Livro-enredo na passarela

A literatura brilhando no palco mais nobre do Carnaval mostra aos brasileiros que é possível ler mais, e tocar mais leitores

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Fábio Lucas

Publicado em 17/02/2024 às 17:30
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O melhor assunto da folia, este ano, vale o registro: a inspiração literária nos enredos das escolas de samba levou a belos desfiles e reflexões. Do que já se disse, podemos reforçar três aspectos. O primeiro é a busca, na literatura, de histórias e personagens para serem transportados aos enredos, de modo a cativar o público e os jurados. Fonte pródiga em referências diversas, a literatura renderia desfiles de Carnaval o ano inteiro.
O segundo aspecto é a mudança de perspectiva que se promove, na avenida, em pouco mais de uma hora para contar, através do samba e das artes cênicas, o que foi lido e relido com exaustão pelos carnavalescos. O colorido deslumbrante, os bonecos gigantes e as coreografias fazem de cada desfile um espetáculo múltiplo, onde os artistas desempenham papeis individuais definidos, compondo um mosaico de detalhes cujo conjunto precisa resultar afinado, coerente, coeso. O livro é um ponto de partida, e não de chegada, feito leitura pronta. No trajeto da narrativa escolhida, o livro-enredo se transforma, ganha a percepção de outros sentidos, novas possibilidades de tradução e desenvolvimento, na linguagem aberta da criação da alegria.
Um outro aspecto digno de nota vem da repercussão dos desfiles que apostaram na literatura no asfalto. A venda dos livros que viraram enredos disparou, esgotando estoques nas livrarias físicas e abarrotando de pedidos as lojas online. Um dos maiores sinais de que, no Brasil, há muitos leitores. É preciso chegar até eles e elas, é possível tocá-los, tocá-las, ampliar suas horas de leitura, no deleite pelas palavras escritas. Emocionada com o desfile da Portela, vencedora do Estandarte de Ouro graças à original abordagem da obra “Um defeito de cor” de Ana Maria Gonçalves, a atriz Taís Araújo declarou: “É o livro da minha vida. Esse livro é uma história de resistência. Todo mundo que o lê, saí mais forte e além disso, inteligente”. Na preparação do desfile, a escola de samba se tornou escola de letras, em eventos de autógrafos com a autora, e cursos com a comunidade na quadra da Portela, no Rio de Janeiro, formando leitores e aproximando a literatura do ambiente de convivência carnavalesca.


Leitura campeã

Uma das principais fontes de pesquisa para a Viradouro, campeã do Carnaval do Rio de Janeiro este ano, foi o livro “Sacerdotisas voduns e rainhas do Rosário: mulheres africanas e Inquisição em Minas Gerais (século XVIII)”, organizado pelos historiadores mineiros Moacir Maia e Aldair Rodrigues. A obra foi publicada no ano passado pela Chão Editora. Saiba mais no site www.chaoeditora.com.br.


Dimensão ampla

Em sua coluna no Publishnews, o escritor Henrique Rodrigues afirmou que “a grande vencedora do Carnaval foi a literatura”. Lembrando os enredos e os livros que desfilaram, avalia que essa exploração não é novidade, a exemplo das biografias que já passaram pela Sapucaí. “O interessante deste ano é que os enredos, se observados em conjunto, parecem trazer algo que extrapola cada uma das obras/escolas e atinge uma dimensão mais ampla como discurso para a sociedade”. Leia a coluna completa em https://www.publishnews.com.br/materias/2024/02/16/o-carnaval-dos-livros.

 

Juh Almeida
Conceição Evaristo foi eleita para a AML - Juh Almeida


Conceição Evaristo na AML

Com obras traduzidas em seis idiomas, a escritora Conceição Evaristo chega à Academia Mineira de Letras (AML), onde irá ocupar a cadeira de número 40. A eleição foi na última quinta-feira. Celebrada por sua escrevivência, como a autora chama a prática da literatura, Conceição Evaristo pode repetir o percurso de Ailton Krenak, que foi eleito para a AML antes de ingressar na Academia Brasileira de Letras.


Produção editorial

Tem início nesta segunda, 19, o curso online de Produção Editorial, pela Universidade do Livro, com Laura Bacellar. Com aulas até 27 de maio, a proposta é explorar “as diversas etapas que uma obra percorre, desde a concepção até a entrega final”. Laura Bacellar é autora de “Escreva seu livro – guia prático de edição e publicação”, publicado pela Mercuryo. As inscrições podem ser feitas até segunda-feira no site www.universidadedolivro.com.br.


Carrascoza na BibliON

O escritor João Anzanello Carrascoza é o convidado do Bate-papo Literário online da BibliON, nesta terça, 20, a partir das 7 da noite. A mediação será de Roberta Martinelli. Acesse www.biblion.org.br e saiba mais.


Clube da Argumento

Na terça-feira tem mais uma edição do clube de leitura da Livraria Argumento, no Rio de Janeiro. Com mediação de Julia Barandier (@juliabarandier no Instagram), o bate-papo será sobre “Um amor de filha” de Hanaide Kalaigian, publicado pela Autêntica Contemporânea. Outras informações no site www.livrariaargumento.com.


Continente e Pernambuco

Será na próxima quinta, 22, a apresentação das novas edições das revistas Continente e Pernambuco, da Cepe. Com pocket show do pianista Amaro Freitas, o evento será na Casa Estação da Luz, em Olinda, a partir das 7 da noite. Ingressos gratuitos pelo site www.sympla.com/cepeeditora.

