Recife busca planejamento urbano com mais moradias econômicas e redução de migração da população

Novo secretário de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento do Recife, Felipe Matos, quer atuação conjunta com atores sociais e econômicos

Publicado em 21/01/2025 às 17:26
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Oitava cidade do Brasil com maior perda no número de habitantes, com uma redução de 48.784 pessoas residentes, desde 2010, segundo o último Censo do IBGE, o Recife busca alternativas para viabilizar melhorias nas condições para construções residenciais na cidade, sobretudo no que diz respeito a empreendimentos considerados das faixas econômicas. O novo secretário de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento do Recife, Felipe Matos, diz-se atento a essa questão, buscando estimular a criação de uma política de planejamento urbano a longo prazo, com atualização de legislações vigentes e diálogo com o setor produtivo para viabilizar novas construções na cidade que atendam a parcela da população que tem conseguido ascender socialmente e buscado moradia em outros municípios da RMR.

Para evitar a perda de população e receita, o Recife está em vias de atualizar a sua Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), que pode garantir mudanças em regras urbanísticas que hoje não favorecem construções econômicas na cidade e impactam também no desenvolvimento do mercado de alto padrão em áreas mais nobres.

“Há necessidade de atualizar o regramento legal, muitos dos entraves que enfrentamos com o setor imobiliário é por conta da legislação desatualizada. Temos 29 anos da LUOS. Havia uma lógica rodoviarista que passou para a lógica de vida caminhável, e isso muda completamente. Só que nosso regramento continua amarrado. Precisamos passar por essa revisão e queremos muito ouvir aqueles que viabilizam a ocupação de lotes na cidade”, reforçou o secretário Felipe Matos.

LEIS, PLANEJAMENTO E LIBERAÇÕES

Além do foco na legislação, está no radar acelerar o licenciamento de obras e instituir uma política de planejamento consolidado para o desenvolvimento urbano da cidade, independentemente de quem esteja no poder. Iniciativa vista com bons olhos pelo setor imobiliário.

“O secretário está muito antenado a todas as dificuldades urbanas, e não poderia ter pessoa melhor para estar no cargo. Há uma segurança em relação à capacidade de compreensão e de conversar com todos os setores, o que nos anima para pensarmos juntos o desenvolvimento da cidade”, afirmou o presidente da Ademi-PE, Rafael Simões.

MAIS IMÓVEIS ECONÔMICOS

Nos últimos anos, a capital pernambucana sofre com a pouca oferta de imóveis dentro das faixas comerciais de programas como o Minha Casa Minha Vida e que atendam a classe média como um todo, em função de fatores como a já conhecida escassez de bons terrenos, mas também limitações consideradas exacerbadas em relação à altura de prédios e restrições construtivas.

“Temos uma cidade que em 12 anos perdeu população. Que desenvolvimento urbano e política estamos construindo aqui? Menos população é menos arrecadação”, ressaltou o secretário durante reunião promovida pela Ademi-PE para aproximar o gestor das demandas dos construtores associados.

MENOS MORADORES EM BAIRROS CARENTES

Ainda segundo Felipe, num raio-x da perda de população do Recife, a cidade apresenta um diagnóstico de que as áreas nobres têm crescido o número de moradores, em função da perda em bairros carentes.

“As áreas mais carentes são as que têm mais adensamento. Então, como está perdendo população? Saímos de três habitantes e meio por casa para 2,5 por casa, num processo de ascensão social, que tem resultado na migração (de parte dos integrantes das famílias) para outras cidades com habitação popular. Que cidade é essa que só serve para os muito pobres ou muito ricos, o cara do meio (da faixa social) está indo embora”, ponderou.

Para exemplificar a discrepância em relação ao custo de moradia na cidade, ele justificou que o Recife é atualmente a cidade com o terceiro maior aluguel do País, ao mesmo tempo em que tem também a terceira cesta básica mais barata do Brasil. Sem acesso a imóveis que caibam no bolso para a compra, o aluguel vira opção para boa parte da população e já se tornou o maior fator do déficit habitacional recifense, segundo a Fundação João Pinheiro, comprometendo 46.150 habitações.

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