A educação pelos livros

Levar a literatura contemporânea para a sala de aula, através dos próprios escritores e escritoras, é uma das formas de ampliar o aprendizado crítico que vem dos livros

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Publicado em 06/08/2023 às 0:00 | Atualizado em 06/08/2023 às 10:42
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Patricia Vasconcellos, Carla Régis e Cibele Laurentino, em Campina Grande - FOTO: Divulgação

Em debate proporcionado pela Feira Literária de Campina Grande – FLIC – no dia de seu lançamento, na última sexta-feira, experiências e caminhos para a literatura na educação foram abordados em perspectivas diferentes, para um atento público de estudantes de Letras da UFCG. O Circuito Livronews reuniu a escritora Cibele Laurentino, a editora e escritora Patrícia Vasconcellos e a professora Carla Régis, além da participação do organizador da FLIC, Stellio Mendes, que faz da literatura nas escolas um propósito de vida, incorporado ao evento que chega à sexta edição em novembro.
Para Patrícia Vasconcellos, da editora Pó de Estrelas, o livro é um objeto de arte, e não deve ser apresentado no ambiente escolar apenas como conteúdo didático. “O compromisso de quem faz literatura como arte é oferecer o melhor, tanto na linguagem escrita, como na linguagem imagética”, afirmou, em referência ao que chama de livros para as infâncias, incluindo a criança que habita o adulto. Cibele Laurentino ressaltou a importância de autores contemporâneos na leitura a ser estimulada para os estudantes, sem retirar o valor intrínseco aos clássicos literários. “Temos uma grande leva de escritores de qualidade que vale muito a pena se conhecer, trazer para a sala de aula, não só para ler, mas ter o contato direto com o escritor”. A autora de “Todas em mim” disse à turma de Letras que o momento é de celebração, pois nunca se teve tantas mulheres escrevendo, publicando e sendo lidas. “Trazer a literatura contemporânea para a sala de aula faz a diferença, porque os alunos e alunas vão poder se identificar mais com a língua, o momento e os temas de hoje”, defendeu Cibele.

A leitura necessária e cada vez mais difícil em sala de aula

Com a experiência de quem executa projetos de estímulo à leitura em escolas públicas e privadas, e busca saber, no dia a dia, o que os estudantes leem e escrevem, a professora Carla Régis, ex-aluna do curso de Letras da UFCG, deu seu testemunho sobre os desafios à ampliação da literatura na educação. Um deles é o impacto negativo da tecnologia sobre o aprendizado e o desenvolvimento cognitivo, com a gigantesca oferta de uma “leitura esfacelada” para crianças e adolescentes. Para ela, a leitura de livros é um caminho necessária para a formação de cidadãos conscientes da realidade. “A conversa sobre leitura vem se tornando difícil em sala de aula”, conta a professora Carla. Por isso, despertar a curiosidade pelos livros é fundamental, chamando atenção para as histórias que envolvem e impulsionam a leitura. “O prazer da leitura como arte, e não como pedagógico. O ler por ler, que não seja tarefa de um currículo a cumprir”. Carla Régis reconhece ser difícil instigar nos alunos a leitura pelo prazer, mas é possível. Ao perguntar o que os estudantes estão lendo, a professora passa a ler também os livros contemporâneos. “Se um menino ou menina de 13 anos está sentado, com um calhamaço de várias páginas, devorando, isso é arte, prazer. Estão viajando e desenvolvendo o cognitivo, a capacidade crítica. Por que vou dizer que isso não é literatura?”, perguntou, sugerindo que a fantasia de obras atuais pode suscitar outras leituras, no realismo fantástico, por exemplo.

Julio C
A editora da Pó de estrelas com estudantes de Letras - Julio C

 

A evolução da memória

A neurologista Sílvia Laurentino faz palestra nesta segunda, 7, na Academia Pernambucana de Letras – APL, sobre “A evolução da memória”, que aborda o cérebro humano. O evento é aberto ao público, na sede da APL nas Graças, no Recife, a partir das 3 da tarde.


Mulheres escritoras do Ceará

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Patrícia Cacau do Mulherio das Letras Ceará - DIVULGAÇÃO

 

Na terça, dia 8, será a live de lançamento da campanha “Mapeamento das mulheres escritoras cearenses” para o Mapa Cultural do Ceará. A iniciativa segue até o final do ano e visa orientar as políticas públicas para a literatura feminina. A live de lançamento é uma parceria da Secretaria de Cultura estadual com o coletivo Mulherio das Letras Ceará, e terá a participação da escritora Patrícia Cacau.

