Analistas resistem à ideia de que Trump se ocupará do Brasil e creem que pragmatismo supera histórica resistência de Lula com EUA
Presidente Trump revogou toda a legislação que Biden escreveu uma hora depois da posse, no mesmo gabinete na Casa Branca. Nova era de protecionismo

Há, por parte de analistas brasileiros e internacionais com ligações com o Brasil, uma percepção de que Donald Trump não se ocupará do Brasil, e que com tantas coisas para cuidar nesse seu segundo governo, o Brasil estaria no fim de uma lista, e que somente no futuro o presidente norte-americano daria alguma atenção ao nosso país.
Ou pelo fato de o Brasil ter laços fortes com a Europa e com a China, além de ter potencial de ampliar as relações com seus vizinhos, com a Índia e com o Oriente Médio.
Mudou o regime
O Brasil tem essas relações, mas o problema é exatamente esse, num momento em que os Estados Unidos mudam o seu próprio regime e iniciam uma nova era de protecionismo de seus interesses, que começa com a atitude de querer mudar o nome do Golfo do México, retomar o Canal do Panamá e ficar com a Groenlândia.
Não tivemos apenas uma posse onde o presidente diz “na lata”, como eles costumam dizer, afirmar no seu discurso de posse que vai revogar - como revogou - toda uma legislação que o presidente anterior escreveu, e que o faria dali a uma hora numa sessão no seu gabinete na Casa Branca.
Corrente de comércio
Ou que pelo fato de o Brasil ter uma corrente de comércio de US$ 80 bilhões como os Estados Unidos, mesmo do governo Trump, haverá espaço para discussões entre os dois governos, buscando uma solução negociada. E que os diversos mecanismos bilaterais consolidados entre Brasil e Estados Unidos para se discutir questões comerciais devem prevalecer.
Até porque os Estados Unidos foi o primeiro país a reconhecer nossa Independência, em 1722. Isso é verdade, mas já tem analista prevendo que o novo governo americano deve impor, ainda este ano, tarifas de 10% a bens importados do México e de 5% a produtos do Brasil.
Decretos em série
Tudo isso é verdade e se dá ainda sem uma leitura de uma “tempestade de decretos” que o presidente assinou enquanto dava uma entrevista aos jornalistas credenciados, onde se surpreendeu com o fato de o Brasil ter feito, juntamente com a China, uma proposta de cessar-fogo na Ucrânia.
A frase é basilar: O que o Brasil tem a ver com isso? Para, em seguida, dar uma real de “eles (Brasil e América Latina) precisam mais de nós muito mais do que precisamos deles. Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todos precisam de nós".
COP 30 de que?
Mas seria ingenuidade ou um desejo acreditar que Trump não se ocupará do Brasil num sentido de que vamos ter problemas. Eles vão começar já na COP 30, que será no Pará. E o que os seus representantes vão propor deve ser algo tão radical que nem em pesadelo os atores da conferência conseguiram imaginar.
O governador anfitrião, Helder Barbalho, não quer, como a maioria dos governantes, abrir nenhum embate como o de Trump. Em Davos (Suíça), onde há um ano, a escolha do Brasil foi vista como um sopro de frescor ambiental do que viria depois de Belém, ele disse que “Os Estados Unidos, como economia que lidera o Planeta, como líderes nas emissões com a China, não podem de maneira alguma estar fora desse debate.”
Contra eólicas
Eles estarão sem dívida, mas não como se imaginava. Algumas coisas chamam atenção sobre quanto o novo governo dos Estados Unidos vai se comportar a partir de agora em relação à questão dos combustíveis.
No meio de um de seus discursos, Trump detonou. A palavra é essa mesmo: detonou a indústria de geração de energia eólica. Ele disse que as torres estavam causando prejuízos aos produtores rurais com a desvalorização das suas terras vizinhas pelo barulho das pás dos geradores.
Barulho forte
Isso é verdade nos Estados Unidos, na China e no Brasil, onde o Nordeste, que é líder na produção dessa energia, tem um crescente problema no meio rural com esse barulho, que faz milhares de produtores saírem de suas terras.
Na China, ninguém reclama ao governo, mas nos Estados Unidos, essas torres estão em terras de alto valor e seus proprietários querem agora sua retirada. Dane-se o discurso de energia limpa. Viva o gás de xisto, que gera a mesma energia.
Sustentável
Se ele está condenando uma indústria de porte como a eólica, já nos primeiros discursos vai estar interessado no desenvolvimento econômico sustentável e, acima de tudo, compreendendo que esta é uma agenda necessária para cuidar das pessoas e salvar a humanidade?
Os Estados Unidos são firmes não apenas nas guerras em que se envolveram, onde transformaram os conflitos numa oportunidade para testar e reciclar seu sofisticado arsenal de guerra. Nem todo mundo percebe que desde quando entraram na guerra, os americanos transformaram o conflito num negócio que avançou sua indústria em todos os setores. Isso virou um sistema de comércio internacional às vezes pago pelo próprio contribuinte, mas às vezes pago pelos parceiros.
