A ligação imortal através das criações compartilhadas. A coragem e a ternura que se transmitem nos gestos cotidianos. A diversão emocionada ao longo do caminho. A presença que entrelaça fé e acaso. O medo provocado pelo desconhecido e a alegria da descoberta, juntos. O encontro entre a realidade e a fantasia. A surpresa de uma relação que se renova com o passar dos anos. A presença que permanece na escrita da vida. As reminiscências que ficam. A poesia no sangue e nas palavras.
No Dia dos Pais, mensagens especiais para a Literária expressam o amor e o significado da paternidade. Para meu pai, Paulo Roberto, e aos meus filhastros, Tomás e Sofia. Tudo que podemos ser, vem de antes, segue depois.
Flerte com a imortalidade
“Tanto o pai quanto o autor flertam, querendo ou não, com a imortalidade. Em suas criações eles assumem, cada um a seu jeito, um compromisso com a posteridade. Com o sangue e a palavra, deixam sua marca em outras vidas, o que enobrece e torna ainda mais belo o seu papel”.
De Luiz Fernando Brandão, pai de Júlio, Jorge e Ammi. Autor de “Triptik, uma viagem na terra dos gurus e outras bandas” e “Para o bem ou para o mal”.
Ser pai é montar rodinhas
“O que uma filha sabe sobre ser pai? Eu, pessoalmente, sei muito. Sei que requer coragem e ternura própria. Ser pai é montar rodinhas na bicicleta de seus filhos. Admito que só sei porque tive um ótimo professor, meu pai, o autor de “Você ri de mim ou comigo?”. O próprio livro é um exemplo de ser pai, criado em um momento que precisávamos de rodinhas a mais na bicicleta. Esse dia dos pais é único, pois, no final de semana seguinte ao do dia dos pais, lançaremos, ele, como autor, eu, como ilustradora, essa obra a quatro, não, a seis mãos, porque o Miguel, meu irmão, o inspirou”.
De Sofia Weber para o pai, Marlon de Almeida, poeta e professor de literatura do Colégio de Aplicação da UFRGS. O lançamento com pai e filha será no próximo sábado, 19, na Livraria A Página, em Porto Alegre, a partir das 4 da tarde. A publicação é da editora Dialogar.
Para povoar mundos inventados
"Escrever não teria a mesma graça sem as minhas crianças para povoar aqueles mundos inventados. Por eles (ou com eles), suavizei vilões, mudei o destino de heróis e batizei personagens. Além de companheiros em lançamentos e em eventos literários, tive o raro privilégio de dividir, mais de uma vez, as páginas com as artes dos dois. Guigo e Nina, minhas queridas cobaias literárias, vocês tornaram o meu caminho muito mais divertido! Ultra mega obrigado! Amo vocês!"
De Alexandre de Castro Gomes, autor de “O Rupestre”, “Motim das letras” e “O menino que colecionava guarda-chuvas”, entre outros títulos, pela Globinho.
Um instante de segundo
“Sabes, filho? O mundo aí estava e como maior prova de amor, este encontro que eu lá sabia, pra assim eu aprender como nunca antes, e em um instante de segundo entender um monte de acasos que meu pai me fizera passar. Por ora talvez você não entenda esta fala curta, mas tua presença foi maior prova de fé no mundo que descobri e dela além disso pouco sei dizer, afinal amar não seria um verbo intransitivo?”, escreve Maílson Furtado, premiado em 2018 com o Jabuti de Livro do Ano para “A Cidade”, e que lançou recentemente “Esquinas”.
Imaginação compartilhada
“A relação entre filho e pai e pai e filho é uma construção constante e cuidadosa, cercada de temores pelo desconhecido e alegria da descoberta. Produzir histórias em conjunto foi uma possibilidade de troca, de mútuo conhecimento, de soltar a imaginação de forma compartilhada. Revisitar estas histórias tem sido um momento muito especial para reafirmar um compromisso de amor e de amizade, enfim, de sermos felizes em conjunto”.
De José Roberto Goldim, autor de “A biblioteca dos livros amigos” junto com o filho, Alberto Goldim, pela editora Dialogar. A obra é baseada em histórias contadas oralmente pelo pai, quando o filho era criança.
Realidade e fantasia
“Para um autor, talvez seja impossível não ficar imaginando qual é a história que vai construir ao lado de um filho ou uma filha. Para um autor de livros para crianças e jovens, essa expectativa passa pelo compartilhamento das coisas que eu imagino e que Maria, minha filha, fabula. O tempo vai passando, ela vai crescendo, e esse silencioso e encantador encontro acontece entre livros, leituras, histórias de todos os tipos. Hoje eu crio minhas coisas, Maria cria as dela, e a gente vai se descobrindo e redescobrindo dia a dia, entre realidade e fantasia – e isso é lindo!”
De Caio Tozzi, escritor, roteirista e jornalista, autor de “Fabulosa Mani”, pela GloboClube. Escreveu o roteiro e fez a codireção do filme “Ele era um menino feliz – O Menino Maluquinho, 30 anos depois”.
Livros e filhos
“Meu primeiro livro, 'Notícias do Mirandão' (Record, 2002), foi publicado em março, mesmo mês de nascimento dos meus filhos, Júlio e Felipe - dediquei o romance aos dois. Comparar livros com filhos é um baita de um chavão, mas é meio irresistível. Uns e outros nascem de um projeto meio egoísta, do desejo ilusório de alguma imortalidade, da ideia de permanência, da necessidade de construir e contar histórias - há também a vaidade de nos reconhecermos nas crias e nas páginas. O mais legal é ver que, com o passar dos anos, filhos e livros nos surpreendem, renovam e modificam nossas intenções e propósitos, interagem com o mundo de diferentes maneiras, saem (ainda bem) do nosso controle. E contribuem para que, nesse processo particular de leitura, possamos nos entender um pouco melhor”.
