Um escritor brasileiro no Oscar
Marcelo Rubens Paiva escreveu a obra em que se baseia o filme "Ainda estou aqui", de Walter Salles, que concorre em três categorias

Muitos antes de as luzes se apagarem para a iluminação da tela grande, e até do trabalho coletivo de produção e criação de um filme de sucesso, é na arte solitária da escrita que surge a palavra destinada a emocionar multidões. A história do cinema é repleta de exemplos de livros que viraram filmes memoráveis: Arthur C. Clarke, Stephen King, Oscar Wilde, Victor Hugo, Dan Brown, Mary Shelley, Arthur Conan Doyle, Agatha Christie, George Orwell, Julio Verne, J. K. Rowling, Alexandre Dumas e tantos outros, escreveram para leitores, e somente anos depois tiveram suas criações adaptadas em forma cinematográfica.
No Brasil, também não faltam referências da literatura para o cinema: Jorge Amado, Ariano Suassuna, Paulo Lins, Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto, Rachel de Queiroz, Erico Veríssimo, Ziraldo, Graciliano Ramos, Mário de Andrade e Machado de Assis, são alguns dos autores cuja imaginação foi aproveitada pela cultura da imagem. A tradição volta à cena com “Ainda estou aqui”, de Marcelo Rubens Paiva, publicado pela Alfaguara, transportado para o cinema em filme de Walter Salles, com Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello no elenco.
Autor de “Feliz ano velho”, “Blecaute”, “Malu de bicicleta” e “O orangotango marxista”, Marcelo Rubens Paiva publicou “Ainda estou aqui” há dez anos. Músico, dramaturgo e roteirista, o artista da escrita chega, por tabela, à disputa do prestigiado prêmio do cinema graças ao talento reunido pelo diretor Walter Salles, e à interpretação sensível de Fernanda Torres no papel de Eunice, mãe de Marcelo, numa história autobiográfica que conta o impacto na família do sequestro e assassinato de seu pai, Rubens Paiva, pela ditadura militar.
Se não fosse o livro, não tinha o filme, nem a possibilidade do Oscar. E se não fosse o escritor, não haveria o livro. Dá para ver a importância da formação de escritores e leitores – pois são leitoras e leitores apaixonados pela literatura, as escritoras e os escritores – quando fazemos o trajeto de volta, do grande filme realizado ao artista da palavra que contou tão bem essa história.
Guerra sem testemunhas
A Cepe e a Editora da UFPE lançam a terceira edição da obra de Osman Lins que havia sido publicada há 50 anos: “Guerra sem testemunhas – O escritor, sua condição e a realidade social” tem organização do professor e escritor Fábio Andrade. O evento de lançamento foi no Museu do Estado de Pernambuco, e contou com a presença da filha de Osman, Letícia Lins, e debate do organizador com o crítico Eduardo Maia. Para Fábio Andrade, o livro “é uma obra que dialoga muito com nossa época. Tanto no aspecto estrutural do texto, pela mistura de gêneros – ensaio, testemunho, relato, ficção – como pela atualidade dos problemas que aborda. Por exemplo, quando Osman Lins analisa a censura, desenvolve uma reflexão contundente sobre o seu significado”, diz o organizador, em matéria que pode ser lida na íntegra no site do Livronews.
Hora da história
A Livraria do Jardim, no Recife, recebe neste domingo, 26, evento gratuito de contação de histórias, com Susana Morais. O livro escolhido para a Hora da História, dedicada ao público infantil e suas famílias, é “O Guia Animal para se dar bem na escola”, de Laura e Philip Bunting. A obra traz “temas sobre convivência, aprendizado, amizade e a importância de ser gentil com os outros”. A partir das 10h30 da manhã.
Correspondentes da APL
No aniversário de 124 anos da Academia Pernambucana de Letras (APL), nesta segunda, 27, serão entregues diplomas aos novos correspondentes: Gérson Camarotti, Carlos Henrique Coimbra, Davi Leandro, José Almino de Alencar e Renato Pontes Queiroz. “O sócio correspondente é alguém que a Casa escolhe e acolhe para alargar as fronteiras do nosso saber conjunto. É alguém com quem a gente comparte o cuidado com a cultura - memória e potencial de invenção. Tal cuidado é para exorcizar risco de um saber fechado, setorizado; para evitar excessos da solidão do saber (tão temível como a solidão do poder); portanto, o correspondente é um gesto próprio de uma Casa republicana - que consulta, se aconselha, junto a outros ângulos de percepção e criação cultural. O correspondente é, portanto, um colega ("colega": ligado a nós; fazendo parte desse "collegium". Nele, sobre a distância, prevalece o ser membro orgânico da Casa”, explica o presidente da APL, Lourival Holanda. Na mesma ocasião, será feita a entrega do Prêmio de Literatura Regional Naíse e José Nivaldo.
