Brasil tem venda recorde de imóveis, mas precisa de controle fiscal de Lula para conter disparada de preços

A mensagem dos analistas do setor é clara: sem equilíbrio fiscal, haverá comprometimento dos recursos disponíveis para o setor em todas as frentes

Publicado em 18/11/2024 às 17:12
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O terceiro trimestre de 2024 encerrou-se com boas notícias para o mercado imobiliário, no que diz respeito aos resultados alcançados, e um alerta quanto ao futuro do setor. Nos últimos três meses até setembro, houve crescimento de 20,1% no número de lançamentos e de 20,8% nas vendas de unidades habitacionais em todo o País -  recorde de vendas para o período desde 2016 -, consolidando um ano de puxança, inclusive com redução dos estoques. Porém, dada a conjuntura atual, a chegada de 2025 não parece o início de um ano tão promissor, conforme alerta a Câmara Brasileira da Indústria de Construção (Cbic). 

“Entre as principais preocupações estão a manutenção do orçamento do FGTS, já pressionado pela demanda crescente, e o impacto do desequilíbrio fiscal nas taxas de juros, que encarecem o crédito habitacional e os recursos livres para financiamentos”, explica o vice-presidente de Indústria Imobiliária da CBIC, Ely Wertheim.

A mensagem dos analistas do setor é clara: sem equilíbrio fiscal, haverá comprometimento do custo dos recursos disponíveis para o setor em todas as frentes - desde aperto no FGTS até pressão dos juros sobre os recursos da Poupança e linhas de crédito com recursos livres-, e o resultado pode ser uma elevação ainda maior no custo da produção como também no valor final dos imóveis postos à venda para a população. 

“Temos uma fotografia positiva, mas temos um cenário desafiador para 2025. Não apenas pelas taxas de juros, mas também pelo funding. Temos um cenário desafiador”, alerta Wertheim. Entre os desafios ainda estão as margens de lucro do setor que tendem a se apertar devido à pressão de custos, sobretudo devido à elevação de mão de obra, dada a situação geral da escassez de trabalhadores qualificados. 

"O anúncio (de corte de gastos) e a credibilidade do governo impactam a taxa de juros futuro, que é o que dita a taxa final do crédito imobiliário. É muito importante que o compromisso fiscal do governo sinalize para o País a manutenção ou a queda dos juros futuros”, reforça o conselheiro da CBIC e economista Celso Petrucci.

RECORDE DE VENDAS E REDUÇÃO DOS ESTOQUES

Olhando pelo retrovisor, o terceiro trimestre de 2024 foi finalizado com o lançamento de 95.063 unidades verticais (apartamentos) nas 221 cidades analisadas pela Cbic (incluindo as 27 capitais e principais regiões metropolitanas). Já as vendas somaram 105.921 no mesmo período e amostragem – um recorde desde o início do levantamento em 2016. 

De janeiro a setembro de 2024, foram comercializadas 19,7% mais moradias (292.557) e lançadas mais 17,3% unidades residenciais (259.863) em todo o Brasil, comparado com o mesmo intervalo de 2023. Nos últimos 12 meses (outubro de 2023 a setembro de 2024), foram 379.812 unidades vendidas (+16,6%) e 360.771 lançadas (+12,7%). A oferta final de imóveis caiu -9,2% no período de 12 meses.

Com R$ 53 bilhões, o Valor Geral de Lançamentos (VGL) do 3º trimestre de 2024 é 14% maior que o mesmo período de 2023 (R$ 46 bilhões). No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o VGL foi de R$ 146 bilhões, 13,4% a mais que de janeiro a setembro de 2023, com R$ 129 bilhões. Nos últimos 12 meses foram R$ 210 bilhões em lançamentos, alta de 17,4% em relação ao mesmo período do ano passado.

Com o montante de R$ 57 bilhões comercializados no 3º trimestre de 2024, o VGV (Valor Global de Vendas) foi 16% maior que no mesmo intervalo de 2023 (R$ 49 bilhões). No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o VGV somou R$ 163 bilhões, 21% a mais que o registrado no mesmo período de 2023, R$ 135 bilhões. No acumulado em 12 meses foram R$ 215 bilhões em vendas, 23% a mais que nos 12 meses anteriores.

AVANÇO DO MINHA CASA MINHA VIDA

Somente no segmento do MCMV, foram 46.142 unidades vendidas no 3º trimestre de 2024, contra 31.403 no 3º trimestre de 2023 – alta de 46,9% nas 221 cidades pesquisadas. A participação do programa no volume total de vendas passou de 36% terceiro trimestre do ano passado para 44% neste ano.

O MCMV também teve um aumento expressivo, 31,8%, do número de lançamentos no 3º trimestre de 2024 – 47.525 novos imóveis colocados no mercado –, frente ao 3º trimestre de 2023 (36.071 imóveis lançados) – e passou a representar 50% dos lançamentos do mercado no período. No 3º trimestre de 2023 eram 46%.

De janeiro a setembro de 2024, o Programa Minha Casa, Minha Vida registrou um aumento de 58,7% nos lançamentos e 43,6% nas vendas de apartamentos. Nos últimos 12 meses, esses aumentos chegaram a 50% e a 34%, respectivamente.

 

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