Você sabe o que são rodovias que perdoam?
Uma rodovia que perdoa é aquela que tem infraestrutura pensada para prevenir ou minimizar grande parte dos sinistros de trânsito
As rodovias precisam ter mais do que asfalto e sinalização. Precisam perdoar os erros dos motoristas e, assim, evitar mortes ou lesões graves. Você sabia disso? Já ouviu falar de rodovias que perdoam? O conceito é simples e relativamente barato para os efeitos que proporciona: Uma rodovia que perdoa é aquela que tem infraestrutura pensada para prevenir ou minimizar grande parte dos sinistros de trânsito. E, além de salvar vidas, ela é relativamente barata. Com meio bilhão de reais seria possível intervir em todos os trechos críticos de sinistros da malha rodoviária federal, segundo estudo do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV).
CONFIRA O ESPECIAL DESCAMINHOS
E a adoção do conceito é urgente no País, onde 48,6% da extensão das rodovias federais não contam com dispositivos de segurança viária, embora fossem necessários devido aos índices de colisões, óbitos e ferimentos registrados neles. Os dados são da Associação Brasileira de Segurança Viária (Absev), que também alerta para a violência no trânsito brasileiro: 40 mil pessoas mortas e outras 350 mil inválidas permanentemente por ano. Custo que representa de 1% a 3% do PIB do País. Em 2020, os eventos de trânsito nas rodovias federais brasileiras corresponderam a R$ 10,2 bilhões, segundo a Confederação Nacional de Transportes (CNT). E, nesse mesmo ano e também de acordo com a CNT, a União investiu em adequação e manutenção das rodovias, no País, apenas R$ 6,7 bilhões.
Outras razões são apontadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Já em 2016, a entidade indicava que os dispositivos de contenção poderiam salvar mais de 66 mil vidas e evitar 800 mil lesões graves por ano no mundo. Seriam capazes, ainda, de fazer com que mais de 20 mil eventos de trânsito provocados por desatenção dos motoristas resultassem apenas em danos materiais. E tudo isso com soluções simples e de fácil adoção. Alguns exemplos de dispositivos que ampliam a segurança viária das rodovias são canteiros centrais fictícios, defensas contínuas, balizadores centrais, sonorizadores, telas e áreas de escape, entre outros.
O conceito de rodovias que perdoam força a uma evolução em nossa cultura rodoviária, fazendo-a ir além da visão de mobilidade, que significa pensar na duplicação de pistas, em contornos urbanos, no conforto e na fluidez do percurso. É preciso mais. Busca implementar prioritariamente a segurança viária visando a preservação da vida e a integridade física de todos os usuários. A meta é reduzir a letalidade dos eventos de trânsito. Fazer com que veículos descontrolados - independentemente da causa - encontrem uma rodovia projetada para reduzir a gravidade das colisões. Necessário num contexto em que é o erro humano quem provoca mais de 80% dos sinistros de trânsito no mundo.
FORÇA
“Rodovias que perdoam” faz parte do Plano Setorial de Transportes Terrestres (PSTT) e, há duas semanas, ganhou um grande impulso com a criação da Política de Modernização da Infraestrutura Federal de Transporte Rodoviário (Inov@BR), já qualificada pelo Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência (PPI). O objetivo é a modernização e a garantia da segurança e eficiência logística das rodovias federais, concedidas ou não à iniciativa privada. “Este programa vai trazer inovações para nossas rodovias. Vamos levar a segurança viária, a fluidez e a tecnologia como nossos pilares da modernização. É um projeto que vai garantir as ferramentas necessárias para melhorar a competitividade, assegurar a qualidade na infraestrutura e promover a segurança de todos”, afirmou o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, no dia do lançamento.
O programa, voltado para rodovias concedidas e para as administradas pelo Departamento de Infraestrutura de Transportes (DNIT), está em consonância com a Política Nacional de Transportes (PNT) e com o Plano Setorial de Transportes Terrestres (PSTT), coordenados pelo MInfra. A promessa do governo federal é que sejam realizados investimentos em novas sinalizações, em monitoramento das vias, na conectividade (wi-fi e cobertura de celular nas rodovias), na implantação do free flow, além de aprimorar a pesagem veicular e a integração do DNIT e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O programa trará a modernização junto com o incentivo para uso da TAG dos pedágios e técnicas sustentáveis para melhorar a qualidade do meio ambiente. Um projeto-piloto está para ser iniciado na próxima concessão de rodovias do Paraná, no Sul do País.