A plataforma de transporte individual e remunerado de passageiros, Uber, deu os primeiros passos para contribuir com dados estatísticos que ajudem no planejamento e operação do trânsito da Região Metropolitana do Recife. E para confirmar o que muitos sabem: os congestionamentos tomam o tempo das pessoas. Com base nos dados das viagens mediadas pela plataforma, um indicador foi desenvolvido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da Universidade de São Paulo (USP), para acompanhar a evolução dos congestionamentos no Grande Recife nos últimos três anos. E constatou, nesse período, que a Zona Oeste da capital é a região mais congestionada do Recife e que o morador da RMR leva quase 15 minutos a mais em seus deslocamentos devido aos congestionamentos frequentes.

Confira o estudo aqui

De forma geral, o índice revela o quanto as retenções no sistema viário deixaram os deslocamentos mais demorados, numa comparação com o tempo gasto caso o tráfego fosse livre. A RMR apresentou um índice de congestionamento médio de 57,1% entre julho de 2017 e junho de 2019. Ou seja, significa dizer que, nesse período, as viagens motorizadas demoraram em média 57,1% a mais do que o esperado caso os congestionamentos não acontecessem. Os moradores do Recife que circulam de carro perderam, em média, 14 minutos e 8 segundos por viagem devido à lentidão nas avenidas e ruas.

“O tempo médio das viagens na RMR foi de 28 minutos e 45 segundos, mas poderia ter sido 14,8 minutos menor se não fossem os congestionamentos. Podemos dizer que esse tempo, quase 15 minutos, é o custo da lentidão do trânsito por dia e por pessoa na RMR. É o tempo extra que a população leva. No caso da Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo, esse tempo extra foi de 24 minutos por pessoa entre 2016 e 2018, quando realizamos o primeiro estudo do tipo no Brasil”, explica Eduardo Haddad, coordenador do estudo da Fipe e professor titular do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP).

Por outro lado, a pesquisa identificou uma redução de quase dez pontos percentuais no tempo perdido com os congestionamentos. O índice de 61,9%, registrado entre junho de 2017 e junho de 2018, caiu para 52,2% entre julho de 2018 e junho de 2019. “O estudo é uma ferramenta que, utilizada da forma adequada, poderá auxiliar no planejamento urbano das regiões metropolitanas e em diferentes intervenções urbanas. Nós trazemos os índices por áreas, anos, meses, dias e até horários. Ou seja, o poder público em geral pode consultar e planejar estratégias de mobilidade, por exemplo”, reforça o pesquisador.

A pesquisa considerou, além dos deslocamentos feitos a partir da plataforma Uber, os dados da Pesquisa de Origem e Destino (OD) da RMR, realizada de forma online, em 2018, pelo Instituto da Cidade Pelópidas Silveira (ICPS), órgão planejador do Recife. Ainda não há uma previsão, mas os índices da RMR deverão estar disponíveis na Uber Movement, plataforma que reúne dados de mobilidade urbana de diversas cidades do mundo. No Brasil, até então apenas a cidade de São Paulo fazia parte. A Fipe é um órgão de apoio institucional ao Departamento de Economia da FEA/USP.

“Ao apoiar a realização desse estudo em Recife, nós queremos oferecer mais ferramentas para auxiliar o poder público na análise do comportamento do tráfego da cidade. Os dados fornecidos pela pesquisa têm também como função ser uma fonte de informação para a tomada de decisão sobre o planejamento das políticas de mobilidade na capital pernambucana", afirma Marcelo Matos, gerente de comunicação da Uber.