Putin e Xi Jinping
Mas eles são bons na negociação de sua indústria nos tempos de paz. Nas barreiras que impõem para seus clientes, venderem no seu mercado. E vai ser nesse campo que o jogo vai ficar pesado para o Brasil. E vender para os americanos, que têm a maior diversificação setorial na nossa corrente de comércio desde o setor siderúrgico, máquinas e aeronaves até celulose, café, carne e suco de laranja. Eles nos forçam a embarcar em tecnologia.
Então, não tem notícia boa nesse comportamento do novo sistema de governo americano. Eles vão nos cobrar mais, sim. E vão nos pressionar pela nossa liderança ambiental, como pelas nossas relações com a Rússia e a China que, aliás, estão achando ótimo esse Trump com seu “Make America Great Again”, deixando uma avenida de oportunidades para os dois países.
Tanto que Vladimir Putin e Xi Jinping reafirmaram a aliança entre a Rússia e a China e prometeram aprofundar os laços entre seus países, com direito ao Kremlin e a TV estatal chinesa CCTV divulgando as imagens do encontro.
A TAP e o Brasil
Ao comunicar que teve um ano muito bom, a TAP Air Portugal, que transportou em 2024 um total de 16,1 milhões de passageiros, 16% mais que em 2023, preferiu destacar o crescimento do número de passageiros transportados nas rotas da América do Norte (EUA e Canadá), que atingiram um total de 1,59 milhão, 8,9% a mais que ano anterior.
Tudo bem se as rotas do Brasil não tivessem transportado mais de dois milhões de passageiros para a Europa, 7,1% mais que em 2023. A marca dos dois milhões de passageiros num único ano é um novo registro histórico para a TAP.
Pátio Solare
A Construtora Carrilho anuncia o pré-lançamento do Pátio Solare, novo projeto residencial na Imbiribeira, marcado para fevereiro. O empreendimento conta com 268 apartamentos compactos, distribuídos em duas torres e infraestrutura completa. Sua localização estratégica, próximo a escolas, shoppings e estação de metrô, reforça o compromisso da empresa em oferecer praticidade e qualidade de vida ao mercado imobiliário pernambucano.
Outorga onerosa
A Construtora Mendonça Aguiar, de Fortaleza, está pagando um dos maiores valores outorga onerosa para a construção de um edifício residencial do Nordeste, nada menos que R$ 24 milhões (R$ 24.568.722,13) à prefeitura da cidade para erguer, no cruzamento da avenida Beira Mar com Rua João Cordeiro, um prédio com terá 143,2 metros de altura e 45 pavimentos, sendo três no subsolo, um térreo, três sobressolos, um andar de lazer, 36 para os 108 apartamentos residenciais e um rooftop. Os 108 apartamentos tiveram distribuição no empreendimento conforme os pavimentos com área entre 175,64 m 2 (A), 236,67 m 2 (B) e 168,26 m 2 (C).
A outorga será necessária porque a taxa de ocupação (TO) do solo para a região é de que seja igual ou inferior a 60%. O empreendimento vai ocupar 71,13%, portanto, 11,13% a mais do que o permitido, que equivale a um terreno virtual de 372,23 m 2 para os recuos. A secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente informou que o dinheiro será utilizado para investimentos em melhorias sociais e urbanas, tais como implantação de equipamentos urbanos e comunitários. Os preços ainda não foram revelados.
Insper no Recife
Pernambuco será o primeiro estado a receber um curso do Insper fora de sua sede em São Paulo. Será de 27 de janeiro a 2 de fevereiro, na sede da Ademi-PE. Com o tema “Políticas Habitacionais: Resultados e Desafios”, a capacitação é destinada a profissionais do setor e gestores municipais que lidam com desenvolvimento urbano e habitação. A iniciativa é promovida pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Habitação junta várias empresas do setor.
Revee Geraldão
A Revee S.A., que vai administrar o Geraldão, é uma empresa focada em Real Estate e Entretenimento, ela é atualmente responsável pela administração do Estádio do Canindé em São Paulo e pela Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte e o Distrito Revee em Araraquara (SP). Ela pertence a GetNinjas S.A., uma plataforma online para conectar clientes a prestadores de serviços por todo país. As duas têm ações na B3, embora a Revee esteja no segmento especial do Novo Mercado da B3 S.A.
Setor de death care
O nome é death care, um setor que compreende serviços e produtos voltados ao cuidado com pessoas falecidas e ao suporte às famílias enlutadas. Movimentar R$13 bilhões por ano impulsionado pela diversificação de serviços e busca por soluções personalizadas como o Grupo Morada, com atuação em Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte que atende toda essa cadeia produtiva.
Homem da COP 30
Finalmente, o presidente Lula fez a nomeação do embaixador André Corrêa do Lago como Presidente da COP 30. Profissional com ampla experiência em diplomacia climática, o embaixador possui o conhecimento e as capacidades necessárias para mediar negociações entre os mais de 190 países.
Corrêa do Lago assume sabendo que terá uma grande responsabilidade pela frente: em um mundo polarizado, com os Estados Unidos - o segundo maior emissor do mundo de gases do efeito estufa - deixando o Acordo de Paris, enquanto vemos os eventos extremos se intensificarem, será necessária muita habilidade para que avanços cruciais aconteçam.