O caminho do livro aos leitores
Um público de maioria jovem se aglomerou na fila de ação de marketing do TikTok em São Paulo: a leitura no Brasil pode alcançar mais gente
Depois dos números da Pesquisa Retratos da Leitura, que na edição deste ano aponta a redução de 11 milhões de leitores no Brasil em cerca de uma década, caiu sobre os que fazem dos livros uma razão de ser um quase inevitável desânimo. O que fazer para reverter essa tendência? Como retirar as pessoas das telas – e não apenas as novas gerações, mas todas – e atrair a escassa atenção do mundo contemporâneo para os livros? Será que os governos fizeram o que deveriam ter feito para evitar esse desastre que diz respeito, inclusive, ao baixo desempenho escolar no país? E a sociedade, de modo geral, como enxerga a diminuição do tempo de leitura, quando olha para o espelho coletivo?
As perguntas podem se encadear em múltiplas respostas numa bola de neve descendo a ladeira da indignação. Mas o melhor é espiar o retrovisor sem perder o foco no horizonte. E no horizonte brasileiro há milhões de leitores à espera de livros, dispostos a passar um bocado de horas diariamente em frente a páginas cheias de palavras, lendo. Exemplo disso foi a ação de marketing do gigante das redes sociais, o Tik Tok, que resolveu distribuir 100 mil exemplares de 30 títulos best-sellers, de graça, durante poucos dias, no Conjunto Nacional, em São Paulo. A iniciativa rendeu imagens impactantes, como o vídeo da fila no Instagram do Livronews evidencia. Mas o que se extrai de maior significado não tem a ver somente com o papel – inegável – das redes sociais na difusão da leitura. E sim, com o caminho que precisa ser aberto no Brasil para levar mais livros a mais leitores.
Tal caminho começa pelo aperfeiçoamento institucional e estrutural para a disseminação da cultura do livro. Isso implica em legislação adequada, recursos para aplicação de programas de formação de leitores, abraçando diversos pontos sucateados, das bibliotecas e seus acervos até o ambiente de negócios propício à sustentabilidade do ecossistema do livro. Englobando melhores condições de trabalho e renda para escritores, gráficas, editoras, livrarias, e todos os profissionais que se dedicam a espalhar a bibliodiversidade, sem a qual a educação se estreita, a cidadania se apequena e a democracia se anula.
Uma fila longa pode ser sinal de amadurecimento coletivo, quando os indivíduos demonstram respeito uns pelos outros. Mas nesse caso, é mais um sintoma de problema estrutural num país de longas filas que deveriam nem existir.
Circuito Relicário
A editora Relicário promove dois bate-papos online nesta segunda, 16, e terça 17, dentro do Circuito Relicário 11 anos. Na segunda, Adriana Lisboa, Bárbara Bom Angelo e Maria Rita Viana conversam sobre “Pequenas coisas como estas - O que atrai tanto nas narrativas de Claire Keegan: Literatura, cinema e tradução”, com a mediação de Gabriela Gomes. E na terça, é a vez de Luciene Guimarães, Mariana Sanchez e Paloma Vidal, sobre “A escrita de mulheres em variados gêneros – Escrever como manifesto, ofício e missão: Marguerite Duras, Alejandra Pizarnik e ‘nos.otras latino-americanas’”, com a mediação de Angélica Cigoli. Nos dois dias, a partir das 7 da noite no Youtube da Relicário.
Um quarto em Cavala
A Laranja Original promove o lançamento nesta terça, 17, do romance em prosa poética de Viviane Ka, “Um quarto em Cavala”. Na obra, “através de diálogos com mulheres mitológicas como Safo e Afrodite, a escrita torna-se âncora e vento, em um constante movimento entre perder-se e reencontrar-se nas páginas de um diário de bordo”, segundo a divulgação. A partir das 7 da noite, a autora estará autografando o livro no Bar Barouche, na Vila Madalena, em São Paulo.
Mota Menezes
O Convento Franciscano, no sítio histórico de Olinda, recebe nesta terça, a partir das 3 da tarde, o lançamento de “A Venerável Ordem Terceira de São Francisco em Olinda”, de autoria do arquiteto e historiador José Luiz Mota Menezes, falecido em 2021. A obra apresenta os aspectos arquitetônicos, históricos e artísticos do Convento de Sao Francisco de Assis, com recorte específico da Venerável Ordem Terceira, que se instala no conjunto em 1711. O evento terá a presença do vice-ministro da Ordem Terceira, Rosildo Pires, do historiador e formador da Ordem, George Cabral, da arquiteta Luciana Menezes, filha do autor, de Clarisse Fraga, organizadora do livro, e do fotógrafo Josivan Rodrigues, responsável pelas imagens que servem de guia para os textos.
O mau selvagem
Álvaro Filho lança no Recife, nesta terça, 17, o romance policial que trata das relações entre brasileiros e portugueses no contexto de mudanças políticas em terras lusitanas, onde o autor mora. “O mau selvagem” já teve eventos de lançamento em Lisboa e em Óbidos, em Portugal. A partir das 18h na Livraria do Jardim.