Cornélio Penna
A Cepe lança na terça, 28, “Vidas matáveis em Cornélio Penna”, de Luiz Eduardo Andrade. “Nesta obra, exploro, a partir da literatura de Cornélio Penna, o que é a vida em seus múltiplos aspectos biopolíticos, entrelaçando literatura e uma interpretação de quem somos nós na história do Brasil”, diz o autor, que é professor e pesquisador na Faculdade de Letras da UFAL, em Alagoas. Antes da sessão de autógrafos, haverá bate-papo com a mediação deste colunista. No Museu do Estado de Pernambuco, a partir das 7 da noite.
Cacto na boca
Mais um lançamento no Recife, nesta quinta, 30. A plaquete “Cacto na boca”, de Gianni Gianni, sai pelo Círculo de Poemas. O livro “pode ser lido como um único poema em forma de peça teatral. Ou como uma série de poemas que constroem uma denúncia do teatro intolerável em que a vida se converte”, segundo a divulgação. O lançamento será na Livraria do Jardim, em bate-papo da autora com Julya Vasconcelos, a partir das 7 da noite.
O último dia da infância
A Livraria Simples, em São Paulo, terá o lançamento do novo livro de crônicas de Marcelo Moutinho, vencedor do Jabuti neste gênero em 2022. “O último dia da infância” é uma publicação da Malê, e percorre “territórios afetivos das cidades e relações humanas”, passando por São Paulo, Salvador, Montevidéu e Buenos Aires, além do Rio de Janeiro, “seu habitat mais íntimo”. O evento começa às 7 da noite.
Da Terra à lua
Arte para aguçar a sensibilidade. A soprano Nívea Freitas, o pianista Wagner Sander e o compositor Felipe Romagna se juntam num concerto que “explora a relação humana com o terrestre e o celeste”, sob a inspiração da obra de Julio Verne, “Da Terra à Lua”. O espetáculo terá apresentação única em Belo Horizonte, na quinta, 6 de fevereiro, às 8 da noite, no teatro do Espaço Cultural Unimed-BH Minas.
De quatro
Para debater o livro de Miranda July lançado pela Amarcord no Brasil, a Megafauna, em São Paulo, e a Livraria da Travessa do Leblon, no Rio de Janeiro, recebem os primeiros encontros da Casa Record na Livraria, para celebrar a literatura através de bate-papos. Na terça, 4 de fevereiro, Sarah Oliveira, Tatiana Vasconcelos e Bruna Beber, tradutora da obra, estarão na Megafauna, a partir das 7 da noite. No dia 11, no mesmo horário, será a vez de Maria Ribeiro, Letrux e Iana Vilella conversarem na Travessa. Em “De quatro”, Miranda July “narra o cotidiano insólito de uma mulher de 45 anos na perimenopausa, com delicadeza, erotismo e humor”, segundo a divulgação.
Antirracismo
A Pallas abre a Coleção Cultura e Educação Antirracista com “A cultura de luta antirracista e o movimento negro do século 21”, de Thayara de Lima. A coleção visa oferecer “diferentes olhares que fortalecem uma nova perspectiva social”, de acordo com a editora. Neste primeiro livro, a autora trata da lei 10.639 de 2003, sobre o ensino de história e cultura afro-brasileira. A legislação completou 21 anos em janeiro sem ser cumprida nas escolas públicas e privadas no país.
Isabela Noronha
Em entrevista para o Livronews, Isabela Noronha fala sobre “Carlabê”, livro de sua autoria lançado pela Companhia das Letras. “A obra apresenta uma narrativa que desafia o leitor, ao trazer várias vozes, em especial, as das personagens Carlabê e Saramara. O ponto de partida é o desaparecimento de Carlabê. Sem notícias da amiga há uma semana, Saramara é “entrevistada” por um homem enquanto circula pelo bairro de Santa Cecília. O leitor tem acesso a transcrição desse diálogo, constantemente interrompido pela voz da cidade, que parece falar também. Além disso, Carlabê deixou, em seu apartamento, um caderno onde escrevia cartas e, através delas, sua voz se faz presente na narrativa”, escreve Mariana Oliveira, que realizou a entrevista. Confira a íntegra da conversa no site www.livronews.com.br.