendo com que os principais destinos de base econômica acabem dominando o mercado. São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília acabam virando hub naturais onde o passageiro não raro é obrigado a ir para eles e pegar uma conexão para outras capitais e cidades de porte médio.

O Recife é um caso bem típico em relação a capitais como Natal, João Pessoa e Maceió. Nos últimos, o Recife virou hub de transbordo especialmente para essas capitais onde o turista de lazer busca praias da Região.

Passando no Recife

Ele compra a passagem para a família para a capital pernambucana e no Aeroporto do Recife pega um transporte rodoviário para uma dessas três capitais. Fica mais barato se descesse aqui e pegasse um voo regional.

Então, quando as empresas aéreas anunciam que vão compatibilizar as operações isso na ponta quer dizer reduzir as opções de voos e, naturalmente, elevar os preços médios das passagens. Apesar daquele discurso de que os serviços continuarão iguais.

Maus pagadores

A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) monitora os eventuais atrasos de pagamentos dos contratos garantidos pela União. E pagas aos credores internacionais e nacionais quando os estados não quitaram as parcelas.

Em 2024, a União pagou R$ 11.45 bilhões em dívidas garantidas dos entes subnacionais, sendo R$ 5,15 bilhões do Estado do Rio de Janeiro, R$ 3.73 bilhões do Estado de Minas Gerais, R$ 1,52 bilhões do Estado do Rio Grande do Sul, R$ 903,00 milhões do Estado de Goiás. E vem pagando há muito tempo.

Até hoje o governo federal já honrou R$75,05 bilhões. O maior inadimplente é o Rio de Janeiro que já teve R$40,57 bilhões de suas dívidas pagas pela União, depois vem Minas Gerais que deixou de pagar R$19,44 bilhões.A seguir vem Goiás com R$ 5,76 bilhões e a seguir o Rio Grande do Sul com R$ 3,80 bilhões. Cláudio Castro(RJ), Romeu Zema(MG), Eduardo Leite(RS) e Ronaldo Caiado(GO) reclamam, mas não pagam nada à União.

Residência incônica

Promessa dos governadores Paulo Câmara e Raquel Lyra a sede do GBMar do Corpo de Bombeiros, em Piedade, desafia as administrações há quatro anos. A casa que pertenceu ao empresário José Ermírio de Moraes à beira mar foi doada pela família para ser uma instalação cultural. Mas o governo do estado viu melhor serventia numa instalação para os bombeiros depois de uma restauração que manteria as linhas do belo imóvel.

No governo Paulo Câmara, foi anunciada a contratação do projeto. No governo Raquel Lyra, a restauração chegou a ser anunciada. Mas até agora a casa virou apenas depósito de equipamento usado e fora de uso. Enquanto isso, o GBmar funciona num galpão a 500 metros do prédio a ser restaurado.

Comércio de rua

Em tempos de e-commerce o Indicador de Atividade do Comércio da Serasa Experian mostrou manutenção no ritmo de crescimento em relação ao observado em 2023. Os setores de combustíveis e lubrificantes foi o segmento que teve o maior avanço do ano (7,4%), seguido por “Veículos, Motos e Peças” (6,9%). Até porque não se abastece carro pela internet.

Esposismo

O jornal Diário do Nordeste de Fortaleza (CE) fez um levantamento sobre o fenômeno do “esposismo” quando prefeitos contratam seus cônjuges. O gesto não chega a ser ilegal, mas levanta debates sobre concentração de poder e aos menos em 10 municípios todos os dias o casal vai trabalhar junto. Seguindo as recomendações do matrimônio: Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença...

Dono do Câmbio

O Itaú Unibanco encerrou 2024 como o maior banco de câmbio do Brasil, segundo o ranking divulgado pelo Banco Central (BC). O banco transacionou um total de US$241,825 bilhões em operações de câmbio primário, que incluem importações, exportações e transferências do e para o exterior. Ano passado, 70% das transações de câmbio do banco foram realizadas por canais digitais, com 44% das operações totalmente automatizadas, sem necessidade de intervenção humana. Esse índice era de 25% em 2023.

 

Trabalho perdido

Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) Representante de 34 instituições do Sistema Nacional de Fomento (SNF) divulgou nota sibre a revogação normas de fiscalização. Junto com a Receita Federal, a entidade vinha trabalhando nos protocolos de transferência de informações da 133 fintechs para os computadores do sistema de acompanhamento financeiro, incluindo novos meios de pagamento nas declarações feitas por instituições financeiras e, agora, também por instituições de pagamento.

 

Obra de Maria

A Masterboi está dando uma força financeira à “Grande Celebração dos 35 anos da Comunidade Obra de Maria”, que vai acontecer de hoje (17) até domingo (19), no Centro de Convenções e na Arena Pernambuco. Estão sendo esperadas mais de 40 mil participantes que acompanham a comunidade e grandes estrelas da música religiosa.