Guia ensina a implantar sistemas de bike share

Publicado em 07/02/2014 às 17:50 | Atualizado em 07/02/2014 às 17:50
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  Sistema de aluguel de bicicletas do México é um dos modelos citados no guia. Foto: ITDP Sistema de aluguel de bicicletas do México é um dos modelos citados no guia. Fotos: ITDP   No dia 13 de fevereiro (próxima quinta-feira), o ITDP Brasil (Instituto de Políticas em Transporte e Desenvolvimento) estará lançando um guia para orientar a implantação de sistemas de bike share - compartilhamento de bicicletas, modelo igual aos pernambucanos BikePE, do governo do Estado, e Porto Leve, do Porto Digital. A publicação reúne as melhores práticas internacionais de planejamento e implementação de sistemas do tipo, foi intitulada Guia de Planejamento de Sistemas de Bicicletas Compartilhadas e será apresentada durante o III Fórum Mundial da Bicicleta, que acontece em Curitiba, no Paraná, entre os dias 13 e 16 de fevereiro. A publicação possui 152 páginas com boas práticas, diretrizes de projeto e indicadores para orientar governos, empresas e sociedade civil. Criado por um grupo multidisciplinar de especialistas e fruto de um estudo que coordenou equipes de diversos escritórios do ITDP ao redor do mundo, o guia surgiu para encontrar padrões e compartilhar o que deu certo e o que deu errado em um momento em que as bicicletas públicas ganham o mundo. "Poucos sistemas de transporte se espalharam tão rapidamente como o das bicicletas compartilhadas. A grande maioria surgiu nos últimos dez anos e não será uma grande surpresa vermos um crescimento exponencial nos próximos dez. Claro que alguns sistemas tiveram mais sucesso do que outros e, por isso, criamos esse guia, para entender e compartilhar as melhores práticas", explica Walter Hook, diretor executivo do ITDP. O guia destaca dois indicadores para se avaliar eficiência, confiabilidade e custo-benefício de um sistema: penetração (representado pelo número de viagens/dia/bicicleta) e utilização da infraestrutura (representado pelo número de viagens/dia/1.000 moradores). Algumas cidades alcançaram excelentes resultados, se destacando em relação à adoção pelo público e a utilização de sua infraestrutura, tornando-se referência as demais, como: ·      Barcelona, com 10.8 viagens/dia/bicicleta e 67.9 viagens/dia/1.000 moradores; ·      Cidade do México, com 5.5 viagens/dia/bicicleta e 158.2 viagens/dia/1.000 moradores; ·      Montreal, com 6.8 viagens/dia/bicicleta e 113.8 viagens/dia/1.000 moradores; ·      Nova Iorque, com 8.3 viagens/dia/bicicleta e 42.7 viagens/dia/1.000 moradores; ·      Paris, com 6.7 viagens/dia/bicicleta e 38.4 viagens/dia/1.000 moradores.   O bike share de Paris também faz parte do guia. São O bike share de Paris também faz parte do guia. São quase 7 mil viagens por dia na capital francesa.   “Alguns sistemas de bicicletas públicas deram tão certo que hoje são muito mais do que sistemas de transportes: eles representam suas cidades", sintetiza Colin Hughes, Diretor de Avaliação de Políticas e Projetos do ITDP e responsável por coordenar o estudo que originou a publicação. O guia identifica cinco elementos críticos que podem ser usados para avaliar seu desempenho: ·      Densidade de estações: Uma rede bem distribuída deve ter de 10 a 16 estações por quilômetro quadrado (distância máxima de 300 metros entre elas; distância que pode ser percorrida a pé). Isso é fundamental para aumentar a adesão ao novo sistema. Nesse aspecto, os dois sistemas em operação na Região Metropolitana do Recife está bem atraso. São menos de 70 estações em operação para a capital e as cidades vizinhas de Jaboatão dos Guararapes e Olinda. ·      Número de bicicletas por moradores: De 10 a 30 bicicletas devem estar disponíveis para cada grupo de 1.000 moradores. Áreas muito densas ou com grande volume de pessoas devem possuir um número ainda maior. A baixa disponibilidade de bicicletas pode comprometer a confiança dos usuários nas bicicletas públicas. Esse sistema deve ser tão confiável e regular como qualquer outro modo de transporte, como ônibus, metrô ou trens. ·      Área de cobertura: A área mínima a ser coberta deve ser de 10 quilômetros quadrados, grande o suficiente para conter um número significativo de pontos de origem e pontos de destino interessantes, e assim atrair novos usuários. ·      Qualidade das bicicletas: As bicicletas devem ser duráveis, atraentes e práticas de se usar  (com cestinhas para se carregar bolsas e/ou compras, cobre corrente e paralamas para proteger as roupas de sujeira, quadro baixo para facilitar sentar na bicicleta com qualquer tipo de roupa). O design diferenciado de peças e componentes também aumenta a segurança e desencoraja furtos. ·      Facilidade de uso: A retirada e devolução devem oferecer conveniência. A tecnologia é decisiva para se criar uma interface simples de usar, um sistema de travamento seguro e automatizado, assim como o monitoramento em tempo real das bicicletas em uso. Mais de 400 cidades em todo o mundo já aderiram a esse inovador sistema de transporte. Solução muito eficaz para transportar passageiros de e para grandes polos geradores de viagens, como estações de metrô e BRT (Bus Rapid Transit), as bicicletas compartilhadas também ajudam a reduzir o número de veículos particulares nas ruas, desafogando o trânsito e reduzindo as emissões de gases do efeito estufa. A primeira edicão em português do "Guia de Planejamento de Sistemas de Bicicletas Compartilhadas" terá tiragem limitada e após o lançamento estará disponível em versão digital no site do ITDP Brasil ou em versão impressa na sede do ITDP Brasil, no Rio de Janeiro. Sites: www.itdpbrasil.org.br e www.itdp.org.

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