Motoristas não poderão atuar como cobradores... no Rio de Janeiro

Publicado em 24/11/2017 às 17:35 | Atualizado em 13/07/2018 às 11:19
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  No Grande Recife, 32 linhas de ônibus operam sem cobrador, mas processo foi suspenso pelo governador e até hoje nunca foi proposto o modelo de dupla função para o motorista. Foto: Roberta Soares   A Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou nesta quinta-feira (23/11) projeto que proíbe a dupla função de motoristas nos ônibus. Ou seja, que o condutor, além de dirigir, também faça a cobrança das passagens. O modelo, adotado em algumas linhas de baixa demanda da capital fluminense, por sorte não chegou ao sistema da Região Metropolitana do Recife. Por aqui, o que aconteceu foi a retirada dos cobradores e o uso exclusivo do pagamento eletrônico nos coletivos que perderam o profissional. O processo, inclusive, foi suspenso pelo governador de Pernambuco, Paulo Câmara, porque ganhou uma celeridade sem que a rede de vendas dos créditos e cartões do VEM acompanhassem o ritmo. Em um único mês, 25 linhas ficaram sem o profisisonal. No total, são 32 que operam na RMR sem os cobradores. No Rio, a aprovação pelo fim do modelo foi esmagadora: 40 votos favoráveis, um contrário e oito abstenções. Ou seja, mostra que, de fato, exigir que o motorista de ônibus dirija e ainda receba o pagamento das passagens é algo sacrificante para os profissionais e que compromete a operação - geralmente retardando os embarques e, consequentemente, atrasando as viagens. LEIA MAIS Linhas de ônibus sem cobrador estão perdendo passageiros na RMR Governador Paulo Câmara suspende retirada dos cobradores de ônibus MPPE está de olho na retirada dos cobradores dos ônibus MPPE discute retirada dos cobradores dos ônibus dia 17/4 Redução do valor da passagem para compensar retirada de cobradores dos ônibus. Que tal? Um olhar especial sobre as mulheres no transporte coletivo O projeto é do vereador Reimont, do PT, e agora segue para sanção ou veto do prefeito Marcelo Crivella, que tem 15 dias para dar a decisão. O entendimento do parlamentar é de que, se as empresas implantarem sistema de biometria para evitar fraudes no uso das gratuidades e 100% dos passageiros usarem o cartão de transporte, não haverá necessidade dos cobradores, caso contrário, estes profissionais deverão ser contratados ou recontratados. A medida significa, na prática, o quarto revés da Rio Ônibus em 2017. No começo do ano, a prefeitura do Rio impediu o reajuste das passagens, alegando que o sindicato das empresas rodoviárias do município descumpriu o compromisso de climatização da frota. Além disso, a Justiça do Rio determinou a redução da tarifa em R$ 0,20 duas vezes este ano, com o preço da passagem caindo de R$ 3,80 para R$ 3,40 nos últimos meses. Em nota, o Rio Ônibus, sindicato que reúne as empresas, criticou a decisão. "O Rio Ônibus considera mais um retrocesso a decisão da Câmara Municipal do Rio de Janeiro sobre a volta dos cobradores aos ônibus da capital, indo contra o movimento da sociedade por transparência. A medida ignora que todos os ônibus do Rio têm bilhetagem eletrônica (a exemplo de outras grandes cidades do mundo) e que o Supremo Tribunal Federal (STF) já ratificou decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) considerando as funções de motorista e cobrador compatíveis entre si", diz a nota. O Rio Ônibus lembra, ainda, que neste momento de crise econômica no sistema municipal de ônibus, em decorrência da defasagem na tarifa, a entidade está preocupada em preservar o emprego dos 40 mil trabalhadores do setor. "Atualmente, mais de 70% das transações nos ônibus municipais são feitas com cartões RioCard e a cobrança da passagem pelo motorista só acontece nas linhas com pelo menos 70% dos pagamentos feitos eletronicamente, conforme autorização da Secretaria Municipal de Transportes". A bilhetagem eletrônica, de fato, é mais prática para o passageiro porque agiliza o embarque, ajuda a combater fraudes no uso de benefícios e reduz a circulação de dinheiro em espécie nos ônibus. Além disso, são os dados de bilhetagem eletrônica, enviados periodicamente à Secretaria Municipal de Transportes do Rio, que informam o número de usuários do sistema municipal de ônibus. Mas, de fato, é sacrificante ver motoristas atuando também como cobradores e tendo que passar troco para os passageiros. Mesmo com o modelo sendo implantado em linhas que têm a predominância do pagamento eletrônico, atrasa a viagem.

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