Uma conversa em forma de livro
Lourival Holanda lança "Um homem livre: Montaigne" hoje às 5 da tarde, na APL
Professor admirado e atuante, o presidente da Academia Pernambucana de Letras (APL), Lourival Holanda, lança hoje o livro “Um homem livre: Montaigne”. Publicada pela editora portuguesa Astrolábio, a obra traz reflexões baseadas no pensador francês do Renascimento. Realçar a atualidade do pensamento elaborado no século XVI é uma das intenções de Lourival Holanda, que revela ter tido a companhia de Montaigne e seus “Ensaios” durante a reclusão da pandemia.
Para quem tem a sorte de ouvir o presidente da APL falar, nas aulas, palestras, debates e sessões da Academia, a leitura de “Um homem livre: Montaigne” reforça o jeito de comunicar ideias que é, também, o exercício de uma ética poética. Lourival Holanda fala como quem escreve palavras no ar. E escreve como quem está conversando com o leitor – à maneira de Michel de Montaigne, como indica o professor de Letras da UFPE.
“Montaigne foi companheiro nos dias difíceis de isolamento social, durante a pandemia. Era o modo de estar em contato com o mundo. Esse encontro resultou no livro que tem muito a oferecer às gerações mais jovens. Montaigne é um conversador e o livro nada mais é do que uma conversa”, diz. Uma conversa, entre outros temas, sobre liberdade, espírito crítico, amizade e diversidade.
O evento de lançamento será na sede da APL, no bairro das Graças, no Recife, a partir das 5 da tarde desta segunda-feira.
Trechos do livro
“Talvez cada época leia a seu modo os seus clássicos, reinterpretando-os de acordo com seus valores. E então a obra é lida em outra perspectiva, expondo outras visões e dimensões. Tenta decifrar sua linguagem, que atravessa o tempo e dialoga ainda com as questões candentes dessa época. E assim, devolve a vida palpitante dos textos ao presente dos leitores. Os clássicos sempre se renovam; e, às vezes, nos renovam”.
“Alguns temas que ele [Montaigne] toma enquanto matéria de seus comentários são de grande atualidade: o regime de opressão que ainda rege o mundo, aqui e ali; o recrudescimento dos preconceitos; a exclusão do Outro na prática cultural diária; a intolerância política e religiosa. Sugere que se guarde o espírito vigilante frente a tantos males que nos cercam: a tirania, a paixão política, a desistência de si nos engajamentos retóricos em causas espúrias. E, sobretudo, o cuidado com o Outro – seja ele o índio, a mulher, o vizinho, o homem de outra crença”.
Sobre o autor
Lourival Holanda é natural de Bodocó, no sertão do Araripe. Cursou filosofia em Paris, na Universidade de Paris VIII, é Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo, professor titular de Literatura da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), membro da APL, ocupante da cadeira de número 04 desde 2016, e do Instituto Arqueológico, Geográfico e Histórico de Pernambuco. É autor de vários estudos sobre cultura e literatura no Brasil e na França. Publicou Fato e fábula (1999) e Sob o signo do silêncio (1992), estudo comparativo sobre Vidas secas, de Graciliano Ramos, e O estrangeiro, de Albert Camus, e Realidade inominada (2019). Ele foi empossado como presidente da APL em 2022, quando a nova diretoria da Casa tomou posse para o biênio 2022-2024.