De Fernando Molica, que lançou ontem na Livraria Casa da Árvore, no Rio de Janeiro, seu livro “Náufragos”, pela editora Malê, em bate-papo com o também escritor Rodrigo Santos.
Para Seu Armando
"Apesar de eu escrever sobre uma família disfuncional que nada tem a ver com a minha, se hoje eu me tornei uma autora de terror, devo muito a meu pai. Seu Armando sempre foi quem mais achava graça da filha que era tão obcecada por vampiros que pediu um caixão de aniversário de cinco anos. Claro que ele não me deu um, mas cortou uma caixa de geladeira, pintou de preto e colocou umas alças de papel laminado. Aquele foi durante muito tempo meu brinquedo preferido. Meu pai fingia que não percebia quando eu passava a madrugada acordada assistindo filmes de terror, me deixava ler todos os livros que eu queria, até aqueles que outros pais certamente esconderiam no alto da estante, e, quando eu fiz treze anos e resolvi me vestir só de preto, comprou um panelão e ficou dias me ajudando a tingir todas as minhas roupas – e quase todos os ladrilhos da cozinha. Seu Armando foi para o Outro Lado em 2001, quando eu ainda era muito nova para entender o vazio que ele deixaria, porém, meu pai permanece vivo em tudo que escrevo."
De Amanda Orlando, autora de “Predestinados”, obra que passeia entre o romance histórico e o horror, publicado pela Globo Livros.
Reminiscências
“Intercalando reminiscências vejo que não tenho repertório para escrever um livro sobre o que imagino ter sido o melhor para minhas filhas e filho. Não me atreveria a tanto. Mas, pensando bem, poderia tê-lo feito. Nessa obra iria pontuar a importância da sabedoria que tem um pai e uma mãe na vida de um filho. E o resultado desse meu intuito poderia fazê-los seres humanos melhores do que já são. A todos, sem distinção, busquei dar amor, carinho e o melhor do meu tempo? Será mesmo? Não sei, muitas vezes o horário de trabalho me impediu de ver uma peça de teatro, um evento esportivo ou um feriado. Hoje, em relação aos meus filhos, seria melhor escrever ficções em torno de si e não histórias”.
De João Carlos Vicente Ferreira, pesquisador de história e escritor, autor de “Filinto Müller: a verdade por trás da mentira”, lançado há poucos meses.
Poema
Um poema para o domingo:
“seus filhos
são poetas?
não
eles tiveram
uma infância feliz”
De Nicolas Behr, poeta nascido em Cuiabá, vivendo em Brasília desde 1974. Seu primeiro livro foi produzido em mimeógrafo, em 1977, tendo feito dez obras assim até 1980. Ministra oficina poética estimulando a criatividade pela extração de poesia de fatos cotidianos.
Gonzaga Duque
Entra em pré-venda nesta segunda, 14, “Horto de Mágoas”, obra de Gonzaga Duque de 1914 considerada uma das referências do movimento simbolista-decadentista brasileiro. A terceira edição do livro depois de mais de um século vem com projeto gráfico de Daniel Gruber, evocando a estética simbolista. A publicação é uma parceria entre as editoras O Grifo e Ex Machina. Para apoiar, acesse o site www.catarse.me/horto.
Joana Lira com Paulo Coelho
Chega às livrarias na próxima terça-feira, 15, o novo livro de Paulo Coelho, “O Arqueiro”, publicado pela Companhia das Letras. Uma parábola que aborda a persistência nos objetivos e a gratidão pela jornada percorrida. As ilustrações da obra são da artista pernambucana Joana Lira.
Ponte poética até Angola
A Bienal Virtual Brasil Angola de Poesia inicia na próxima quarta, 16, sua primeira edição, pelo Youtube. A organização é do poeta mineiro Jonas Batista Neto, autor de “Grilhões – Poemas de protesto”, e do escritor, editor, radialista e professor angolano Lucas Cassule, apresentador do programa Conversa Escrita na rádio Muzangala. Saiba mais no Instagram @bienalbraopoesia.
Christina Sharpe no Brasil
A Ubu está lançando “No vestígio – Negridade e existência” da norte-americana Christina Sharpe. Com tradução de Jess Oliveira, texto de orelha de Stephanie Borges e de quarta capa de Eliana Alves Cruz. Após sete anos do lançamento da obra nos Estados Unidos, o livro chegou ao Brasil este mês, e os leitores já têm encontro marcado com a autora na Festa Literária Internacional de Paraty – FLIP, em novembro.
Eury Donavio em Mucugê
Autor de “Fiados na esquina do céu com o inferno”, Eury Donavio participa da Feira Literária de Mucugê – Fligê, na Chapada Diamantina, na Bahia, nesta sexta e sábado. Com o tema “Literatura e Música”, a Fligê vai de quarta a domingo. Acesse o site www.fligemucuge.com.br e saiba mais sobre a programação.
Dia do Semideus
No próximo domingo, 20, às 10h30 da manhã, a Livraria do Jardim recebe um Encontro de Semideuses, para celebrar o Dia Nacional do Semideus, em homenagem ao herói literário Percy Jackson. O evento terá concurso de cosplay, caça à bandeira e debates sobre a série. Na Av. Manoel Borba, bairro da Boa Vista, no Recife.
Antologia lusófona
A editora Outra Margem está lançando “O livro do verso vivo – Antologia lusófona de ecopoesia”, com organização de Mauricio Vieira e Thássio Ferreira. A obra é composta por três seções: “Prece”, “Chama” e “Árvore”.