Mais uma carta de Natal

Para a criança que gosta de ler, para a que precisa brincar, para a avó que trabalha e o dinheiro não dá, qual seria o melhor presente?

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Fábio Lucas

Publicado em 23/12/2023 às 18:52
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A campanha Papai Noel dos Correios emociona os brasileiros, todos os anos. Os pedidos giram em torno de desejos comuns, do lazer que não se tem, e dizem muito da brutal realidade cotidiana distribuída pela desigualdade. Antes de existir a campanha, as cartas de Natal sensibilizavam os carteiros, endereçadas à data festiva pela inocência e pela ilusão se serem atendidas. Os Correios abraçaram o objetivo de estimular a escrita de cartas pelas crianças, e “o desenvolvimento de habilidades cognitivas e emocionais”. Assim, a premissa da iniciativa, há mais de três décadas, sugere que escrever uma carta vai muito além do sonho de um presente.
Com a figura estereotipada do bom velhinho de barba branca e óculos em evidência, o Natal é tempo de cartas – e avós. Na cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo, foi por sugestão de sua avó que o menino Maycon, de 9 anos, redigiu cartas com pedidos e jogou nas portas dos moradores da vizinhança. Em um dos textos, segundo reportagem do Jornal Cidade, o garoto revela que apenas a avó trabalha para sustentar a família. Uma tia cuida da criança e o pai está desempregado. “Neste Natal queria muito ganhar um videogame, pode ser dos mais antigos e pode ser do mais barato que vou ficar muito feliz”, diz outro trecho.
Bolas, bonecas e carrinhos de controle remoto se misturam a cestas básicas e até óculos, no meio das palavras que saltam do papel e ecoam na estação natalina. Em desejo que virou notícia este ano e rodou o país nas redes sociais, Dhavi Pietro, de 11 anos, de Campina Grande, na Paraíba, queria de Natal uma consulta no oculista, e óculos novos. Na primeira versão da carta, o pedido seria para material escolar. A dificuldade de ler com lentes vencidas há dois anos fez com que o garoto mudasse de ideia. “Gosto muito de estudar, por isso queria uma consulta e um óculos. Isso vai me ajudar muito em casa, na escola”, explicou na carta. Com a repercussão nas redes, o menino e sua mãe receberam novos óculos, assim como outras 45 crianças do Instituto Eu Sou de Jesus, entidade que realizou a campanha de solidariedade (@institutoeusoudejesus no Instagram).
E se fosse Natal sempre, como pensou Carlos Drummond de Andrade? “Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente”, imaginou o cronista e poeta de Itabira. Para a criança que gosta de ler, para a que precisa brincar, para a avó que trabalha e o dinheiro não dá, para as organizações que amparam cidadãos carentes, para a gente que escreve e propaga histórias de esperança à luz de dezembro, e também para o jovem revolucionário e subversivo, que contam ter sido assassinado na cruz, aos 33 anos, cuja inspiração nos legou o livro mais lido no mundo – seria o melhor presente.

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Aline Bei e Tainah Rocha em Campina Grande - Divulgação
 

 

FLIC Internacional

A Feira Literária de Campina Grande passa a se chamar Feira Literária Internacional da Paraíba em 2024, com uma residência literária para escritores de fora do Brasil. Em fevereiro, seis candidatos serão pré-selecionados. O escolhido participará de imersão em escolas, universidades e centros culturais de Campina Grande e de outras cidades paraibanas. A sétima edição da FLIC está prevista para acontecer de 11 a 17 de novembro do ano que vem. Saiba mais no Instagram @flicfeira.

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A escritora portuguesa estará no Brasil em 2024 - Divulgação


Portuguesa no Flipoços

A escritora portuguesa Cristina Drios virá pela primeira vez ao Brasil no ano que vem, para participar como convidada selecionada na residência do Festival Literário Internacional de Poços de Caldas – Flipoços, em parceria com o Camões Brasília. Como resultado da residência literária, a escritora deverá apresentar um texto inédito, baseado na experiência local de visitações e imersão na história e tradição da literatura da cidade mineira. O evento será de 27 de abril a 5 de maio. Saiba mais em www.flipocos.com.


Latinoamérica Independiente

Prêmio de não ficção organizado por nove editoras independentes da América Latina, com apoio da Open Society, o Latinoamérica Independiente tem inscrições para sua próxima edição até 31 de maio de 2024. O anúncio da obra vencedora será na Feira do Livro de Guadalajara, no México, que acontece de 31 de novembro a 8 de dezembro do ano que vem. A Fósforo é a editora brasileira na organização. O regulamento do prêmio está disponível em espanhol e português em www.premiodenoficcion.com/br/index.html.

Ricardo Patiño
O escritor colombiano Efrén Giraldo - Ricardo Patiño


Efrén Giraldo

O colombiano Efrén Giraldo foi o primeiro escritor a vencer o Latinoamérica Independiente, e terá sua obra “Sumário de plantas oficiosas” publicada no Brasil em janeiro pela Fósforo. O crítico literário pernambucano Schneider Carpeggiani participou do júri, e assina a orelha da edição brasileira.


