Segundo trecho da Ciclofaixa Boa Vista é implantado no Recife

Publicado em 27/12/2019 às 7:20 | Atualizado em 08/05/2020 às 14:21
Fotos: Brenda Alcântara/JC Imagem
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Novo trecho tem apenas 1,6 quilômetros e se conecta com os 400 metros do equipamento implantado na Rua da Aurora. Fotos: Brenda Alcântara/JC Imagem  

 

O Recife ganha mais um trecho de ciclofaixa. Dessa vez, é mais 1,6 quilômetro da chamada Ciclofaixa Boa Vista, rota projetada pela Prefeitura do Recife para compensar a ausência de estrutura para bicicletas na Avenida Conde da Boa Vista, corredor que está sendo requalificado sem a implantação de ciclovia, como previsto no Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana do Recife (PDC). Somada aos 400 metros que tinham sido implantados pela prefeitura em outubro, a nova etapa da rota chega a dois quilômetros. No total, a Ciclofaixa Boa Vista deverá ter dez quilômetros.

A nova rota tem início na Rua João Fernandes Vieira, na altura da Rua Joaquim Felipe, e segue pela Rua Oliveira Lima (onde fica a sede da Empresa de Urbanização do Recife – URB), Rua do Riachuelo, até a Rua da Aurora, onde já tinha sido implantado um trecho de 400 metros ligando a Conde da Boa Vista ao Eixo Cicloviário Camilo Simões (às margens do Rio Capibaribe). A ciclofaixa é bidirecional (sentido duplo) e, na altura da Rua do Riachuelo vira ciclorrota, ou seja, o ciclista passa a dividir o espaço com o tráfego de veículos, que deverão desenvolver 30 km/h.

Segundo a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), as duas etapas da Ciclofaixa Boa Vista se conectam ao Eixo Cicloviário Camilo Simões (5,1 km), que se liga à Rota Graça Araújo (4,2 km), Rota Santo Amaro (6,2 km) e à Ciclofaixa Avenida Norte (1,47 km). Juntos, os equipamentos somam 19 quilômetros de rotas cicláveis interligadas no Centro do Recife. Os outros oito quilômetros da Rota Boa Vista ainda não têm data para serem implantados, mas devem sair do papel no próximo ano.  

 

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Fotos: Brenda Alcântara/JC Imagem
BA261219024 - Fotos: Brenda Alcântara/JC Imagem

A prefeitura garante que, com a nova rota, o Recife passou a contar com 103 km de malha cicloviária, o que representa uma expansão de 330% em relação a 2013, quando havia 24 km. A Associação Metropolitana de Ciclistas (Ameciclo) avaliou como positiva a ampliação da malha ciclável da cidade, mas fez ponderações à nova rota sob o aspecto de segurança dos ciclistas. Confira as observações feitas pela Ameciclo:

“Novas ciclofaixas são bem vindas numa cidade carente de estruturas cicloviárias. Nota-se também que há um aumento na velocidade de implantação e mudanças na tipologia, estando bem melhor sinalizadas com pintura vermelha completa, o que ajuda distinguir a área reservada para o trânsito de ciclista. No entanto, as ciclofaixas continuam cheias de erros técnicos e baixo nível de proteção à invasão, o que aumenta os riscos para quem pedala.

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Exemplos:

* Os taxões não são suficientes para impedir a invasão da estrutura, necessitando balizadores e prismas;

* A ciclofaixa é bidirecional e está implantada do lado direito das vias, dificultando a visão de quem a cruza e sendo colocada no local onde existem mais conversões dos motoristas;

* Quem trafega no sentido contrário da via chega ao término da estrutura sendo colocado numa perigosa contramão;

* Na frente da URB, há duas curvas repentinas que dificultam a pedalada e geram riscos a quem pedala;

* A ciclorrota numa via onde tem BRT (no caso da Rua do Riachuelo) e carros estacionados ao longo da via são exemplos de covardia em se tirar espaço dos motorizados e ainda geram uma situação de compartilhamento com motoristas de motos, carros, ônibus e BRTs, que a própria prefeitura não permitia pouco tempo atrás;

* Além da sinalização de velocidade horizontal, não há nenhuma estrutura que dificulte os motoristas a romperem a barreira da velocidade. Um descaso com a segurança das pessoas.  

 

Esses erros poderiam ser corrigidos se houvesse escuta especializada ainda na fase de projeto. Por fim, e mais importante, nenhuma das novas estruturas está sendo colocada nos locais de maior necessidade de estrutura de proteção (locais onde a velocidade máxima permitida é alta e/ou o volume de veículos motorizados é grande).

Continuamos sem ciclovias nas Avenidas Conde da Boa Vista, Agamenon Magalhães, Abdias de Carvalho, Mascarenhas de Moraes, Caxangá... Em outras palavras, ao colocar a estrutura na paralela da Conde da Boa Vista não está sendo solucionado o problema da violência que quem pedala sofre na via, onde as pessoas continuarão utilizando a bicicleta sem a devida e prioritária proteção”.

Ameciclo alerta que quem trafega no sentido contrário da Rua Fernandes Vieira, por exemplo, chega ao término da estrutura sendo colocado numa perigosa contramão. Foto: Ameciclo

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