 

Verunschk em Brasília

A Livraria Circulares recebe Micheliny Verunschk na próxima sexta, 23, em Brasília, para apresentação e sessão de autógrafos do livro “Caminhando com os mortos” (Companhia das Letras). “Precisamos colocar os mortos em pé para caminhar conosco. Só assim podemos entender nossa história e honrar a memória dessas pessoas”, diz a autora, em entrevista a Iara Biderman para a Quatro Cinco Um (https://www.quatrocincoum.com.br/br/entrevistas/fichamento/micheliny-verunschk). O encontro com a escritora e suas obras será partir das 7 da noite, na 113 Norte.


Outro lugar em Vancouver

Uma roda de conversa com cinco das 25 autoras do livro marcará o lançamento da obra “De outro lugar: Vozes da imigração feminina” em Vancouver, no Canadá, no próximo sábado, 24, às 3 da tarde no horário local. A organização do livro é de Andrea Villela, que fará a mediação do bate-papo. Para saber mais, vá em @canoa.cultural no Instagram.

 

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Maria Carolina Casati do Encruzilinhas - Divulgação


Você lembrará seus nomes

Maria Carolina Casati (@encruzilinhas no Instagram) será uma das participantes no lançamento de “Você lembrará seus nomes”, ao lado de Lubi Prates, Mariana Correia, Sara Ramos e Tatiana Nascimento. A publicação é da Bazar do Tempo. A antologia de poetas negras dos Estados Unidos foi organizada por Lubi Prates, que convidou 13 tradutoras negras brasileiras, também poetas, para a obra. “Eu fui convidada para escrever as mini bios e fiquei muito honrada”, conta Carol Casati, que chamou a pesquisadora Carolina Ferreira para escrever os textos com ela. “Como o livro é resultado de um esforço coletivo, considerei que não tinha sentido fazer o trabalho sozinha. E foi a melhor escolha. Nós já trabalhamos muito bem juntas em outros projetos e pudemos repetir a parceria, agora com autoras que estudamos, admiramos ou estávamos conhecendo graças à curadoria impecável da nossa amiga Lubi Prates. Foi uma delícia! E é muito bom saber que nossos nomes figuram nesse que é um dos grandes lançamentos da atualidade”. O evento será na Livraria Megafauna, em São Paulo, no próximo sábado, 24, às 4 da tarde.


Seleção das letras em Havana

Desde a quinta, 15, até o próximo dia 25, acontece a 32ª Feira Internacional do Livro de Havana, em Cuba. Este ano, o Brasil é o país convidado de honra. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, discursou na abertura. A comitiva verde-amarela é composta de 15 escritoras e escritores, entre os quais Ailton Krenak, Conceição Evaristo, Eliana Alves Cruz, Elisa Lucinda, Jarid Arraes, Jeferson Tenório, Márcia Kambeba e Socorro Acioly. A curadora da Bienal de Quadrinhos de Curitiba, Luciana Falcon Anselmi, e cinco quadrinistas, também fazem parte da comitiva, que ainda tem como destaques o secretário de Formação, Livro e Leitura do MinC, Fabiano Piúba, e o presidente da Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi.


Contação para mulheres

Tem contação de histórias para mulheres com Élida Barros, na Livraria do Jardim, no Recife, no domingo que vem, dia 25, às 10h da manhã. O livro da vez será “Mulheres que correm com os lobos”, de Clarissa Pinkola, publicado pela Rocco. A realização é do grupo MVI: Feminilidade, Arte e Cultura. Inscrições gratuitas por acesso na bio da @livrariadojardim no Instagram.

 

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Lido Loschi publica pela Ôzé - Divulgação


Asas

Um livro para as nossas infâncias, “quando o sonho virava brincadeira e a brincadeira virava sonho”. Inspirado nas próprias memórias, Lido Loschi está lançando “Asas”, com ilustrações de Bruna Lubambo, em publicação da Ôzé. Mais informações no site www.ozeeditora.com.


Música final

Artigos de Mário de Andrade sobre música erudita, escritos para a coluna Mundo Musical, no jornal Folha da Manhã, entre 1943 e 1945, são reunidos e comentados por Jorge Coli nesta publicação da Unicamp e da Edusp: “Música final”. Professor de história da arte e história da cultura na Unicamp, Coli é autor de vários livros, entre os quais “Vincent Van Gogh: A Noite Estrelada" (Perspectiva, 2006).


Ivone Lara

Está em pré-venda a biografia “Dona Ivone Lara e o sonho de sambar e encantar”, de autoria de Jacques Fux, com ilustrações de Flávia Borges (@breezespacegirl no Instagram). Uma publicação da Companhia das Letrinhas, com previsão de chegada às livrarias no final de abril.


Alguém que eu costumava conhecer

A BestSeller publica no Brasil o relato de Wendy Mitchell sobre sua luta contra o Alzheimer, diagnosticada precocemente aos 58 anos de idade. A intenção da autora é conscientizar as famílias e elevar o nível de informação sobre a doença. A tradução de “Alguém que eu costumava conhecer” é de Carolina Simmer.


Mensageiro das estrelas

Cientista que se tornou famoso além de seu campo de trabalho, dedicando-se também à divulgação científica, Neil deGrasse Tyson escreveu “Mensageiro das estrelas – Perspectivas cósmicas sobre a civilização”. A proposta é tratar “de forma didática dos problemas do nosso tempo”, sem medo de mergulhar em polêmicas conservadoras ou liberais. A obra é publicada no Brasil pela Record, com tradução de Marcello B. Silva Neto.

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