O que as cartas nos contam

Obra epistolar de Drummond é um dos destaques do Flitabira, que começa nesta terça em Minas Gerais

Imagem do autor
Cadastrado por

Fábio Lucas

Publicado em 28/10/2023 às 22:23
Notícia
X

A intensa troca de correspondência manuscrita movimentou a vida cultural brasileira em grande parte do século passado. O que se pode ler das cartas entre os modernistas, por exemplo, integra um rico acervo sobre o movimento, seus bastidores e desdobramentos. Em tempos onde a comunicação escrita de indivíduo a indivíduo servia também de meio de informação e atualização da vida social, os diálogos que chegam até a nossa época, avessa a respostas que não sejam instantâneas, trazem um tipo de experiência que faz falta – tanto para a cultura do país, quanto para quem deixa de escrever cartas.
Carlos Drummond de Andrade foi um ávido escritor e leitor delas. Sua interação com outros escritores, artistas e outras pessoas foi tamanha que não é estranho ouvir de um estudioso de Drummond a observação de que, para o autor de “Alguma poesia”, as cartas representavam a vida social que ele não gostava de nutrir. Foi o que disse Humberto Werneck, um dos entrevistados para o ciclo de debates sobre a obra epistolar de Drummond. O conjunto de 11 programas de uma hora vai ao ar pelo Youtube no próximo dia 31, na programação do III Flitabira – Festival Literário de Itabira (MG), em parceria com o Sesc-SP. O evento segue até o dia 5 de novembro, no centro histórico da cidade, sob o tema “Arte, literatura e correspondências”.
Se para o poeta e cronista mineiro, filho mais ilustre de Itabira, a crônica era uma espécie de carta geral, como ele escreveu numa carta, podemos fazer o caminho inverso para pensar que as cartas de Drummond eram crônicas particulares a seus privilegiados interlocutores. Ali estão notas sobre a vida nacional, comentários sobre a cena literária e a conjuntura política, além de confidências e porções generosas de afetividade, deixadas no papel para a eternidade.
As cartas de escritores e outras personalidades nos contam do valor de reflexões maturadas para a escrita e a leitura. Para um mundo menos irrefletido, seria bom que todos voltássemos a ler e escrever cartas.

Dovulgação
A atriz Paula Cohen participa de sarau na Livraria Ponta de Lança - Dovulgação

6 anos do Feminino Infinito

Será neste domingo a celebração dos seis anos do coletivo Feminino Infinito, iniciativa da editora e escritora Paula Valéria Andrade para valorização da mulher escritora. O sarau terá a apresentação de 10 poetas, e contará com a participação especial da atriz e também poeta Paula Cohen. Na Livraria Ponta de Lança, em São Paulo, a partir das 4 da tarde.


Criação e crítica na APL

O escritor e crítico literário Peron Rios é o convidado da Academia Pernambucana de Letras (APL) nesta segunda, 30, para proferir a palestra “Crítica literária e solidariedade”. Mestre em Letras pela UFPE, Rios abordará as relações de reciprocidade e comunhão entre criação e crítica. O evento começa às 3 da tarde e será aberto ao público.


O som do pólen derramado

Yara Fers lança seu novo livro de poemas nesta quarta, 1º de novembro. O prefácio de “O som do pólen derramado” é assinado pela pernambucana Cida Pedrosa, e a orelha, pela baiana Renata Ettinger. “Yara nos entrega seus silêncios, seus sussurros, seus gemidos, seus gritos, em estado de oração. E roga à palavra que crie asas e voe”, escreveu Cida Pedrosa sobre a obra. A publicação é da editora artesanal Arpillera. O lançamento será na Livraria LDM do Shopping Paseo Itaigara, em Salvador, às 18h30.


Emílio

Tem início na quarta-feira, dia 1, a pré-venda do novo romance de Wellington de Melo, pela Cepe Editora. E o autor vai presentear as cem primeiras pessoas que comprarem com antecedência: cada uma vai receber um bilhete pessoal, escrito à máquina, na mesma máquina em que os últimos capítulos de “Emílio” foram datilografados.

Tags

Autor