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Raíssa Lettiere faz Laboratório de Leitura sobre Ferrante - Divulgação

Elena Ferrante

Raissa Lettiére promove o Laboratório de Leitura sobre a obra “A amiga genial” de Elena Ferrante, a partir da próxima quinta, a partir das 8 da noite. Serão quatro encontros online, sempre às quintas-feiras, até 31 de agosto. Mais informações no Instagram @raissalettiere.


Jéssica Iancoski

O coletivo Feminino Infinito promove live na sexta, 11, com a poeta, editora e artista gráfica Jéssica Iancoski, vencedora do Prêmio Candango. Paula Valéria Andrade faz a mediação. No Youtube e Spotify da UBE-SP às 3 da tarde.


Fábrica de Cânones

A editora Fábrica de Cânones promove lançamento duplo no sábado, 12, em São Paulo. De “Crescente Fértil”, poemas de Carolina Rolim, e “Relinchos”, de Francielly Baliana. Na Livraria Patuscada a partir das 7 da noite. Ambos estão disponíveis no site www.fabricadecanones.com.br.


Encefalograma na livraria

No próximo sábado, a Livraria Jaqueira recebe o lançamento do livro "Neuromarketing - Ciência, Comportamento e Mercado", de Karla Menezes e Luiz Moutinho, publicada pela DVS Editora. O evento de autógrafos contará com um experimento, através do uso de encefalograma, em que “a pesquisadora fará a leitura de ondas cerebrais para perceber e analisar as preferências do consumidor, a partir de estímulos de marketing e propaganda”. Na unidade do Recife Antigo, a partir das 5 da tarde.


Um menino e um vulcão

Também sábado, no Rio de janeiro, a FTD Educação lança “Duas ilhas” de Guilherme Semionato, com ilustrações de Zansky. É a história da amizade entre um menino e um vulcão. O pai do menino é aviador e a mãe, bióloga. A família mora numa ilha vulcânica. A sessão de autógrafos e bate-papo com o autor será na livraria Pequeno Benjamim, a partir das 3 da tarde.


Orwell sobre livros

A Livraria Gráfica está lançando “Na livraria com Orwell: ensaios sobre livros, literatura e escrita”, que reúne oito textos de George Orwell publicados entre 1936 e 1946. Os pedidos podem ser feitos até o dia 20 no site www.livrariagrafica.com.br, e somente então são produzidos e enviados. A organização, tradução e posfácio são de Gisele Eberspächer.


Relato de um pai apaixonado

O filho com síndrome de Down fez com que o pai, Marcelo Nadur, olhasse a sociedade de outro modo. A sugestão para o Dia dos Pais é da editora Global, que publica a obra a respeito de Rafael, “um menino que chegou para iluminar a vida de todos à sua volta”. Comentários de amigos e da família também integram o livro “Síndrome de Down – Relato de um pai apaixonado”.


Do espírito das leis

O clássico de Montesquieu ganha nova tradução em português, pela Editora Unesp. Com tradução e notas de Thiago Vargas e Ciro Lourenço, “Do espírito das leis” foi publicado pela primeira vez em 1748, influenciando até hoje o conceito de democracia, como a ideia de que apenas um poder é capaz de conter outro poder. Para Thiago Vargas, “essa formulação é muito mais ampla do que geralmente se atribui à ‘teoria da separação dos poderes’, pois não se reduz somente aos checks and balances entre Executivo, Legislativo e Judiciário, e tampouco se refere apenas aos contrapoderes institucionais: ela trata também da relação entre Estados e das formas de distribuição do poder no interior de uma sociedade, abrangendo todos os campos de força que a permeiam, sejam eles sociais, econômicos ou políticos”.


Kalash meu amor

Um livro-manifesto contra a naturalização da crueldade: é assim que a Gryphus apresenta o novo livro de Marilia Fiorillo, vencedora de dois Jabutis, em 1981 e 1999. Em “Kalash meu amor”, a autora aponta “a cegueira seletiva da maioria da população diante de aberrações de toda sorte e de crimes hediondos”.


As máquinas na mente

Chegando ao Brasil pela Martins Fontes, o livro da filósofa Anne Cauquelin “nos convida a observar os mecanismos daquelas – teóricas ou concretas – que nos ajudam (ou nos obrigam) a conceber certa ideia do mundo. E que produzem restos”. Saiba mais no site www.emartinsfontes.com.br.


Editora Ameli

A obra de estreia em quadrinhos da editora Ameli traz uma história inspirada no incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro, em 2018. “Fechamos” é uma HQ que recebeu Menção Honrosa na Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha no ano passado. Escrito por Gilles Baum e ilustrado por Régis Lejonc, foi publicado na França pela Les Éditions des Élephants em 2020.

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