Pretinhas

A primeira edição do Festival Literário Pretinhas acontece na Vila Cachoeirinha, em São Paulo, nos dias 23 e 24 de fevereiro. As inscrições para escritoras negras residentes no estado, com pelo menos um livro infanto-juvenil, podem ser realizadas até 4 de janeiro. O evento terá feira literária, oficinas de grafite, dança, musicalidade, brincadeiras africanas e de tranças, além de apresentação teatral e batalha de slam. A idealização é de Vilma Queiroz. Mais informações no site www.pretinhas.com.br.


O Recife de Clarice

No próximo dia 6, sábado às 9 da manhã, Geórgia Alves conduz uma aula-passeio sobre “O Recife de Clarice Lispector” na capital pernambucana. Especialista na obra de Clarice, Geórgia diz ter identificado “cenários que como recifense e poeta sinto bem presente nas obras da autora”. Para mais informações, acesse o Instagram @georgialves1.

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Midria estreando na editora Rosa dos Tempos - Divulgação


Amor de Midria

Estreando na Rosa dos Tempos, a poeta, slammer e cientista social Midria lançou “Desamada: Um corpo à espera do amor”. O texto da orelha do livro é da escritora e psicanalista Eliane Marques, que diz “amei e me senti amada pela poeta desamarrada que tamborila desamada”. Conheça e siga a autora em @iamidria e a @editorarosadostempos no Instagram.


Literatura Jovem

Seguem abertas, até o dia 31 de dezembro, as inscrições para o Prêmio Amazon de Literatura Jovem. Os finalistas serão adaptados para audiolivro, e a obra vencedora, além publicada por novo selo da HarperCollins, receberá R$ 35 mil. Para concorrer, o livro deve estar publicado no Kindle Direct Publishing (KDP). Mais informações em www.amazon.com.br/premioliteraturajovem.


Mitos e lendas da América

A 100/cabeças está lançando a “Antologia de mitos, lendas e contos populares da América”, obra inédita do poeta surrealista francês Benjamin Péret no Brasil. O livro levou 17 anos para ser escrito, e oferece ao leitor “mitos de origem, narrativas cosmológicas e pensamento mágico de diferentes povos do continente americano”, segundo a divulgação. A tradução é Alexandre Barbosa de Souza, e o projeto gráfico, de Daniel Justi. Mais informações no site www.100cabecas.com.


Ética na Inteligência Artificial

A Ubu Editora está com o livro de Mark Coeckelbergh em pré-venda até 15 de janeiro. De acordo com a divulgação, o autor de “Ética na Inteligência Artificial” pretende “tornar conscientes inovações da IA já incorporadas invisivelmente em sistemas tecnológicos de uso cotidiano, ao mesmo tempo que relativiza a expectativa de que ela possa resolver as crises social, climática e racial do mundo atual”.?? Outras informações no Instagram @ubueditora.

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A escritora Thalita Lucena - Divulgação


Ao rés do chão

A paraibana Thalita Lucena foi uma das vencedoras do Prêmio Carolina Maria de Jesus, do Ministério da Cultura, para livros escritos por mulheres, com a obra inédita de contos “Ao rés do chão”. Thalita foi uma das 12 representantes do Nordeste, entre as 61 selecionadas em todo o país.


Tempo e espaço

A editora Quina lançou no Brasil o clássico “A cultura do tempo e espaço: 1880-1918”, do historiador Stephen Kern, em tradução de Ana Carolina Mesquita. Para o autor, as mudanças tecnológicas na transição do século 19 para o século 20 “estabeleceram novas formas de compreender e vivenciar o tempo e o espaço, desencadeando profundas mudanças sociais”, de acordo com a divulgação da editora. A obra foi publicada originalmente há 40 anos, em 1983. Mais informações em www.quinaeditora.com.br.


Gael Rodrigues

A Cepe publica a obra vencedora do VII Prêmio Cepe Nacional de Literatura, realizado em 2022, na categoria conto: “Lila”, do paraibano Gael Rodrigues, que atualmente mora em São Paulo. O escritor já havia ganho em 2017 o Prêmio da Fundação Cultural do Pará, e o mesmo Prêmio Cepe em 2019. Siga a @cepeeditora no Instagram.


Macabéa: Flor de Mulungu

Em novela ilustrada, Conceição Evaristo retoma personagem de um conto de Clarice Lispector para criar “um manifesto literário que subverte o cânone e afirma a escrita como uma forma de fazer vingar a vida”, na expressão da divulgação da Oficina Raquel, que publica a obra. A ilustração é de Luciana Nabuco, artista visual, escritora, tradutora e documentarista. Outras informações no site www.oficinaraquel.com.br.

 

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