"Preço inflacionado" é prática da maioria dos donos de imóveis e prejudica negócios imobiliários no País

Mais de 80% dos brasileiros que procuram moradia diz que é difícil obter informações precisas sobre o valor adequado de um determinado imóvel

Publicado em 18/10/2024 às 18:36

A falta de uma balizador ou de conhecimento para atestar que um imóvel vale realmente o valor que está sendo pago é um dos principais entraves para que os brasileiros interessados em comprar ou alugar imóveis fechem negócio. Dois em cada três brasileiros (65%) já deixaram de alugar, comprar ou vender um imóvel com medo de fazer um mau negócio por conta do preço, segundo pesquisa inédita realizada pelo Datafolha em parceria com o Grupo QuintoAndar. O mesmo levantamento aponta que essa parcela da população tem razão, já que mais da metade dos proprietários (56%) afirma que coloca o preço acima do mercado, já contando com o desconto na negociação.

Mais de 80% dos brasileiros diz que é difícil obter informações precisas sobre o valor adequado de um determinado imóvel no País. “A incerteza em torno do preço é uma barreira que impede muitos brasileiros de realizar uma transação, evidenciando a necessidade de fornecer cada vez mais informações para que inquilinos, compradores e proprietários possam tomar decisões mais balizadas”, afirma Thiago Reis, gerente de Dados do Grupo QuintoAndar.

Essa questão é especialmente relevante uma vez que mais da metade dos entrevistados (56%) afirma que o preço é determinante na hora de tomar uma decisão no mercado imobiliário. Além disso, para inquilinos e compradores, encontrar um imóvel dentro do valor que podem pagar é a maior dificuldade citada (por 47% dos participantes) na hora de alugar ou comprar uma propriedade. O aspecto financeiro é considerado mais importante do que saber se há problemas estruturais com o imóvel (34%) ou encontrar imóveis que atendam às necessidades específicas (32%).

"PREÇO INFLACIONADO"

Os dados reforçam que a prática de "gordura" no preço, que consiste em inflacionar um imóvel além de seu valor de mercado, na expectativa de conceder desconto, é uma estratégia comum no setor imobiliário. Segundo a pesquisa, 53% dos entrevistados acreditam que os proprietários já colocam o preço acima esperando um desconto na negociação.

Essa visão é confirmada pelos próprios proprietários de imóveis. Mais da metade deles (56%) afirma que coloca o preço acima já contando com o desconto na negociação, enquanto 29% relatam que estipulam o valor que estão dispostos a aceitar e abrem pouco espaço para barganha. Apenas 16% dizem precificar no patamar que estão dispostos a fechar um acordo, sem flexibilidade.

MARGEM DE NEGOCIAÇÃO

Entre aqueles que desejam alugar ou comprar, 77% afirmam que iniciam a busca já pensando em obter um desconto. Além disso, mais da metade (52%) busca uma margem de negociação entre 5% e 10% do valor do imóvel.

“Essa estratégia, muitas vezes, acaba prejudicando quem planeja vender ou alugar, em razão da sobreprecificação, podendo, inclusive, impactar a liquidez do imóvel. Isso pode desestimular também os compradores e inquilinos que buscam preços justos e transparentes. Os dados mostram que 78% já tiveram dúvidas se o preço anunciado tinha margem para negociação”, destaca o gerente de Dados do Grupo QuintoAndar.

Atualmente, as principais dificuldades em precificar um imóvel ou entender se o valor cobrado faz sentido são: ter fontes confiáveis para se orientar (média 6,4), saber se o preço está adequado na hora da decisão (6,4) e avaliar o impacto das melhorias/reformas feitas no imóvel (6,3). As notas foram dadas em uma escala de 0 a 10.

 

Foram entrevistados mais de 2 mil inquilinos, compradores, vendedores e proprietários de imóveis em todas as cinco regiões do País.

 

 

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