Que país é este, onde não se lê?
Os resultados deprimentes da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil não devem retirar o ânimo de quem acredita no poder transformador dos livros
Ao longo dos últimos dez anos, os brasileiros vêm lendo cada vez menos. É o que relata com extensos dados a Pesquisa Retratos da Leitura, do Instituto Pró-Livro (IPL), em sua sexta edição. Entre abril e julho deste ano, cerca de 5.500 entrevistas foram realizadas pelo Instituto Ipec, com o objetivo de traçar um perfil do leitor no país. De 2007 a 2024, o percentual de leitores caiu de 55% para 47%, enquanto o de não leitores cresceu de 45% para 53%, ultrapassando o número de leitores pela primeira vez. São considerados leitores, para os parâmetros da pesquisa, os indivíduos que leram pelo menos um trecho de uma obra – física ou digital – nos três meses anteriores.
Para a coordenadora Zoara Failla, o problema a ser avaliado diz respeito ao que se está deixando de fazer para manter o interesse dos leitores e dos potenciais leitores. Failla expressa uma preocupação especial: “As salas de aula estão deixando de ser um lugar de leitura”, diz ela, mencionando a tendência na série histórica da pesquisa. De 2007 a 2024, o ambiente escolar como lugar de leitura despencou na referência dos entrevistados, de 35% para 19%. A informação é relevante para os educadores, e pode indicar como o desempenho escolar se relaciona com o hábito – e a falta de hábito – de ler na escola. Também serve para se fazer a reflexão sobre a condição de funcionamento e atratividade das bibliotecas escolares no Brasil.
“A formação leitora está muito concentrada no início da educação formal. A escola é importante”, analisa Rosi Rosendo, do Ipec, que ressalta ainda a influência dos pais para a introdução ao mundo dos livros. “Os indicadores refletem a nossa realidade”, aponta, mencionando o crescimento de outras atividades que não a leitura, como o uso da internet. “Se a situação se mantiver como está, sem políticas públicas focadas na questão, o cenário vai continuar como a pesquisa está indicando”, lamenta Rosendo, em entrevista ao Livronews durante o evento de divulgação, na última terça, 19, em São Paulo. Confira o depoimento completo no Instagram @livronewsnoinsta.
Estágio civilizatório
A Retratos da Leitura descortina uma nação desconstruída, na visão de José Castilho, consultor, uma das referências do ativismo da causa do livro no Brasil. “Somente no surgimento da Modernidade, que nos trouxe novas tecnologias com Gutenberg, o Estado Moderno e os primeiros contrapesos da vida democrática, que as utopias da inclusão e da equidade social elegeram o livro e a leitura como instrumento essenciais à vida em sociedade num estágio civilizatório mais avançado. Desde então, períodos de crescimento se alternam aos regressivos, onde livros são odiados e jogados às fogueiras ou, inversamente, são incentivados e formam esteios civilizatórios para uma humanidade que anseia caminhar para um convívio melhor e mais equânime”, observa, em artigo que pode ser lido na íntegra no site www.livronews.com.br.
10º Prêmio Hermilo
A Secretaria de Cultura de Pernambuco divulgou os vencedores da 10ª edição do Prêmio Hermilo Borba Filho de Literatura, voltado ao fortalecimento de obras e escritores em todas as regiões do estado. Os ganhadores são Marcondes FH, Carla Montanha, Virgílio Siqueira e Luiz Henrique Costa de Santana, que terão seus livros publicadas pela Cepe.
Pensar o mundo pela escrita
Escritor e tradutor, Tiago Novaes promove aula online e gratuita nesta segunda, 25, a partir das 7 da noite, sobre os princípios da não ficção. Para quem deseja “estruturar textualmente o seu pensamento e valer-se dos instrumentos da escrita literária para se comunicar com mais gente”, Mais informações em www.escritacriativa.net.br.
Coco e cultura popular
A Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) recebe nesta terça, 26, o lançamento da jornalista e diretora de Programas Sociais do Sesc Pernambuco, Paula Lourenço: “Da pisada do barro ao streaming: um estudo do samba de coco de Arcoverde como indústria criativa para o desenvolvimento local”. Antes dos autógrafos, Paula Lourenço participa de debate com Isaac Filho, Jamerson Lima, Dario Brito e Carla Teixeira. A partir das 7 da noite no Pavilhão Maker da Unicap.
Quando eu olho para trás
Será no Espaço Janela, nesta terça, 26, em São Paulo, o lançamento do livro de estreia de Kanucha Barbosa. “Quando eu olho para trás” reúne crônicas autobiográficas de formação da autora, que nasceu em Cuiabá. A capa é de Dana Patel, em publicação da Labrador. O evento começa às 18h.
Sempre um Papo com Lavínia Rocha
Em bate-papo com Jozane Faleiro que será transmitido no canal do YouTube do Sempre Um Papo, na terça, 26, a escritora e professora Lavínia Rocha vai falar sobre a trilogia Entre Três Mundos (Autêntica), e abordar temas como o protagonismo negro em seus livros, educação antirracista e o método de ensino que utiliza a "pedagogia do entusiasmo". A partir das 7 e meia da noite.
Conto dos Orixás
Adaptacão em HQ da mitologia e das tradições orais afrobrasileiras, a série “Contos dos Orixás” do baiano Hugo Canuto será lançada no Recife na terça, 26. O evento faz parte da programação da segunda edição do Projeto PEBA, uma conexão das artes entre Pernambuco e Bahia. Trata-se de uma das primeiras HQs, no Brasil, com trechos no idioma Yorubá, com um glossário trazendo a grafia de termos, locais e personagens. A partir das 7 da noite no Palco da Exposição da Caixa Cultural. Entrada gratuita.
