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Situação do contorno urbano é vergonhosa. Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foi batido o martelo. O governo de Pernambuco vai iniciar no próximo mês uma operação de manutenção às pressas na BR-101, a chamada tapa-buraco – uma ação meramente paliativa –, e terá que fazer uma nova licitação para o projeto de requalificação dos 30 quilômetros que compõem o contorno urbano da rodovia na Região Metropolitana do Recife, entre Abreu e Lima e Jaboatão dos Guararapes. Ou seja, para ver os históricos problemas do trecho da BR serem resolvidos a população terá que esperar ainda um bom tempo. O governo tentou até a semana passada convencer a segunda colocada na licitação, a Construtora Ferreira Guedes, a assumir o trabalho depois que a Mendes Júnior desistiu do contrato, mas não obteve êxito.
Na última sexta-feira a Secretaria das Cidades lançou um pregão (espécie de licitação eletrônica, rápida) para escolher uma nova empresa que irá assumir apenas a manutenção do contorno urbano da rodovia. O contrato da futura vencedora terá duração de apenas 24 meses, período que permanecerá responsável por dar uma arrumada na degradante situação da BR, repleta de buracos nos 30 quilômetros do contorno urbano. “Como não conseguimos convencer a segunda colocada a assumir o contrato, tivemos que fazer uso do pregão, uma solução às pressas, para conseguir amenizar os problemas da BR. O projeto de requalificação, infelizmente, terá que ser submetido a uma nova concorrência pública. Não era o que queríamos, mas foi o possível de ser feito, já que a Mendes Júnior assumiu não ter condições de tocar o projeto”, explicou o secretário das Cidades, André de Paula. A Mendes Júnior está sob investigação da Operação Lava Jato.
A previsão do secretário é que a nova licitação do projeto de requalificação seja lançada em 60 dias. A partir daí é preciso considerar o prazo estimado de três meses para que o processo seja finalizado e a futura vencedora homologada para ser dada a ordem de serviço. Com certeza, é uma ação para o fim do ano e, mesmo assim, contando com a sorte. “Estamos aproveitando para, nesses 60 dias, fazer algumas correções no projeto de requalificação”, disse.
O contorno urbano da BR-101 no Grande Recife tem mais de 30 anos de construído e problemas tão profundos que a manutenção já não os resolve. É preciso requalificar o trecho, trocando todas as placas de concreto hoje escondidas sob camadas de asfalto jogadas no improviso, e construindo passarelas, alças e contornos, como o previsto para passar por fora de Abreu e Lima. Pelo contorno circulam até 58 mil veículos por dia, sendo 20% caminhões. O projeto de manutenção e requalificação estava orçado em R$ 216 milhões (recursos federais). O governo do Pernambuco fez um convênio com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) para assumir a responsabilidade sobre a rodovia.
Foto: JC Imagem
CORREDOR DE BRT SERÁ ENGAVETADO
Além de ter menos do que o prometido, motoristas e passageiros de ônibus que trafegam pelo contorno urbano da BR-101 têm outra notícia ruim para lamentar: a implantação do terceiro corredor de BRT (Bus Rapid Transit) pernambucano prometido ainda na primeira gestão do ex-governador Eduardo Campos será engavetado por enquanto. O corredor não fazia parte do pacote de manutenção e requalificação da rodovia, mas estava prometido para virar realidade na sequência. Agora, não há qualquer previsão.
“Infelizmente não temos como dar qualquer perspectiva para que o projeto volte a ser discutido. Tivemos essa situação imprevista com a Construtora Mendes Júnior e estamos centrando todos os esforços em fazer a manutenção da rodovia e licitar novamente o projeto de requalificação”, argumentou o secretário das Cidades, André de Paula. A implantação do corredor de BRT, inclusive, atrasou o projeto de requalificação do contorno da BR-101, que ficou sob elaboração do Dnit por mais de quatro anos, sem sair do papel.
O projeto previa um corredor de BRT interligando o Terminal Integrado de Abreu e Lima ao TI de Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes. Ao todo, seriam 38 estações de embarque e desembarque no canteiro central, passarelas para pedestres, além de 27 viadutos, pontes e elevados. Também estava prevista a reconstrução do TI da Macaxeira, hoje totalmente saturado e sem espaço para ser expandido, e até a implantação de ciclovias na BR-101.
O corredor prometido tinha trechos em que seria elevado, com estações sobre os viadutos. Era o caso da área entre a Iputinga e a Cidade Universitária, na Zona Oeste do Recife. Previa, ainda, interligação modal com vias urbanas importantes da cidade, como as Avenidas Caxangá, Norte, Recife e Abdias de Carvalho.
Veja, no vídeo abaixo, a situação degradante do contorno urbano da BR-101
