Do JC Online - A violência enfrentada por Manchinha cadela envenenada e morta a pauladas por um segurança do supermercado Carrefour, em Osasco (SP) não é uma história isolada. Nos últimos cinco anos, a Secretaria Executiva dos Direitos dos Animais (Seda) do Recife registrou mais de dois mil casos de animais que sofreram maus-tratos.
Parte deles é recolhida pelo Centro de Vigilância Ambiental (CVA) do Recife, onde passa por cuidados e é disponibilizada para adoção, como aconteceu com Malhadinho, um cãozinho idoso que foi resgatado em frente a uma loja da mesma rede de supermercados, só que desta vez, na Torre, bairro da Zona Oeste do Recife, na última terça-feira (4).
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Diferentemente do que aconteceu na última sexta-feira (30), em São Paulo, os funcionários da rede de supermercado no Recife acionaram as autoridades para resgatar o animal. Ele estava com a pata machucada, mas foi recolhido pelos agentes do CVA e tratado. Agora, espera, junto a outros 50 cães, acolhimento de uma família. Infelizmente, o número de animais à procura de um lar é muito superior ao de pessoas dispostas a adotar, comenta Goretti Queiroz, ativista da causa animal. Interessados em adotar animais no CVA precisam comparecer ao local com o documento de identidade, CPF e comprovante de residência. Caso o interesse seja em cavalo ou jumento, é preciso levar comprovante de propriedade em área rural.
A preocupação dos protetores com os animais que vivem nos arredores de supermercados não é de hoje. Segundo a presidente da Federação das Associações Organizadas da Sociedade Protetora dos Animais de Pernambuco, Luciene Nascimento, os casos de maus-tratos neste tipo de estabelecimento são recorrentes. Sempre aparecem animais perto de supermercados e recebemos várias denúncias. O que queremos é conscientizar as empresas de que eles merecem ser bem tratados. Por que, em vez de botar os bichos para fora, não criar uma campanha de conscientização e adoção envolvendo a população?, diz.
Segundo ela, também faltam políticas públicas que atendam as demandas dos animais maltratados. Em Pernambuco, por exemplo, considera Luciane Nascimento, não existe cuidado. O governo daqui há muito tempo não faz ações. Não vemos campanhas de adoção, controle populacional ou algo do tipo. Tudo fica a cargo das prefeituras que, em sua maioria, não possuem centro de acolhimento para esses animais".
De acordo com o promotor de Meio Ambiente do Ministério Público (MPPE), Ricardo Coelho, denúncias de violência contra animais são constantes no órgão. Configurados crime, maus-tratos podem acarretar multas e prisão ao praticante. Qualquer crime contra a fauna, incluindo animais domésticos, pode ser ser punido com multa, que varia de R$ 50 a R$ 50 milhões e reclusão de três meses a um ano, podendo aumentar em um terço em caso de morte do animal, pontua o promotor.
Para o Conselho Federal de Medicina Veterinária, podem ser considerados maus-tratos contra animais agressão, abandono, envenenamento, mutilação, privação de comida e água, manutenção em locais sem iluminação e ventilação, permanência ao Sol por longos períodos e prisão em correntes ou cordas curtas que inviabilizem a locomoção do bicho, além de submissão a situações de medo e estresse.
ARREPENDIDO
O segurança acusado de ter agredido e causado a morte de um cachorro, em uma loja do Carrefour, em Osasco, confessou ter golpeado o animal e se disse arrependido, em depoimento prestado ontem na Delegacia do Meio Ambiente local. Ele afirmou que, após acerta o cachorro com uma barra metálica só se deu conta de que o havia ferido quando viu o sangue no chão. O segurança disse que ligou para o Centro de Zoonoses. Vai responder em liberdade por maus-tratos, com pena de 3 meses a 1 ano de detenção e multa.