Persona artística
A Quixote Livraria, em Belo Horizonte, recebe nesta quarta, 27, o lançamento do livro da diretora de elenco e fotógrafa Ciça Castello, “A persona artística e o mercado de atuação no Brasil”, em publicação da Autêntica. A obra conta com depoimentos de atores, roteiristas, produtores e diretores sobre a história do teatro e do audiovisual no país. O evento começa às 7 da noite.
Versos que enaltecem as pausas
A poeta Valéria Grassi lança o seu primeiro livro, “Intermitências apenas" (Editora Cambucá), na quarta, 27, na Janela Livraria do Shopping da Gávea, no Rio de Janeiro. Ao longo de cinco anos, enquanto escrevia os poemas, a autora decorava os manuscritos com flores que recortava e colava junto às palavras, também recortadas. “Era como se eu estivesse realmente me permitindo encarar a escrita como uma coisa mais artística, mais demorada, mais investigativa. Esse manuscrito grandão foi ficando lindo e depois de um tempo eu comecei a achar que a beleza dele estava atrapalhando porque eu queria toda a atenção voltada para a escrita. Então, aos poucos, ele foi se transformando no livro”, conta. A noite de conversa e autógrafos terá início às 7 da noite.
Leitura para o Recife
O Plano Municipal do Livro, Leitura, Escrita, Literatura e Bibliotecas (PMLLELB) do Recife será apresentado em reunião pública nesta quarta, 27. O documento define diretrizes para o período de 2025 a 2034. O Secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura, Fabiano Piúba, estará presente, junto com o Diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do MinC, Jéferson Assumção. O evento acontece pela manhã, das 8h às 12h, no Auditório do Compaz Dom Hélder Câmara, na capital pernambucana.
Homenagem a Raimundo Carrero
A União Brasileira de Escritores (UBE-PE) presta homenagem ao escritor Raimundo Carrero, nesta quinta, 28. Na ocasião, será inaugurado um salão com o nome do autor de “A minha alma é irmã de Deus”. O evento será a partir das 5 da tarde, na sede da entidade, no Recife.
Histórias saídas do mar
Publicada pela Vacatussa, a obra de Olívia Mindêlo com ilustrações de Juliana Lapa será lançada no sábado, 30, na Livraria Pó de Estrelas, no Recife. O livro apresenta três contos infantojuvenis com animais como protagonistas e o mar como pano de fundo, e são voltados, em especial, para um público de idade entre 7 e 12 anos. Realizada com incentivo do Funcultura e apoio da Cepe, a publicação tem uma versão em audiolivro, com narração de Stephany Metódio e Leo Vila Nova, e imagens em audiodescrição pela Ferva Acessibilidade. O projeto gráfico é de David Alfonso Suárez. Antes dos autógrafos, haverá contação de histórias por Stephany Metódio, a partir das 3 e meia da tarde.
Laranja Tanajura
O antigo Espaço Itaú de Cinema na Rua Augusta, em São Paulo, recebe no sábado, 30, o sarau de lançamento do primeiro livro de poesia da documentarista Leide Jacob. “Laranja Tanajura – Meus haikais e outros versos” é publicado pela Polifonia. O evento começa às 5 da tarde, e o sarau contará com tradução para Libras.
Meu nome é Laura
A Livraria Caraíbas, em São Paulo, terá o lançamento de Alex Andrade, no sábado, 30, a partir das 5 da tarde, em bate-papo do escritor com Paula Fábrio e Marcelo Maluf. Décimo-quinto livro de Alex Andrade, o romance “Meu nome é Laura” conta a história da construção de uma identidade, em publicação da Confraria do Vento.
Café & Literatura Negra
O programa Pretapalavra do Capivara Instituto Cultural realiza no domingo, 1º de dezembro, o encontro Café & Literatura Negra – Diálogos: Conceição Evaristo e Maryse Condé, com Maria Carolina Casati. O brunch mais bate-papo será no LVD - Le Maison du Vin, na Vila Madalena, em São Paulo, a partir das 10h30 da manhã. Outras informações no site www.acapivaracultural.org.br.
Muito além da influência
A Livraria da Vila do Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo, foi palco na última quinta, 21, da sessão de autógrafos de “Thought Leadership – Muito além da influência”, publicado pela Neo21. Escrito por Cristovão Wanderley e Fernanda Nascimento (Stratlab), Daniela Penna e Isadora Leone (Pitch Comunicação) e Juliana Algodoal (Linguagem Direta), o livro visa “consolidar a formação dos líderes de pensamento, aqueles que são referência em suas áreas de atuação e reconhecidos por conduzir a inovação e apontar tendências não só no mundo dos negócios, mas para a sociedade em geral”.
Escrita Criativa social
Foi na Casa Zero, no Recife, o lançamento de “Estudos em Escrita Criativa Social”, idealizado pela escritora Patricia Tenório. Após quase um ano de formação com cerca de 30 professores, a obra reúne textos da primeira turma do projeto, composta por jovens de 18 a 26 anos que moram nas comunidades do Pilar e de Brasília Teimosa, na capital pernambucana.
Chamada de originais
A editora Letramento está com chamada de originais aberta até 31 de janeiro de 2025. Os livros selecionados serão divulgados até 21 de fevereiro. “Este é o momento de criar coragem e enviar aquele manuscrito que você quase esqueceu ou aquele trabalho que só estava esperando uma chance para ser publicado!”, convoca a editora. Mais informações no Instagram @editoraletramento.