Grandes favelas
Com prefácio de Maria Vilani, arte de Ricardo Negro e projeto gráfico de Roberto de Lima, Adenildo Lima lança seu oitavo livro, o romance “Grandes favelas – E suas brechas dentre becos e vielas”, em publicação da Editora da Gente. Em visita do Livronews à Livraria da Gente, na Vila Mariana, em São Paulo, o irmão do autor, Ivanildo Lima, mostrou exemplares da obra.
Encontro com Elisa
A Pallas traz o novo de poemas de Elisa Lucinda, “Encontro com a invenção”, onde o leitor descobre uma história de amor. “Quando um livro de poesia é escrito contando uma história, tendo o mesmo tema, é chamado de romanceiro”, explica a autora. “Apresento Vítor, um personagem criado na ficção, mas que havia escapado para as bandas do real — o livro é o encontro destes mundos. Aos poucos, vamos compreendendo a dificuldade que ele tem de se adaptar ao que chamamos de realidade”. No último dia 7, houve evento de lançamento na Livraria Folha Seca, no Rio de Janeiro, e no dia 11, na Megafauna, em São Paulo.
Trabalho intelectual e manual
Está chegando ao Brasil, pela Boitempo, uma das principais obras do economista e filósofo alemão Alfred Sohn-Rethel. “Trabalho intelectual e manual” tem tradução de Elvis Cesar Bonassa, prefácio de Olgária Matos, orelha de Vladimir Safatle e quarta capa de Theodor Adorno, Slavoj iek e Antonio Negri. Nas livrarias na segunda quinzena de janeiro.
Leitura crítica
O Nespe está com inscrições abertas para o curso online de Leitura Crítica, que terá início na quinta, 16 de janeiro, das 7 às 9 da noite, ministrado por Denise Schittine. Com dureação de 12 horas e aulas uma vez por semana, o curso oferece no conteúdo as etapas para uma boa leitura crítica, a fim de “aperfeiçoar a capacidade de examinar um texto com sensibilidade, rigor e imparcialidade”. Denise Schittine é editora, tradutora, escritora e professora universitária. Saiba mais em www.nespe.com.br.
Comida do Pantanal em livro
A gastronomia típica brasileira recebe nova referência em livro na Europa, do chef Paulo Machado. Com edição da Documenta Pantanal, foi lançado na última quinta, 12, na Embaixada do Brasil em Madri, “La Cocina del Pantanal: Los Sabores de la Transhumancia”. Com textos de Cristina Couto e fotografia de Luna Garcia, prefácio de Mara Salles e considerações do Embaixador Orlando Leite Ribeiro e da socióloga Julia Isabel Alvarez Novoa. “Transmitir saberes e reforçar a identidade cultural latino-americana é o que busca a versão em espanhol do meu livro”, diz Paulo Machado. Outras informações em www.casadellibro.com.
Prêmio da UBE-RJ
Obra de poesia de Zeh Gustavo, “Pequeno manual de preparo do solo para um constructo de destroços”, publicada pela Urutau, recebeu no último dia 9 o prêmio literário da União Brasileira de Escritores (UBE) do Rio de Janeiro. O livro faz uma “investigação de linguagem poética que perpassa superfície e profundezas, verbo e música, lúdico e pensamento, aborda o tema de como tratar o nosso solo, a nossa casa, o nosso eu – os nossos destroços”, segundo a divulgação.
Constância
Prosa poética ilustrada com inspiração na obra clássica de Nietzsche, “Assim falou Zaratustra”, o novo livro de Juliana Pádua, Márcia Cattoi e Ana Fonseca, publicado pela Patuá, é um convite ao pensar filosófico através da experiência da linguagem. “Constância” é apresentado como provocação que faz “cócegas no pensamento a partir do estranhamento, da suspensão do tempo, da incerteza, da metamorfose”.
3 Natais recifenses
Em livro de contos publicado pela Caravana, o escritor pernambucano Israel Pinheiro aborda a carga sentimental evocada pela época natalina. “3 Natais recifenses” é um livro que trata dos “laços que unem as pessoas e o poder de uma data que vai além da força espiritual: é símbolo de esperança por dias melhores”.
Um romance corajoso: Emílio
Em artigo para o Livronews, o professor e escritor Anco Márcio Tenório Vieira comenta a obra de Wellington de Melo, “Emílio”, publicada pela Cepe. Trata-se de um romance corajoso, segundo Anco Márcio, “por não repetir os clichês ideológicos e conceituais que permeiam o nosso momento histórico, dentro e fora da academia” e “por não entregar ao leitor apenas e somente uma reflexão sobre a nossa contemporaneidade que ele, o leitor, inscrito em sua bolha social, política, religiosa e cultural espera encontrar”. Leia o texto completo no site www.livronews.com.br.